Verão, férias e saúde mental?

O verão e a temporada de férias chegaram e muito se fala sobre os benefícios da exposição solar para a saúde humana, principalmente sobre os níveis adequados de Vitamina D. Mas você já ouviu falar da importância dessa vitamina para o equilíbrio do funcionamento cerebral e por consequência da saúde mental?

Antes de conversarmos sobre a relação dessa vitamina (hoje, já considerada um hormônio) com a saúde mental vamos relembrar rapidamente os benefícios para o organismo como: absorção de cálcio e manutenção da saúde dos ossos, desempenho correto dos músculos, melhora do sistema imunológico e manutenção da comunicação cérebro – corpo. Mas, calma! Existem tipos diferentes dessa vitamina e dentre elas, a mais eficiente para nosso organismo é a famosa D3 que pode ser encontrada em animais e na exposição solar (mas, esse benefício não significa que você deve ficar exposto ao sol sem controle e cuidados e que essa ação benéfica depende da sua capacidade de absorção e metabolismo correto). Agora que relembramos alguns pontos importantes dessa vitamina (ou hormônio), podemos continuar nossa conversa sobre saúde mental. Essa relação é apontada por muitos estudos e fica claro que a carência de vitamina D e os níveis elevados de cálcio
citoplasmático podem estar relacionados ao início ou agravamento dos quadros depressivos. Esse desequilíbrio bioquímico pode ocorrer em caso de excesso de atividade glutamatérgica e diminuição de vitamina D que compromete a função mitocondrial gerando estresse oxidativo, reduzindo assim, a síntese de ATP (energia) e alterando a homeostase do Ca2+.

Diante dessa constatação, podemos compreender que a Vitamina D tem a capacidade de diminuir a inflamação, de manter os níveis ideais de serotonina (neurotransmissor relacionado à resiliência ao estresse) e permitir uma transcrição gênica que irá garantir que as atividades neuronais se mantenham equilibradas, prevenindo dessa forma, os quadros depressivos.

É importante mencionarmos também a importância da verificação dessa vitamina nos pacientes que apresentam transtornos afetivos, depressão e bipolaridade – mas, atenção: a abordagem terapêutica com vitamina D não está relacionada apenas aos níveis séricos e que ela também eleva a absorção intestinal de cálcio e sua reabsorção no rim, por isso, também devemos utilizar a terapêutica da vitamina K2 e da vitamina A (já que os receptores estão relacionados).

Assim, podemos validar que essa abordagem terapêutica melhora a resposta na escala de Hamilton (uma das escalas mais utilizadas na presença ou não de depressão), e que a ação dela está relacionada a múltiplos fatores como: aceleração da enzima triptofano hidroxilase II (relacionada à síntese de serotonina), redução da neuroinflamação (alterando a síntese
de serotonina e iniciando ou perpetuando doenças neurodegenerativas) e impedimento do aumento de cálcio intraneuronal que pode resultar em estresse oxidativo mitocondrial e queda de ATP – esse desarranjo além de diminuir o principal neurotransmissor da resiliência ao estresse e bem-estar também reduz a síntese de melatonina (que não está ligada apenas
ao sono, mas também à eficiência de recuperação do organismo e principalmente, sendo a grande maestra hormonal do nosso sistema). Portanto, concluímos que a Vitamina D atua como antioxidante e anti-inflamatória e que esses aspectos estão diretamente relacionados ao início ou agravamento dos desequilíbrios que impedem a manutenção da tão desejada
saúde mental.

Ah! Antes de terminarmos nossa conversa, preciso lhe perguntar: você sabe como está o seu nível de Vitamina D?

Por Marcos Pereta
Psicoterapeuta com pós-graduação em Nutrição Clínica Ortomolecular, pós-graduação em Neurociência e especialização em Teoria da Inteligência Multifocal e Gestão da Emoção.
@m.pereta
www.mpereta.com.br

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