O Louco e o Ladrão

E m um tempo muito distante, havia um povoado composto por loucos e ladrões. Todos viviam “harmoniosamente” bem, e o governo desse povoado se dividia entre períodos governados por loucos e
outros por ladrões. No período governado pelos ladrões tudo era encoberto com a ajuda dos meios
de comunicação que eram favorecidos por contratos polpudos e de longa duração, outros eram os
“artistas”, sobretudo, aqueles sem composições nas paradas de sucesso, desconhecidos da população mais jovem e também os “atletas” contemplados com a lei “roubanei”. Nesse tempo de mansidão, todos eram felizes e contentes. Em verdade, nesse período, muitos dos ladrões assumiram uma
escalada vertiginosa de sucesso, algo invejável os olhos daquela população. Havia até um dos ladrões
que se tornou um autêntico alquimista, pois conseguiu a fórmula mágica em transformar fezes de
elefante em dinheiro e assim se tornar um milionário. Hoje é um empresário bem-sucedido e esbanja
sua polpuda riqueza com seus entes queridos, apesar de continuar o mesmo manipulador de fezes de
outrora. Esse povoado era um conto de fadas, nele viviam inúmeros personagens: fantasmas, caolho, maneta, empresários, banqueiros, marqueteiros, “pulíticus”, vilões, vendedor de pastéis, paizão, pesadelo, abelha, acelerado, aço, Adoniran, alba, alemão, aliado, coxa, amarelou, amigo, bicuíra,
aquático, Aracajú, aspirina, atleta, avião, chorão, azeitona, laranjas e até anão. Estes últimos tinham
um papel importante naquele povoado, pois cuidavam do orçamento. Todos, apesar de pequenos
em seu tamanho, alcançaram as alturas, além de possuírem habilidade de exímios esgrimistas, pois
desviavam com excelência as emendas parlamentares para as entidades sociais fantasmas. Destarte,
apesar de perfeitos na habilidade em desviar recursos públicos contavam com os seus “amiguchos”
empreiteiros. No quesito competência, os ladrões davam um “banho” de exemplos quando o assunto era manipular valores daquela pobre população. Os personagens se alternavam no poder com o
passar do tempo, entretanto, os ideais permaneciam os mesmos, roubar, roubar e continuar roubando. Desse último parágrafo fui remetido aos doces e verdadeiros adágios contados por minha amada e saudosa avó: “Mudam as moscas, mas a merda é a mesma” (fofo não é?). E nesse banho de beldades e habilidades, surgiu a empresa que literalmente deu um banho no assunto dos ladrões e suas roubalheiras, a empresa “Lava Jato”. Essa foi capitaneada por um louco defensor daquele
povoado, ou como era conhecido: o fiscal da lei. Diante daquele cenário de niilismo moral instalado, este defensor juntou-se com o homem da capa preta e outros aliados e a duras penas conseguiram desbaratar a ciranda dos ladrões. Ao final de toda investigação foram 49 prisões preventivas, 211 prisões temporárias, 981 pessoas denunciadas e 81 personagens dos ladrões condenados por desvio de dinheiro público da população daquele pobre povoado do conto de fadas. Foram cerca de 8 trilhões desviados. Aqui me permito abrir um parêntese para indagar sobre o quanto de pessoas morreram ou deixaram de ter acesso à direitos sociais patrocinados com recursos públicos?! Bem, isso acredito que nem Freud explique. Ainda existem pessoas que firmam cadência em se preocupar com a liberação de armas! Não me canso de afirmar que uma caneta possui um poder muito mais letal diante de qualquer arma de fogo. Retomemos nosso conto. Ao final dessa investigação, cerca de 5 bilhões retornaram aos cofres daquele povoado. O homem da capa preta se tornou um herói ovacionado por toda nação. Diante dessa retirada da cortina de mentiras instaladas pelos ladrões, toda população se viu estarrecida diante deste episódio. Nesse momento, um louco que vivia perambulando pelo congresso nacional decidiu se voluntariar para governar aquele povo “vejam que coisa louca!”. O louco como todos diziam passou a ser referência moral diante do quadro de niilismo e corrupção que havia se instalado. Muitos zombaram do louco, disseram que seria apenas mais um personagem daquele povoado e, no entanto, ele decidiu concorrer ao governo. Seu maior rival, o ladrão “9 dedos” como era conhecido estava enclausurado por ser o arquiteto do maior esquema de corrupção do planeta. Assim o louco conseguiu
ser eleito com 55,13% dos votos válidos daquele povoado e se tornou o primeiro louco racional a
ocupar o cargo antes liderado por ladrões. Com a posse do louco, muitos coniventes com o antigo esquema parasitário se viram fora do eixo e, por perderem suas regalias mantidas pelos ladrões,
todos decidiram juntar-se contra o louco com o intuito de destituí-lo do cargo. Foram inúmeras
tentativas, mas o louco permaneceu firme como se estivesse com uma camisa de força mantida no
garbo e alinhamento moral com o de seu povo. Foram quatro anos no poder do povoado e, nova mente surgiram novas eleições ao cargo mais desejado. Nessa oportunidade o seu rival conseguiu em meio às fortes influências mantidas nas instituições governamentais se livrar solto da condenação ora imposta e mantida nas “três instâncias”. Eis que o ladrão condenado se tornou solto, mas condenado! Agora o ladrão retomou a condição de cidadão legítimo para concorrer com o louco nas eleições deste ano. Como a estória se passa no conto de fadas tudo é possível, não é mesmo?! Com o surgimento do ladrão após o período enclausurado a população daquele lúdico povoado passou a se dividir em dois. Amizades foram desfeitas por conta dos posicionamentos de ambos os candidatos. O ladrão pregava a mentira, a liberação ao aborto, a privação da liberdade de expressão, a censura aos meios de comunicação além de ser forte aliado de povoados dos quais se implantaram ditaturas sob o manto da “democracia”. Do outro lado, o louco mantém firme sua popularidade, apesar de louco, como muitos afirmam ele arrasta multidões ao sair nas ruas, possui comportamento simples, modesto e se alinha moralmente à vida, à religiosidade e à liberdade de expressão. O louco e seus comandados conseguiram emplacar um período de 4 anos sem qualquer notícia factual de corrupção, mais, conseguiu fazer com que estatais tivessem lucro, coisa jamais vista nos últimos 40 anos. A economia está em crescimento maior a muitos outros povoados desenvolvidos, porém, os ladrões distorcem toda essa verdade. O louco é quase um jogador de futebol que se mantem estável nas quatro linhas mesmo diante das tormentas criadas pelo poder diabólico instalado. Nesse cenário de amor e ódio, o povoado do nosso conto de fadas está prestes a escolher o seu novo governante. Muitos estão preocupados, pois detêm a sabedoria de que o voto possui consequências que fará eco nos próximos anos. Com efeito, muitos não sabem, mas estão habitando no mesmo terreno hostil, porém em residências distintas. Cabe ao povo desse conto de fadas decidir se suas residências serão cuidadas nos próximos quatro anos por um louco ou um ladrão!

Por Dr. Émerson Tauyl
Advogado Criminalista, especializado em Direito Militar e Segurança Pública, com escritórios em São Paulo e Praia Grande
@emerson_tauy

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