Você provavelmente já passou ou está passando por um momento de grande estresse, não é mesmo?
Mas, você sabe o que realmente acontece com nosso organismo quando estamos nesses momentos em que parece não existir saída? É justamente esse o tema da nossa conversa de hoje: os reais impactos do estresse na mente e no corpo. Alguns estudos comprovam que o Brasil é o país que tem o maior número de pessoas com ansiedade e por consequência mais estresse. Esse alto índice está relacionado a inúmeros fatores, dentre eles: fatores econômicos, sociais, culturais e principalmente, comportamentais. Sobre os fatores econômicos, podemos refletir sobre a dificuldade existente no país no que se refere ao perfil de trabalhos existentes, às oportunidades de estudos e carreira com salários dignos, aos entraves criados por políticas para o pleno exercício do empreendedorismo, aos alto impostos e custos para desenvolver determinadas profissões, ao descaso de alguns setores públicos com algumas regiões do país e também a ausência de um ensino de gestão financeira desde os primórdios do período escolar para evitar a escravização por boletos intermináveis – claro que outros exemplos podem ser usados, mas irei prosseguir com nossa reflexão, pois precisamos entender os impactos do estresse gerado por essas dificuldades em nossa mente e no nosso organismo. E para compreendermos esse ponto, podemos utilizar o fator comportamental (que carrega em síntese os fatores sociais e culturais).
Quando falamos em fator comportamental, podemos pensar desde pequenas até grandes ações humanas, como por exemplo, o comportamento alimentar que é baseado em uma cultura ocidental que intensifica o consumo de fast-foods, frituras e alimentos com alta carga inflamatória. Podemos ainda pensar sobre o comportamento perante às dificuldades da vida – é evidente a falta de resiliência ao estresse nesse mundo moderno. E por falar em resiliência ao estresse, você sabia que existe um neurotransmissor responsável por ela? Sim! É justamente a serotonina que nos permite agir e reagir de forma mais equilibrada diante do estresses da vida diária, além claro de estar envolvida em outras atividades bioquímicas do organismo, como o movimento peristáltico do intestino – você nunca ouviu o termo “estar enfezado”?
Porém, precisamos entender de antemão que o sistema de resposta ao estresse do nosso organismo é o mesmo dos nossos antepassados: liberamos os mesmos hormônios e neurotransmissores dos homens e mulheres que no passado tinham fatores estressantes mais bem definidos – fome e possibilidade de morte perante um predador da natureza. Mas, e no mundo atual, quais são os agentes estressores? Vou selecionar alguns para você refletir, como: boletos intermináveis, fechadas no trânsito, ausência de um “bom dia” do companheiro ou da companheira, mau humor do chefe, conflitos familiares, dificuldade de sobrevivência básica pela constante alta dos preços dos alimentos, trânsito cada vez mais intenso, incentivo à vida digital que pode gerar uma busca constante por curtidas e visualizações, medo pelo aumento da violência e insegurança que não é mais uma característica única dos grandes centros urbanos. Enfim, os exemplos seriam intermináveis e o ponto é que diante desses elementos nosso organismo libera altas cargas de cortisol, adrenalina e noraepinefrina da mesma forma que nossos antepassados diante de uma possível situação de morte.
Agora, pense comigo: como é viver diariamente num campo de batalha sem descanso? Será que nossa mente mente e nosso corpo consegue suportar essa alta carga sem adoecer? Com certeza, não! Esse estresse diário e ininterrupto está cada vez mais aumentando nossa inflamação interna e o nosso estresse oxidativo – fatores primordiais para o desenvolvimento de inúmeras doenças. E é sobre esse ponto que podemos refletir: quanto vale a minha paz? Será que estou comprando estresse dos outros e deixando de viver minha própria vida de forma autoral? Será que me tornei refém do estresse da vida moderna?
É claro que o estresse nunca deixará de existir na sociedade – você é quem irá definir os impactos dele na sua vida. Aliás, o estresse quando resolvido também apresenta benefícios para a vida humana. Você sabia que a criatividade provém justamente de situações de estresse? Que os exercícios físicos também promovem um estresse no organismo? Que o ato de estudar gera um estresse psicológico? Porém, todos eles tem o tempo certo de começar e de finalizar (resolução). O grande vilão para a saúde humana é o estresse que não encontra uma possibilidade de resolução, de saída e acaba se tornando crônico. Viver diariamente com seu foco de estresse é estar caminhado rumo ao adoecimento, pois a mente num estado de estresse pode sofrer um fechamento de circuito e não encontrar possibilidades de solução, passando a se comportar como um agressor ou mesmo paralisando num estado de vítima, não só pelo movimento psicológico, mas também pela cascata bioquímica liberada nesses momentos.
Então, qual é o caminho para não adoecer perante o estresse? A resposta é simples, mas não é tão fácil, pois envolve grandes mudanças. Porém, a chave principal é entender que nosso organismo é um terreno biológico e portanto, precisa de uma boa alimentação, suplementação e exercícios físicos para que ele não ser torne um terreno fértil para doenças e dificuldade de resoluções de conflitos mentais por carência de nutrientes ou desequilíbrios em órgãos correlacionados à saúde mental. Simultaneamente, é buscar o protagonismo da vida e deixar de vender sua paz por pequenas ofensas ou desafios diários e para isso é primordial buscar uma avaliação da sua própria história, conhecer suas dificuldades e habilidades e deixar de viver sua vida de forma que ela seja resultado das ações de terceiros. Dessa forma, o estresse será positivo e não mais atrapalhar sua jornada de crescimento e aprendizados.
Por Marcos Pereta
Psicoterapeuta com pós-graduação em Nutrição Clínica Ortomolecular, pós-graduação em Neurociência e especialização em Teoria da Inteligência Multifocal e Gestão da Emoção.
@m.pereta
www.mpereta.com.br