O ser humano não nasceu pra ficar sozinho

Calma, não precisa dar chilique sobre a afirmação que o ser humano não nasceu para ficar só. Vou explicar. Na verdade, você pode escolher estar só (não ficar só) e estar bem, mas a verdade mesmo é que, sempre queremos estar perto de alguém, seja para contar como foi o dia, seja para trocar experiências, seja para beijar e ser beijado, seja para amar e até para odiar (vai saber). Não somos seres solitários e isso é bem uma questão, porém fica a pergunta: “sabemos realmente o que buscamos ou vivemos nos enganando com isso?”. Essa indagação me surgiu hoje durante um telefonema com um amigo que acabei de conhecer e está se “curando” de uma separação recente. Apressado, ele logo me disse “não estou buscando nada” e eu o corrigi: “Está sim, estamos fazendo isso o tempo todo”. Até quem começa a sair com uma pessoa, avisa que não quer compromisso sério, se surpreende às vezes com as armações do amor então tudo pode acontecer. O que diferencia as pessoas é a taxa de traumas que elas viveram e há quanto tempo isso aconteceu.

Geralmente, quando somos machucados em uma relação, tendemos a nos fechar para o mundo, numa
espécie de recuperação pós-trauma mesmo, e isso é mais que natural. Mas não podemos ficar assim para tudo, até porque, se cairmos nessa tentação de curtir demais o sofrimento podemos ser presas fáceis para o bichinho da depressão, entre outros problemas. É preciso ter coragem para, após o luto do fim de uma relação, se refazer, se levantar e abrir o peito. Porque é normal que a gente compare as pessoas, os relacionamentos, os momentos, as sensações. O que não podemos fazer é deixar que isso nos abocanhe de maneira avassaladora porque então estaremos vivendo no passado, girando feito baratas tontas na beira do precipício da autodepreciação. É preciso sim, chorar, colocar pra fora, dormir até tarde, ter insônia, ficar de mau humor, se permitir fazer coisas que não fazia antes, deixar de ir à academia, comer um pouco a mais, beber uma dose ou duas ou três… Mas, tudo isso, só durante um tempo curto e de vez em quando. O necessário mesmo é se concentrar em você, nas suas escolhas, em sua nova vida, em sua essência e no presente que é o hoje, preparando o futuro que vai ser melhor. Acredite. Tenha fé que é possível sim encontrar o amor ou um parceiro ideal mesmo que seja momentâneo. As relações existem para que possamos evoluir, nos entregar, experimentar e, um dia, acertar, mesmo que seja pelo menos, por enquanto. Permita-se. E não se puna por isso. Tudo
faz parte do processo e era pra ser, sempre assim.

Por Renata Rode
Renata Rode é jornalista, escritora, assessora, editora da Revista Infomente, produtora da TV Jovem Pan, ariana e mãe, tudo junto e misturado.
@renatamrode

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