Sua ansiedade é amiga ou inimiga?

Com certeza você já ouviu falar sobre o aumento da ansiedade nos dias atuais e o quanto ela é perigosa para a saúde do ser humano. Mas, você sabia que ela, além de ser natural, pode ser
positiva? É isso mesmo! Todos nós temos uma ansiedade natural que além de nos proteger
diante da possibilidade de um perigo, também nos colocam em movimento.

Porém, essa ansiedade positiva somente se mantém com aspectos benéficos quando o estresse é resolvido, ou seja, quando o agente que estimulou a liberação de elementos bioquímicos (cortisol; adrenalina) é superado e o cérebro entende essa superação, ele permite a liberação de outros elementos, como por exemplo, a dopamina – que está relacionada ao sentimento de recompensa, prazer e motivação.

Perceba então que o estresse também é importante para o movimento e crescimento contínuo do ser
humano. A grande questão é que nosso sistema de estresse se assemelha ao dos nossos antepassados –
lidamos bioquimicamente igual, mas precisamos entender que nossas lutas diárias são mais complexas.
Antes, o medo estava relacionado à fome e à sobrevivência. Hoje, o não receber curtidas nas redes sociais, o chefe não dar um bom dia, a companheira ou o companheiro não ser tão carinhoso num dia difícil, uma fechada no trânsito, os boletos intermináveis, entre outros fatores diários, desempenham o mesmo efeito sobre nosso organismo e ativam os mesmos mecanismos de defesa do corpo.

Assim, vamos compreendendo que a melhora do quadro de uma ansiedade (e de seus transtornos relacionados) não está atrelada ao afastamento do mundo, a uma questão simplesmente emocional ou mental, ao uso indiscriminado de medicamentos para controle das sinapses cerebrais, mas está sim relacionada a uma nova forma de interpretar a vida. Já diziam os grandes pensadores da história que sem um porquê explicativo, dificilmente iremos suportar o como a vida acontece. E seguindo essa linha de raciocínio, precisamos avaliar a qualidade dos pensamentos que temos e geramos diante das experiências do dia a dia: você tem a tendência de olhar o “copo meio cheio ou meio vazio”?

E como são os pensamentos que geram a emoções a partir das liberações bioquímicas correlacionadas, temos a AUTOresponsabilidade de treinar diariamente nossos pensamentos para que nossas emoções se
transformem e permitam novos comportamentos. Mas, adianto que NÃO É POSSÍVEL NÃO SENTIR! Isso significa que como ser humano, você terá todas as emoções possíveis durante sua jornada aqui
na Terra, mas como você também têm a possibilidade de desenvolver habilidades racionais, você não
precisará ficar refém das influências do meio externo em sua vida.

Perceba que mencionei durante a nossa conversa o termo “desenvolver” e talvez você tenha se perguntado: Mas será que a vida não é uma fatalidade iniciada desde o nascimento? Será que não é o destino o responsável pelo determinismo na minha vida e por isso nada irá mudar? É claro que não! O termo “desenvolver” vem justamente do conceito de TREINAMENTO. Lembra que para aprender a escrever você precisou treinar? Ou para andar de bicicleta? Ou mesmo para andar de forma bípede em torno dos 2 anos de idade?

Se você parar para observar atentamente, irá compreender que toda nossa vida é um eterno treinamento e que cada fase alcançada nos coloca em uma nova jornada de crescimento. Mas. Ok! Até aqui você deve estar se perguntando, mas qual a relação desse treinamento com a ansiedade? E eu lhe respondo: Tudo! Superar a ansiedade (além do tratamento bioquímico) é aprender novos hábitos, novos comportamentos que envolvem desde o simples acordar e dormir até a qualidade dos alimentos e atividades diárias que você ESCOLHE ter e viver.

Dessa forma, para que você aprenda a ter resiliência ao estresse e permitir a sua superação, você
precisa também reaprender a ver e viver a experiências da vida, já que o estresse também é responsável pela criatividade – mas isso é assunto para outra conversa.

Por Marcos Pereta
Psicoterapeuta com pós-graduação em Nutrição Clínica Ortomolecular, pós-graduação em Neurociência e especialização em Teoria da Inteligência Multifocal e Gestão da Emoção.
@m.pereta
www.mpereta.com.br

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