Fabiana Karla: Ruiva e ainda mais poderosa

Da transformação visual ao topo da carreira, atriz conta que vive momento único em que se dedica a escrever, produzir, atuar e se amar

Por: Renata Rode Fotos: Divulgação

Sabe aquela entrevista que você sente que será leve e divertida, como uma tarde de Sol? Esquece. Com Fabiana Karla esse tipo de coisa não acontece porque ela sempre supera as expectativas, aliás, todas
elas. Falo com propriedade afinal nos conhecemos há anos em um projeto editorial que fizemos juntas e, ao me deparar dia a dia com suas histórias, experiências e bom humor (orgânico e nada forçado nem piegas) percebo que ela é o tipo de artista que sempre tem mais a entregar, a comemorar e a surpreender. Quem vê a bagagem cultural da moçoila na atualidade não imagina a ralação que foi chegar ao topo, com a responsabilidade e alegria de poder roteirizar, produzir e encenar, tudo junto e misturado.

A pernambucana que começou a carreira no meio artístico aos 14 anos. Participou dos seriados como
“A Grande Família” e “Linha Direta”. Ingressou no elenco do extinto “Zorra Total”, onde criou os bordões: “Isso não te pertence mais!”, “Desenrola, carretel” e “Isso pode”, vivendo Gislaine, Dra.Lorca e Lucicreide, (personagem de sua autoria) e, posteriormente, a “Nova Escolinha” – homenagem à clássica Escolinha do Professor Raimundo. Foi apresentadora no programa “Se Joga” ao lado de Fernanda Gentil e Érico Brás, nas tardes da Globo. Atuou na novela “Gabriela” seu primeiro trabalho fixo como atriz. Em 2013, trabalhou novamente com Walcyr Carrasco em “Amor à Vida”. No cinema, foi premiada pelo Los Angeles Brazilian Film Festival, na categoria “Melhor Documentário” pelo longa “O Caso Dionísio Diaz”, cuja direção é sua e de Chico Amorim. Foi indicada no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro como “Melhor Atriz Coadjuvante” por sua atuação em “O Palhaço”. Terminou em 2018 as filmagens de “Lucicreide vai pra Marte”, com locações na NASA, e “Uma Pitada de Sorte”, ambos como protagonistas. Recebeu na Itália, a Palma de Ouro de Assis e foi nomeada embaixadora da Paz no Brasil.

Tornou profissional sua “aventura” musical em 2017, quando ganhou destaque na primeira edição do programa “PopStar”, da TV Globo – tendo a filha Laura Simões como sua backing vocal, permaneceu até a semifinal da competição. Na literatura, começou com o infantil “O Rapto do Galo”, pela Ed.Rocco, com lançamento no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos – em uma associação onde estrangeiros mantêm vínculos com a língua portuguesa, MAPS e foi selecionado pelo programa PNLD (para alunos do ensino fundamental). Em 2017, lançou “Gordelícias”, livro de crônicas escrito em parceria
com as atrizes Cacau Protásio, Simone Gutierrez e Mariana Xavier, lançado pela Editora Planeta. Está
preparando “Mães com Açúcar”, obra que reunirá “lembranças culinárias” de artistas e anônimos com
suas respectivas avós. Para ela, basta algo que a inspire. E o que a inspira é gente, que considera sua
matéria prima.

Assinou, no ano passado, contrato com a Amazon, para desenvolver projetos como atriz, apresentadora,
criadora e produtora. Voltou às telas na série Central de Bicos, no Multishow, onde interpreta a vilã atrapalhada Meg Maçaneta, ao lado de Paulinho Gogó e na série, da GloboPlay, com “Rensga Hits”, onde vive a efusiva Helena Maravilha, dona e imperatriz da Joia Maravilha Record. Está no streaming, com o longa “Uma Pitada de Sorte”, com direção de Pedro Antônio, onde protagoniza a personagem Pérola, uma animadora de festa infantil que sonha em se tornar uma chef renomada.

A atriz, que também é humorista, apresentadora, dubladora, diretora e escritora ainda é mãe de três filhos, Laura e Samuel, com Samuel Petroti, e Beatriz, com Marcos Rossetti, a artista terminou o casamento recentemente com Diogo Mello e diz que está comprometida agora consigo mesma e o trabalho. Conhecida também por possuir uma grande autoestima e saber lidar com suas formas de maneira positiva, já foi capa de diversas revistas de moda a catálogos do segmento, tornou-se referência no mundo Plus Size, inspirando outras mulheres além de ser sinônimo de sucesso em suas campanhas. Difícil é terminar a entrevista sem se encantar com tanto conteúdo, talento, bagagem e delicadeza. Ah, se todos famosos fossem assim, né?

