O Poder da História de Andrea Perez Correa

Executiva fala sobre a trajetória de 33 anos na área de desenvolvimento humano

Atualmente, Andrea Perez Correa é Head do Instituto Felicidade Agora é Ciência (IFAC), Life Advance em Potencialização Humana e Organizacional, Palestrante, além de docente convidada no Instituto de Pós-graduação e Graduação (IPOG) e na PUC-RS. Ela é associada da International Positive Psychology Association (IPPA), formada em Letras (Português/Inglês) pela UFF, Mestra em Sistemas de Gestão pela UFF, especialista em Morfossintaxe pela UERJ e em Psicologia Positiva Uma Integração com o Coaching pela UCAM.

Andrea é também palestrante de diversos temas e trainer em projetos de sua autoria para a formação de practitioners em Psicologia Positiva. Além disso, é coautora de diversas obras e jogos sobre Psicologia Positiva e outros temas. Com mais de 33 anos de ex-periência, atua em áreas como Desenvolvimento Humano, Treinamento, Qualidade de Vida, Idealização de Projetos em RH, Dinâmicas de Grupo, Coaching, Mentoring, World Café e Psicologia Positiva.

No passado, ocupou posições de liderança em Assessoria Administrativa, Treinamento, Gestão de Pessoal e Desenvolvimento de RH em órgãos do Governo Federal. Atualmente, dedica-se ao aprofundamento e à pesquisa do estudo da Psicologia Positiva e à multiplicação de conhecimento através do Instituto Felicidade Agora é Ciência (IFAC) nesta área para o público em geral, organizações e instituições de ensino.

Que lição de vida você daria para alguém que te admira ou se espelha em você?
Desde muito cedo aprendi que Juntos Somos Melhores e até hoje uso desta prerrogativa em praticamente tudo que faço. É lógico que muitas coisas se processam no intrapessoal e são momentos em que produzimos e nos conduzimos apenas com nós mesmos, mas ao longo da minha trajetória profissional, nada foi tão significativo como a união com outras pessoas. Para isso, num primeiro momento, é preciso ter abertura para outro e conseguir perceber quem, da mesma forma, faz este mesmo tipo de aposta. Sem essa postura de abraçar o outro com suas peculiaridades não se chega a grandes parcerias. E isso requer também que não tenhamos uma postura nutrida de vaidade por conta de postos, cargos, reconhecimentos e tudo que pode inflar uma postura arrogante, mais egocentrada que nos distancia de outras pessoas. Precisamos entender que não somos especiais no sentido de sermos melhores que ninguém: somos especiais quando, sendo quem somos, acolhemos e apoiamos o outro. Unir-se em parcerias, apoios, complementariedade com outras pessoas não é um processo fácil e pode, em algumas situações, ser até decepcionante, quando a contrapartida do outro não contempla a mesma postura edificante, generosa e complementar. Já esbarrei pela vida com situações em que acabei vivendo momentos decepcionantes, por conta de a outra parte, na relação de parceria, objetivar apenas o interesse próprio e querer apenas se aproveitar das oportunidades de networking ofertadas.

Só que esta atitude de crescer e fazer crescer juntos me fez viver uma quantidade muito maior de ótimos momentos e conquistas que de momentos medíocres e decepcionantes. Até porque não fui eu que fiquei com essas “mazelas”, mas sim quem as produziu; sobre o que ainda sinto até pesar. Acho que o que me mantém na aposta do Juntos Somos Melhores é uma convicção ou crença muito forte de que nascemos para nos integrar mutuamente uns com outros, para que possamos viver todas as nossas potencialidades, para que possamos contribuir de alguma forma com todos. Essa postura contagiou a minha jornada profissional em tudo o que faço. Na organização de obras, trago comigo apenas em 5 livros mais de 100 autores, sem nunca ter publicado um livro solo, apenas de minha autoria. Até hoje, optei pela reunião de autores, por mais que as revisões críticas gerassem uma dedicação imensa. Na construção de eventos, na organização e apoio a congressos e simpósios, sempre me dediquei a buscar e abrir possibilidades à indicação e inclusão do maior número possível de pessoas, mesmo que para isso fosse preciso dedicar horas de trabalho sem nenhum tipo de ganho ou remuneração. Na construção de projetos, sempre busquei oportunizar “a primeira chance” para quem estava começando, entendendo a dificuldade dos “começos de jornadas”. Acho que uma postura focada no NÓS, no JUNTOS, seja talvez o que de melhor eu possa transmitir a alguém e acredito que seja disso que a humanidade esteja precisando.

