Porque o Jô Soares mudou minha vida e a de muita gente mundo afora

Quando escrevi meu primeiro livro sobre separação lancei ele especialmente no “Programa do Jô” (2009) na TV Globo. Com ajuda da minha amiga Adriana Colin consegui o endereço da casa dele, caprichei na dedicatória e enviei. Ele mesmo leu, gostou e aprovou. Cerca de umas duas semanas após o envio recebi a primeira ligação do programa. E olha que sentar naquele sofá não era fácil: foram 3 seletivas (uma série de entrevistas de mais de uma hora, para aprovação de pauta até agendar a gravação). Da data que enviei o livro, até a noite de exibição foram 8 meses de
espera, ansiedade, gratidão e nervosismo. Ele foi um verdadeiro gentleman: fez piada sobre loira no início do programa e me pediu perdão antes mesmo de me apresentar dizendo que não era nada pessoal e rimos juntos…

Nunca vou me esquecer que, antes de sentar naquele sofá, havia feito uma montagem: peguei uma foto dele com sofá vazio e me coloquei nela e imprimi. Durante vários dias acordei com essa imagem no meu mural porque
estava trabalhando com aquele objetivo. Sabe “O Segredo”, fiz isso, mesmo, o mural dos desejos. Após a gravação, mostrei pra ele a foto, ele a pegou na mão e perguntou porque eu não tinha mostrado isso no ar… Eu disse que ficaria envergonhada porque estava realizando um sonho naquele dia.

Na verdade, realizei dois. O primeiro foi lançar um livro: passei dois anos estudando, entrevistei cem pessoas separadas e tracei perfis de comportamento e lancei uma obra que pode ajudar muitas pessoas. O segundo, você já sabe qual foi. Jô Soares mudou a vida de muita gente, que sentou ou não naquele sofá. Posso dizer que minha trajetória se resume a ser a “menina da cantada do Jô Soares” e a “apenas” jornalista, em antes e depois do programa dele. Até hoje, anos depois, as pessoas lançam “te conheço de algum lugar” e quando comento sobre o livro ou o Jô ou falo algo sobre a entrevista, elas abrem um sorriso: ah, isso mesmo. Depois daquele sofá percebi que
o que eu queria mesmo estava no sangue: usar minhas palavras e o talento em comunicação para ajudar pessoas. E aqui estou eu, estreando minha coluna na Infomente, em homenagem a ele, insuperável, mestre, gigante, imortal…

Quando falo que ele ajudou muita gente, digo em todos os níveis, afinal, quantos de nós não precisavam
estar “na cama com o gordo” para rir, aprender, se divertir ou somente, distrair a mente tão cansada por problemas no dia a dia… Por mais que eu seja uma comunicadora que ama escrever, me faltam palavras agora… Quis homenagear Jô Soares em minha primeira coluna intitulada “Não era pra Ser” que é também o título do meu
segundo livro, que está no forno e também fala de separação no “novo normal”… Como você sempre dizia, meu querido, “fiquem com Deus e beijo da gorda…” Com todo carinho, admiração, reverência, orgulho e pitada de saudade… Pra sempre serei grata e fica em mim a imagem de você sorrindo, porque tinha gravado comigo o último
programa do dia e a gente subindo juntos no elevador, você me deu outro beijo e disse que foi um prazer ter me conhecido… e ainda me defendeu de uma menina na plateia que dizia “não concordar comigo”… “Então fulana, não é porque separou que vai deixar de viver a vida e fechar as pernas”…E a plateia foi a delírio… E eu te agradeci no
elevador, mais uma vez… E você pegou nas minhas mãos frias de nervoso e me deu um beijo e disse “Foi um prazer, querida”… Vai com Deus, mestre!

Por Renata Rode
Renata Rode é jornalista, escritora, assessora, editora da Revista Infomente, produtora da TV Jovem Pan, ariana e mãe, tudo junto e misturado.
@renatamrode

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