O Peso da Decisão

Você já parou para pensar o quanto uma simples decisão pode impactar sua vida, suas emoções e até mesmo seu organismo? Pois é, muitas vezes não paramos para refletir sobre esses impactos e apenas agimos pelos impulsos.

Primeiro, é válido compreender que toda decisão nos impõe a obrigatoriedade de jogar algo fora – assim como nossa mãe já nos falava, não conseguimos ter tudo ao mesmo tempo e quando tentamos, algo não sai como esperado. Dessa forma, precisamos nos tornar protagonistas da nossa vida e aprender a aplicar diariamente a gestão das nossas emoções para que nossas ações se tornem mais conscientes e dignas do nosso propósito de vida. E, talvez, esse seja um ponto importante em nossa existência – será que realmente sabemos qual é o nosso propósito na vida, aquilo que enche nosso coração de alegria e determinação e que satisfaz nossos desejos mais íntimos?

É comum em nossa sociedade encontrar pessoas “perdidas” na meia-idade ou mesmo com um grande sentimento de vazio existencial. Muitas pessoas foram ensinadas desde pequenas que não podem escolher a vida que sonham, que o determinismo do destino é imperativo em suas vidas. Mas, será que o destino não é um complexo conjunto de escolhas? Será que essas escolhas são, ao mesmo tempo, conscientes e inconscientes? Será que nossas ações não estão vinculadas aos nossos aprendizados desde pequenos?

É justamente nesse ponto que conseguimos identificar as possíveis consequências de nossas decisões para nossa vida – sejam elas emocionais, comportamentais e bioquímicas. Quando tomamos consciência de tudo o que foi nos ensinado desde pequenos, conseguimos encontrar explicações para os nossos sentimentos ao tomar as várias decisões em nossa vida. Mas, antes de prosseguir com essa linha reflexiva, preciso relembrar você da síntese do funcionamento mental. Lembra que já conversamos que todo o movimento da mente tem início nos pensamentos? E que deles derivam as emoções e posteriormente os comportamentos? Se utilizarmos essa teoria explicativa, podemos compreender que toda a nossa existência tem sua origem no padrão de imagens de repetição que povoam nossa mente. E se esses pensamentos estão ligados às nossas experiências desde tenra idade, já conseguimos enxergar o quanto estamos reproduzindo histórias e “determinações” de outras pessoas – principalmente, daquelas que exerceram algum tipo de autoridade em nossa vida.

Quantas vezes nos culpamos por determinadas escolhas? Quantas vezes nos deixamos afetar pelas incoerências de outras pessoas ao nos acusarem ou por nos julgarem sem realmente conhecerem nossas necessidades ou desafios? Quantas vezes nos tornamos vítimas de pessoas e situações tóxicas e ainda nos culpamos por nossos sentimentos? Agora, imagine que todas as emoções envolvidas nessas experiências estão ligadas a determinadas substâncias no nosso organismo. Medo, raiva, culpa desencadeiam um intenso processo inflamatório em nosso corpo pela terrível cascata desequilibrada de cortisol, adrenalina, norepinefrina e ainda pela redução de dopamina, serotonina e de outras substâncias importantes para a saúde integral.

E muito desse movimento bioquímico desequilibrado também está relacionado ao padrão de pensamentos que estamos apresentando nos últimos anos. Acredite: o mundo externo e concreto tem seu início no mundo imaginativo, ou seja, nos seus pensamentos. São eles os responsáveis pela qualidade emocional e comportamental de nossa vida. Você já reclamou ou viu alguém reclamando de ciclos intermináveis em suas vidas? Então, se tudo começa nos pensamentos, será que esse destino impiedoso não está sendo gerado pela própria pessoa? Só não podemos esquecer que muitas situações em nossas vidas também podem ocorrer pelas ações de outras pessoas, mas ainda estão sob nossa responsabilidade (se tornar vítima ou utilizar essa experiência como aprendizado). Cuidado com a abertura de sua vida para o mundo e, principalmente, cuidado para quem você entrega o seu livro da vida para leitura! Mesmo que você diga que a culpa é do outro pelo seu estresse, pela péssima qualidade de trabalho, pela dificuldade financeira, você ainda estará mentindo para você mesmo. A escolha sempre será nossa, mesmo que seja mais fácil viver uma cultura de terceirização.

E mesmo que as pessoas te acusem, te maltratem ou te julguem por suas decisões de se tornar autônomo e protagonista da própria existência, se mantenha firme e com a cabeça erguida. Essas pessoas julgam aquilo que não conhecem ou apenas ouviram uma parte da história. Elas julgam o próprio reflexo e se irritam ao ver outras pessoas saindo da caverna. Você não conhece o Mito da Caverna de Platão? Claro que não vou lhe dar um spoiler dessa narrativa histórica é importantíssima, mas só quero compartilhar com você uma pequena reflexão a partir dela: quando tomamos a decisão de ser livre, protagonista e proprietário da própria vida (se livrando das correntes psicológicas e de relacionamentos interpessoais tóxicos) sempre iremos receber críticas e julgamentos daqueles que ainda estão presos na caverna e não se permitem (ou não estão prontos) também ser tornarem livres e conscientes da vida – apenas julgam as coisas pelas sombras que veem através de recortes e frações pequenas da vida dos outros e da própria vida.

E agora que conversamos bastante sobre os possíveis pesos das decisões, eu reafirmo para você: toda decisão irá nos impor a retirada de algo em nossa vida. Mas, se deixarmos que as conclusões das outras pessoas ditem o padrão de nossos pensamentos, de nossas emoções e de nossos comportamentos, ainda estamos presos na caverna das ilusões. Ainda estaremos permitindo que nosso organismo viva um intenso desequilíbrio bioquímico gerado pelas incoerências psicológicas e emocionais. Portanto, o primeiro passo para ser livre e viver de forma plena suas próprias decisões é seguir um ensino muito antigo: “Orai e Vigiai” – vigie seus pensamentos para que suas emoções possam gerar comportamentos dignos para seu bem-estar e sua qualidade de vida. A oração que traz o verbo (ação) em sua estrutura e que está diretamente atrelado à qualidade de seus pensamentos precisa ser escrita por você e mais ninguém.

Por Marcos Pereta
Psicoterapeuta com pós-graduação em Nutrição Clínica Ortomolecular, pós-graduação em Neurociência e especialização em Teoria da Inteligência Multifocal e Gestão da Emoção.
@m.pereta
www.mpereta.com.br

** Este texto não necessariamente reflete, a opinião deste portal de noticias