O que será da moda em 2022 após a pandemia

Vivemos uma mudança que preza a ecologia e o conforto nas peças

A pandemia mudou o mundo em muita coisa e a moda não ficou de fora disso. Depois de termos nossas vidas viradas de cabeça para baixo, nosso guarda roupa também se transformou, assim como a exigência das pessoas e alguns conceitos. Quando sair de casa não era permitido, nossa moda virou o conforto e a simplicidade e, quem diria, esse cenário se expandiria mesmo depois dos anúncios da vacina. “É claro que as mudanças foram profundas em diversas áreas e haja saúde mental para enfrentar tudo, mas na moda, vivenciamos uma mudança em nossa rotina que nos afetou pra sempre: acordar cedo, olhar para o guarda-roupa e imaginar o que vestir para ir ao trabalho, para aula, para o supermercado, para a academia ou para qualquer lugar, não era mais a rotina diária, a rotina semanal e o olhar para as roupas passou a ter outra importância.  Melhor, não era mais tão importante assim escolher a roupa para sair. A única opção era decidir o que usar dentro de casa, numa situação jamais pensada na possibilidade de acontecer: mostrar a imagem pessoal aparecendo fisicamente com o corpo pela metade para trabalhar no on line. Nossa!!!! Que mudança. E agora? Como será a vestimenta, a moda? Esta precisa ser desmistificada, diferenciada, mais inclusiva, democrática e mais aceitável.  Mais acessível”, explica a tecnóloga e consultora de estilo e imagem Aletta Barreto.

Diante de todo este movimento de introspecção, surgiram questões que já estavam engavetadas lá no íntimo, bem guardadinhas e, que de repente, vieram à tona numa enxurrada emocional que mostrava o consumo desenfreado de coisas, troços e trecos por anos e anos que, no momento atual, não estava sendo de grande valia. “O guarda-roupa lotado, desconectado com a essência, mas, ao mesmo tempo vazio, porque nada ali é conversável com a realidade. Tudo se confundiu: o poder da imagem através das roupas da moda, entulhadas, compradas roboticamente e sem representatividade, para a rotina caseira e profissional, que se misturaram e se uniram repentinamente para uma rotina diferente e sem data de término”.

De acordo com a especialista, levantamos questões bem importantes: As roupas estão alinhadas com qual propósito de vida? Elas representam ou representaram qual momento? Sou eu nestas roupas? Estas perguntas já vinham sendo discutidas, pensadas e analisadas por empresas e consumidores, mas de forma lenta. Sempre apareciam reportagens sobre consumo exacerbado e imagem pessoal sem conexão com o interior, com a vida. “O longo período de isolamento social acelerou este processo do pensamento, ou melhor, conduziu aceleradamente o freio no bolso. E consequentemente o olhar se voltou para o propósito maior: sou amiga das minhas roupas ou elas me hipnotizam e eu vou correndo comprá-las? Eis a questão dos anos de 2020 e 2021”, exemplifica Aletta.

O que ganhamos com essa revolução comportamental? Se resume em uma ou melhor duas palavras: personalidade e conforto. Essa dupla representa a premissa do topo da pirâmide do consumo atual. “O dress code mudou. O armário esvaziou (no sentido pejorativo: este vazio se refere a não afinidade com o que se tem).  A percepção da imagem pessoal mudou. A comunicação não verbal, ou seja, a imagem exposta foi sendo reformulada após a experiência diária via tela do computador. A reforma íntima se conectou mais com o exterior e este se associa com a cultura, com a infância, com a memória afetiva de alguma época, com o amor próprio, com aceitação. E quem faz e mostra a moda sentiu isto: é preciso adotar uma moda mais solidária a realidade mundial”.