Você se imaginou chegando no patamar que está em sua carreira?
Há, aproximadamente, 12 anos atrás eu comecei a me preparar para o momento que seria de minha aposentadoria. Tendo começado uma carreira muito cedo na área pública federal, com 54 anos já teria direito legal a terminar minha jornada de “ativa” e poderia ir para casa e usufruir das “férias permanentes” que esse momento da vida oferece. Só que me conhecendo a fundo, sabia que eu não estaria no momento de “parar” e usufruir de uma vida desprovida do trabalho. Com isso, comecei uma longa jornada de desenvolvimento e resolvi fazer inúmeras formações sobre desenvolvimento humano, pós-graduação e até um mestrado, com foco em dar continuidade ao que sempre me cativou: gente. Minha trajetória profissional foi contemplada pela oportunidade de lidar com pessoas em áreas organizacionais cujos processos contemplam a gestão de pessoas, os recursos humanos e tudo mais; o que eu queria que, de alguma forma, continuasse sendo o meu trabalho depois da jornada na carreira. E foi lá bem no início de minhas formações que fiz uma prática que me fez prospectar tudo que eu desejava sem amarras ou julgamentos. Neste momento, além de todas as visualizações mentais sobre domínios da minha vida pessoal, contemplei, de igual forma, o que eu, à época, considerei como sendo o melhor que eu poderia ser no campo da Psicologia Positiva. O que eu também sabia de certa maneira era o quanto eu precisaria me dedicar para alcançar o que desejava: ser uma profissional que com seu conhecimento pudesse realmente ajudar muitas, muitas, muitas pessoas a serem mais felizes, sendo alguém considerada por um trabalho de qualidade, inspiração e entrega. Segui durante anos até aqui, acreditando que cheguei, de certa forma, a esse lugar que imaginei. Só que percebo que este lugar continua sendo ainda o mesmo lugar de onde comecei: o lugar de uma condição humana que trazemos ao longo da vida, a do aprendizado e do desenvolvimento. Isso me mobiliza e energiza a achar que posso oferecer ainda mais com o que continuo aprendendo ou amadurecendo.

Achar que já cheguei ao que eu desejava, de certa forma, é me engessar na minha jornada humana, nas possibilidades que a vida ainda oferece e no que tenho ou posso deixar nas pessoas.

O que fez diferença em questão de valores que aprendeu na infância por exemplo, que aplica até hoje inclusive no mundo corporativo?
Honestidade. Meus pais sempre me ensinaram de forma exemplar a importância da honestidade em todos os sentidos, contemplada em sua autenticidade e integridade. E essa honestidade me fez ter uma atitude diante da vida que só me trouxe ganhos emocionais e comportamentais e que nutriram todos os domínios de minha vida e do meu trabalho. O maior ganho que tive com a honestidade foi o de me aproximar de mim mesma com muita completude e aceitação: compreender quem sou de verdade, tendo a devida percepção de que, antes de ser um produto do “externo”, sou o âmago da minha essência. E ao longo da vida, foi esta essência que sempre esteve comigo. E isso fez com que a condução do que fiz e faço até hoje em minha vida seja nutrido por escolhas que me completam e se alinham às minhas crenças positivas, valores, interesses e objetivos. E o que percebo cada vez mais é que quanto mais eu me aproximo de mim em essência, mais eu compreendo o que nasci para ser e fazer. E disso, nós nunca podemos esquecer.

Que legado você quer deixar?
Desde muito nova, eu tenho um desejo de ser daqueles idosos, cujas histórias de vida as pessoas gostam de escutar, por conta dos aprendizados que conseguem extrair. Sabe daquelas pessoas mais velhas que trazem exemplos de humanidade que você almeja viver? Acho que é isso que eu desejo. O que prospecto de legado e espero que eu consiga, pois isso ainda não está realizado, é que a minha história de existência, concretizada em todas as suas formas e combinações, sirva de exemplo para alguém, não pelo que eu fiz, mas por ter sido quem eu fui. Para mim, talvez, o que de pior eu poderia viver seria olhar para vida e achar que não segui a trajetória que deveria, por não ter me concentrado no que era a minha razão de existir. Costumo dizer às pessoas que me perguntam sobre qual é o caminho para a felicidade que o atalho mais rápido é você ser quem você é. Simples assim. Isso porque cada um de nós tem algo de muito valor a deixar no mundo e nas pessoas, só que, muitas vezes, não conseguimos acessar essa verdade em nós mesmos. Buscamos nos outros, nas situações, no externo, aquilo que está tão próximo. Por isso, na minha pretensiosa ambição de deixar um legado observável, é ser inspiração para que alguém possa acessar quem é, sua luz e a sua razão de existir.

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