O Poder da História de Kiko Kislansky

O empreendedor é reconhecido em todo Brasil e no mundo por seu trabalho de referência na educação e transformação de empresas e pessoas

Kiko Kislansky sempre acreditou que todos nós nascemos com talentos extraordinários e que o sentido da vida é colocá-los a serviço do bem-comum. Atualmente, o empreendedor, escritor, palestrante e educador corporativo é sócio-fundador da Cazulo, um ecossistema de educação com foco no despertar do propósito na vida e nos negócios. Com seis obras publicadas, o palestrante e consultor, especializado em iniciativas que geram lucro com impacto, formou-se em Administração, Negócios e Marketing na Northwood University, em West Palm Beach, na Flórida, nos Estados Unidos. Em terras americanas, ele é presidente júnior de empresa interna na faculdade.

Com um know-how invejável, o executivo já teve oportunidade de transformar mais de 200 empresas e impactar mais 100 mil pessoas, em suas mais de 300 palestras, um trabalho que soma três prêmios importantes recebidos que confirmam a qualidade de seu trabalho.

Que lição de vida daria a alguém que te admira ou se espelha em você?
Ser. Evoluir. Servir. Acredito profundamente nesta tríade, que eu chamo de “ciclo virtuoso do propósito”. Este é o nosso grande compromisso existencial. Coragem para ser quem somos, desejo profundo de evolução constante e foco em servir ao bem-comum por meio dos nossos talentos. Para ativar esse ciclo, é preciso coragem para escolher a autenticidade ao invés da aprovação social. Para despertar a coragem, precisamos exercitar a presença. É preciso viver no aqui e agora, silenciar a mente, gerenciar o ego e acessar as respostas que nos conduzem de volta para o nosso propósito autêntico. Afinal, todo mundo morre, mas nem todo mundo vive. Não podemos aceitar a mediocridade de uma vida banal, superficial, pautada apenas em “fazer coisas” para “ter coisas”. Despertemos nosso protagonismo para navegar a favor do fluxo do nosso coração, para viver uma jornada de expressão do nosso melhor a serviço de uma causa que transcende a nós mesmos.

Você se imaginou chegando ao patamar que está em sua carreira?
Nunca fui movido por chegar a determinados patamares de carreira. Meu foco sempre foi me conhecer para compreender e valorizar meus talentos, e assim colocá-los a serviço da causa que faz meu coração vibrar: o despertar do propósito na humanidade. Sempre percebi minha carreira como uma expressão do que me move, uma dimensão da vida totalmente integrada ao que pulsa no coração. O que eu sempre imaginei foi uma jornada de vida pautada em ser, evoluir e servir. Minha fome de contribuir para curar a falta de sentido no mundo (o que acredito ser um problema global) me motivou a ativar a potência realizadora para fazer acontecer. Essa potência reside em todos nós. Precisamos nos conectar com o nosso propósito para que ela desperte.

O que fez diferença em questão de valores que aprendeu na infância, por exemplo, que aplica até hoje, inclusive no mundo corporativo?
Posso citar os valores que aprendi no Alcoólicos Anônimos (AA), com a minha mãe. Em seu processo de recuperação, eu e ela aprendemos muito na comunidade do AA. Aprendi valores que levo para vida e para os negócios. O primeiro é o valor do pertencimento. No AA, todos se sentem parte de uma única unidade. Não há separação. Quando um mantém a sobriedade, o grupo todo evolui. Quando um recai, o grupo todo perde. O segundo é o valor da coragem. Não estou falando da coragem de pular de paraquedas ou nadar com tubarões, mas a coragem de olhar para dentro e enfrentar seus desafios internos. Aceitar seus desafios. Acolher suas sombras. E, acima de tudo, coragem para superar tudo isso com determinação e resiliência, em busca da plenitude. O terceiro valor é o valor da generosidade, do servir, do amor e cuidado. No AA, você se cura quando entende que pode ajudar outros a se curarem também. Lá, é preciso servir para evoluir. Quem tem compromisso com o grupo, com uma atitude que transcende o ego, tem mais chances de se recuperar da doença. As pessoas mais engajadas na comunidade,
acabam enxergando um sentido para além de si, o que as motivam para vencer os desafios e obstáculos da jornada. Quando olho para trás, percebo que
o AA foi onde recebi minha primeira lição sobre o poder do propósito de um grupo. É uma instituição totalmente movida por um propósito maior. É uma grande escola.