Moda é comportamento, é expressão, já que traduzimos nas roupas o sentimento de uma coletividade. Para se sentir bem com o que se usa é importante se reconhecer na vestimenta. E é isto que mudou. “A moda 2020, 2021 e 2022 é um comparativo de pré-guerra, na guerra e pós-guerra. O acelerado, o choque da mudança, a adaptação e o novo batendo a porta para um mundo conectado para a vida, conectado para as pessoas e com elas, sempre, numa versão mais humana, mais empática e mais colorida. Novo jeito de se vestir. Novo jeito de se ver. Novo jeito de se comunicar visualmente. Novo jeito de se sentir acarinhado pela moda”, ensina a tecnóloga.

A moda 2022, respeitosamente abraça todos os corpos, todos os gêneros, todos os costumes, todas as tribos, todos os choros, todos os sorrisos, todas as dores e podemos dizer que a moda abraça a vida. O consumidor está mais crítico, mais consciente, mais sustentável, mais exigente e sintonizado com suas preferências pessoais no quesito roupas e acessórios. Qualidade e custo (justo) são importantes neste momento de brindar a chegada de uma nova fase. A especialista responde à pergunta: O que usar em 2022? “A resposta é simples: o que te deixa feliz, o que te deixa em harmonia com sua mente e corpo, o que te representa. Ao vestir a roupa, se olhe no espelho ou tire uma selfie. Gostou do que viu? Esta é a sua moda. Esta é a moda 2022 para você”.

Mas muita calma nessa hora, é claro que Aletta Barreto também fala de tendências. A consultora separou pra gente as principais informações sobre o que foi mostrado nas passarelas, com toque bem humanizado. Veja só!

Cores: use e abuse se este for seu estilo. Seja em listras, estampas, tie dye ou degradê de uma cor somente. A cor é uma ponte de ligação da autoimagem com o corpo. Ela dita seu humor, comanda as emoções. Cada cor possui características e sensações que são transmitidas na imagem.

Corpo a mostra: Ter uma parte de pele visível é uma aposta para 2022. O corpo aparente resulta em aceitação do que você é. Roupas com recortes na cintura, fendas nas pernas e mangas vazadas são algumas opções de valorizar o tom da pele, se mostrar sem máscaras, ser real com autonomia corporal.

Brilhos: paetês, lurex e tudo que se remete a um ponto de luz no look. Brilhos para sempre brilhar na vida. Mostrar a cintilância para uma nova vida de expectativas, de mudanças para melhor. Significa irradiar energia boa.

Estampas coloridas/étnicas: as estampas étnicas representam para a moda uma forma de honrar a ancestralidade cultural, religiosa e artística. É a marca de um povo. Usar estampas transmite energia, diversão.

Look fácil de montar: peças práticas, atemporais e que são para toda hora. E nesta vibe de funcionalidade, a moda volta com a proposta dos conjuntinhos: peças com a mesma cor ou mesma estampa na parte de cima e na parte de baixo.

Shorts saia: duas peças em uma. Ficar a vontade e ter mobilidade sem se sentir incomodada se está aparecendo algo que não devia. O shorts saia é aquela peça usável nas quatro estações do ano. Com acessório e com o complemento de outras peças, ele se adapta a todos os estilos.

Sobreposição: Truque de styling antigo (na moda sempre há releitura das vestimentas anteriores), mas que desponta para a montagem do look. Colocar uma peça de roupa sobre a outra é uma forma de usar o que se tem transformando-as numa possibilidade diferente e criativa. Escolher no guarda-roupa o que usar e multiplicar combinações com as peças é sinal de que o armário é conectado com o propósito da vida futura.

Tricô/Crochê: valorização do trabalho manual; conexão com o trabalho handmade (feito a mão), arte humanizada na moda. Tanto nas roupas quanto na linha beachwear, as tramas estão em alta. Significa desmistificar o trabalho da indústria e honrar as mãos produtivas e criativas, principalmente se forem de empreendedoras nativas.

Tudo curto: mini saia, cropped e cintura baixa são modelos que se aliaram a esta nova fase da moda. Significa liberdade de movimentos.

 

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