Você não para: Está em séries e diversos filmes, como é poder exercer essa paixão?
Tento cumprir o papel de ser entretenimento, de levar minha arte como um perfume para as pessoas,
uma coisa leve. A arte tem essa função de arrebatar e eu quero deixar uma coisa boa pras pessoas em tudo que eu faço. Eu penso sem pretensão, mas como vai atingir as pessoas. Eu sempre imagino o que eu posso contribuir com a minha arte, então é no mínimo deixar pessoas felizes, entretidas, enfim, eu acho que eu gosto muito de estender a minha felicidade para o meu público.

Atrizes já foram excluídas de produções por causa de suas curvas. Qual é a sua posição sobre isso?
Eu nunca senti que tentaram me encaixar, eu acredito que já me convidaram pra papéis onde eu me encaixava perfeitamente e eu não me senti tentando ser enquadrada em padrões ou sofrendo algum tipo de preconceito, mas que existe isso é um fato, porém, ele não me atingiu. Nunca foi uma questão fugir dos padrões ou estar nos padrões, até porque eu tenho meu próprio padrão, mas eu me sinto dentro dos padrões do que eu acredito e partindo desse princípio, eu acho que eu conquistei meu espaço sendo verdadeira, sendo autêntica e tentando fazer o melhor no meu trabalho. Uma responsabilidade grande no que eu posto, no que eu falo, porque eu sei que têm pessoas consumindo e se inspirando em mim.

Você também escreve, produz e atua, como é esse processo?
Hoje, posso criar os meus projetos, posso estar à frente de algumas reuniões importantes para o meu
trabalho, sou uma creator, sou uma showrunner, sou uma atriz, sou uma produtora e uma mulher que está sempre em busca de aprendizado. Estou abraçando o mundo com meu olhar atento para o novo, sempre, e degustando os dias. Passo a passo caminhando a cada dia e me deliciando com a vida, esse é o meu momento.

São tantos projetos atualmente que fica difícil falar de um para este ano, tem um predileto?
Todos os projetos são importantes, a gente sempre empresta algo da gente para os nossos personagens e sempre os personagens deixam algo na gente. Todos moram no meu coração e faço com muito amor e determinação. A entrega é a mesma para todos.

Como é dar vida a uma vilã na série Central de Bicos no Multishow?
Totalmente, diversão garantida. Já tinha muita vontade de trabalhar com o Maurício Manfrini e foi
muito legal juntar esse elenco maravilhoso. Rosane Gofman, Babu Santana e todo elenco. Paulinho
Mathias com quem eu já trabalhava no Zorra, então fui para o playground.

Conta pra gente como foi a construção da efusiva
Helena Maravilha na GloboPlay. Ter feito a “Helena Maravilha” foi realmente uma maravilha, porque eu estava num processo pessoal muito difícil de entrada de pandemia, em que a gente se descobriu mais, em que a gente mergulhou para dentro. Eu acho que a “Helena” deu a mão a uma Fabiana que estava meio que um pouco esquecida, um pouco guardada, então acho que a “Helena” retomou o meu poder de Fabiana que eu tinha dentro.

O que você faz para ter saúde mental diante de uma rotina tão atribulada?
Eu posso tanto tempo fora de casa, que quando eu estou em casa eu quero que a casa funcione pra
mim, eu fico mais relaxada, mais preguiçosa, mas gosto de desfrutar de cada cantinho da minha casa.
Fico no meu jardim olhando minhas plantas, gosto de comer à mesa, de comer no meu quarto e adoro
ficar sem fazer nada, só assistindo TV. Mas, como eu sou uma pessoa workaholic, é muito difícil ficar
sem fazer nada mesmo (risos), mas é um prazer hoje estar em casa e conseguir entender que a minha casa é o meu santuário real.

E esse desafio de virar ruiva? Como foi o convite e o que você gostou na transformação?
Eu sou uma pessoa que está sempre mudando. Seja pelos personagens ou usando eles como desculpa
pra mudar. Eu gosto das mudanças, gosto dos desafios e sou muito vaidosa. Gosto de me divertir
com a moda, com o meu cabelo, com as minhas unhas, então eu decidi que eu estava vivendo uma
fase que eu estava tão intensa do mergulho tão particular em mim, que eu queria colocar simplicidade
pra fora e eu acho que tinha uma ruiva com a senha na mão pedindo pra sair e aí eu fui esperar o personagem chegar para ter a desculpa de ficar ruiva. Eu quis colocar essa intensidade pra fora e achei que o cabelo seria uma forma bacana de expor essa nova fase da minha vida tão intensa e feliz.

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