O que você pode apresentar sobre inovação?
Acredito que precisamos transformar o paradigma da inovação. Inovação é mais fazer diferente, é sobre fazer a diferença. A pergunta que deve criar nossas estratégias de inovação é: como podemos, juntos, fazer a diferença por meio dos nossos talentos interconectados? O ego quer ser diferente. A alma quer fazer a diferença. Podemos inovar a partir da alma. Se for para fazer algo inovador, que seja para fazer a diferença, e não apenas para alimentar o ego. Ainda, acima de tudo, precisamos inovar na forma de viver e fazer negócios. Os paradigmas antigos que nos trouxeram até aqui, não tem potencial de nos levar adiante. Inovar na forma de viver significa viver de dentro para fora, e não de fora para dentro. Inovar na forma de fazer negócios significa colocar o propósito em primeiro lugar, e
entender o lucro como consequência do propósito em ação. Inovar na forma de empreender significa fazer o bem por meio dos negócios. Como diria Richard
Barrett, precisamos liderar para sermos os melhores para o mundo, e não os melhores do mundo. Inovar significa questionar os paradigmas ultrapassados e
propor novas formas de viver, trabalhar, empreender e liderar, para que possamos construir uma sociedade mais consciente e significativa. Não é apenas sobre o
futuro da nossa carreira ou dos nossos negócios. É sobre o futuro da humanidade.

Com base na sua experiência, o que gostaria de destacar que seja relevante para esta entrevista?
Gostaria de reforçar a importância do propósito no mundo dos negócios. Propósito não é um termo bonito; é um sentimento, um desejo de transformação
positiva na sociedade. O propósito deve estar no centro da estratégia dos negócios. O impacto é profundo. Nos colaboradores, ele desperta engajamento e
influencia a produtividade. Nos clientes, ele desperta encantamento e influencia a fidelização. Na marca, ele desperta relevância e influencia na percepção
de valor. É por isso que o propósito impacta tanto o crescimento empresarial. Entre lucro e propósito, podemos e devemos ficar com os dois. Negócios com
propósito se tornam ícones de inspiração em seus mercados e tendem a faturar mais, crescer mais e ainda, construir um legado do bem. O sistema econômico
está passando por uma atualização de valores, e somente as empresas que tiverem este compromisso vão sobreviver daqui para frente.

Que legado você quer deixar?
Acredito que legado não é sobre o que deixamos para as pessoas, mas, sim, o que deixamos nas pessoas. Desejo deixar nas pessoas que se conectarem comigo,
uma mensagem que se resume a: desperte para seu propósito e ative a sua coragem de vivê-lo plenamente. Acredito profundamente que, enquanto cada um de
nós não ocuparmos nosso papel aqui, o mundo não estará em equilíbrio. Imagine comigo: como seria o mundo se todos nós estivéssemos alinhados com a
nossa verdadeira natureza? Como seria se cada um de nós estivéssemos conectados com nossos talentos, nossas paixões e nossos valores? Como seria se cada
empresa fosse uma engrenagem consciente a serviço do bem-comum? Como será o futuro quando cada ser humano decidir viver seu verdadeiro propósito de vida
e fazer da sua uma extensão dele? Acredito que um dia, viveremos neste mundo. Como diria a música “One day”, de Matsyahu: “Um dia… Um dia… Um dia…”. E
se eu puder empurrar a humanidade para essa direção, nem que seja um centímetro para a frente, sinto que terei deixado uma marca significativa.

Por Andréia Roma
CEO da Editora Leader, idealizadora de várias iniciativas, coordenadora de centenas de publicações e também influencer editorial. @editoraleader

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