Você sabe o que é depressão?

Talvez você não saiba, mas o transtorno depressivo é a quarta doença mais comum na sociedade e um terço da população que recorre à ajuda psiquiátrica apresenta episódios deprimidos, sendo que em países desenvolvidos a possibilidade de desenvolvimento desse quadro é de uma em cada cinco pessoas e nos países pobres esse valor é bem maior. Esse quadro fica mais alarmante quando observamos os estudos que apresentam a estimativa de que 15% da população mundial irá apresentar em algum momento da vida episódios depressivos, sendo mais frequente em adultos, principalmente em
mulheres (não sendo exclusividade desse grupo) e que, em muitos casos, a depressão surge na adolescência e desenvolve-se de forma crônica (dificultando a remissão e o tratamento) durante a vida do individuo, surgindo normalmente a partir dos vinte anos de idade.

Para que você possa iniciar sua compreensão sobre a tão falada depressão, é importante salientar que não existe apenas uma “depressão”, mas sim transtornos depressivos, sendo esses classificados pelo DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição – American Psychiatric Association). Nesse manual, os transtornos depressivos são
classificados como: transtorno disruptivo da desregulação do humor (até doze anos de idade); transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior); transtorno depressivo persistente (distimia); transtorno disfórico pré-menstrual; transtorno depressivo induzido por substância/medicamento; transtorno depressivo devido à outra condição médica; transtorno depressivo especificado; transtorno depressivo não especificado.

Entretanto, compreenda que a semelhança entre esses transtornos envolve a identificação de humor triste, sentimento de vazio ou irritabilidade e somatizações (físicas) e cognitivas que impactam diretamente a vida e o comportamento do indivíduo. Já a diferença entre eles envolve a duração, as causas e o momento do desenvolvimento. Porém, dentre esses transtornos, o mais comentado é o transtorno depressivo maior que pode ser identificado (episódios) a partir de no mínimo duas semanas de duração e que envolve: alterações no afeto; alterações na cognição; alterações nas funções neurovegetativas (funções do sistema nervoso autônomo); remissões interepisódicas; culpa; pessimismo; tristeza; anedonia; pensamento de morte ou ideação suicida (com ou sem tentativa).

É preciso ainda compreender que as emoções afetam diretamente o fisiológico (taquicardia, taquipneia, sudorese, mãos frias, tremores, alterações digestivas) e mental (cognição, afeto, conação – tomar atitude). Nesse contexto, o quadro depressivo aumenta o risco de: aterosclerose; doença cardíaca; hipertensão arterial; acidente vascular cerebral; declínio cognitivo; demência; deficiências imunológicas; distúrbios metabólicos; diabetes tipo II.

Diante dessas possibilidades de identificação, é importante diferenciar melancolia, tristeza e o luto (naturais durante a vida) do episódio depressivo maior – já que quando esses sintomas e episódios ocorrem simultaneamente, os prejuízos são mais graves no dia a dia do indivíduo (que somente entra nesse quadro se apresentar fatores de vulnerabilidade anteriores). Porém, quando o desequilíbrio do humor se torna contínuo (mínimo de dois anos em adultos e um ano em crianças) a depressão se torna crônica e passa a ser denominada de transtorno depressivo persistente (distimia). Existem ainda, como mencionados anteriormente: transtorno disfórico pré-menstrual (com início após a ovulação e remissão após a menstruação), transtorno depressivo induzido por substância/medicamento (resultado dos efeitos de algumas substâncias de abuso e/ou medicamentos), transtorno depressivo devido à outra condição médica (um quadro resultante de desequilíbrios de vários sistemas do organismo humano, muitas vezes, ignorados durante o tratamento). Assim,
quando falamos “depressão”, precisamos realizar uma investigação detalhada sobre esse quadro para que o tratamento seja o mais adequado para a particularidade e para cada fase da vida do indivíduo.

Por Marcos Pereta
Psicoterapeuta com pós-graduação em Nutrição Clínica Ortomolecular, pós-graduação em Neurociência e especialização em Teoria da Inteligência Multifocal e Gestão da Emoção
@m.pereta
www.mpereta.com.br

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