Estudo mostra que raiva cresce no Brasil e no mundo

Saiba como controlar esse sentimento e garantir sua saúde mental

Quem nunca quis gritar de raiva e explodiu por dentro? Todos nós já tivemos nossos “momentos de fúria” e parece que, com a pandemia, o isolamento social, o medo e a instabilidade mundial, nossa saúde mental está por um fio. Você sabia que o sentimento da raiva pode causar danos emocionais e físicos em nosso corpo? “De um modo geral, as pessoas não aprenderam a lidar com suas emoções. A raiva, que é uma emoção importante, nos dá o alerta de que algo ou alguém “desrespeitou” nossos limites, sendo assim, o problema não é sentir raiva, mas prolongar esse estado negativo por muito tempo. Como a maioria de nós não aprendeu a lidar com as emoções, existe um sistema, dentro de cada um, quase que instintivo de proteção e é daí que vem a necessidade de aliviar a raiva. A forma como nos livramos da raiva é o caminho para a saúde mental e física”, revela Tami Lòpez, especialista em programação neurolinguística da Vertta Desenvolvimento Humano.

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Fundação Getulio Vargas, o Brasil está longe do bem-estar e da felicidade, com “um grande salto de desigualdade” e queda do rendimento, pela primeira vez abaixo de R$ 1.000. O estudo da FGV mostra ainda crescimento da raiva entre os sentimentos da população. De 2019 para 2020, por exemplo, a “sensação de raiva” cresceu de 19% para 24% das pessoas. Foi um crescimento de cinco pontos percentuais, enquanto no mundo essa alta foi de 0,8 ponto, para 20%. Ainda, segundo o estudo, os níveis de preocupação em relação aos demais países (diferença 3,6 pontos, para 62%), estresse (2,9, para 47%) e tristeza (2,2, para 31%) também cresceu. O divertimento caiu (menos 6,8 pontos, para 66%).

Algumas pessoas acreditam que, no momento de raiva, quebrar coisas causam certo alívio ao sentimento ruim instalado em nós por um momento. Mas é preciso tomar cuidado com os ataques de fúria mascarados diante de uma rotina árdua, estressante e insana. “O único benefício para essas ações é alívio imediato que elas trazem.  Na Programação Neurolinguística, chamamos isso de “mudança de estado”. Como já foi dito, nós reagimos aos eventos a partir de nossos estados. Portanto, ao mudar o estado com uma ação física não esperada, nós mudamos nossa resposta ao evento”, explica a especialista.

Diante dessa informação, que mudamos nosso estado com uma outra ação, fácil e rapidamente, temos a resposta que procurávamos: sim, é possível controlar a raiva e garantir a saúde mental. “Eu prefiro usar a expressão “lidar com a raiva”. E é bom que se saiba que sim, existem várias possibilidades de lidar com ela. Qualquer ação que mude o estado trará uma mudança. Cada pessoa tem que escolher o que pode ser mais efetivo, considerando também os efeitos desta escolha. Por exemplo: dançar, praticar esportes, cantar, entre outras, são opções que aliviam a raiva e deixam a pessoa muito melhor.

Vale a pena lembrar que essas, são opções diferentes do comportamento de quebrar algo, que muitas vezes, logo depois, pode trazer o arrependimento, a vergonha, a frustração e até a culpa que também são estados muito limitantes”, ensina Lòpez.

Para a corretora Andréia Lucy, o exercício de controlar a raiva dá sempre certo. “Faço isso de forma constante e eu aprendi na terapia a gritar sem voz, sabe? Com toda força do mundo. Por exemplo, outro dia entrei sem querer em uma discussão no correio, por uma bobagem na fila. Foi algo bobo mas que me deixou com muita raiva. Cheguei no meu carro e gritei com toda força do mundo, sem voz, mentalizando que aquele sentimento negativo estava saindo de dentro de mim junto com o grito… Liguei o veículo e saí. Três minutos depois tinha esquecido o que houve e estava cantarolando a música do rádio”, conta.

Sim, nós podemos escolher se queremos ser vítimas o tempo todo, nos lamuriando com palavras e atitudes que só nos levam a estados negativos ou, se optamos por viver a vida de forma plena e inteligente, usando ferramentas que aprendemos com leitura, informação ou na PNL, por exemplo. Algumas pessoas lidam com a raiva praticando esportes, lutando, meditando ou simplesmente, expulsando o sentimento ruim com alguma atitude que mude o registro mental em instantes (como no caso do grito sem voz). O que devemos evitar é prolongar um estado ruim ou alimentar o sentimento negativo por muito tempo. “O sentimento ruim é a resposta de uma emoção que foi recebida e que criou um significado inadequado. Nós, seres humanos, somos criadores de significados. Portanto, ao vivenciarmos uma experiência, é simplesmente inevitável criar e atribuir a ela um significado que é expresso através de nossos pensamentos. No entanto, mesmo depois, nós ainda refletimos sobre esses pensamentos e vamos encontrando novos significados neste processo. A partir desse ponto, nossa mente pode criar significados muito distantes daquilo que realmente aconteceu e nos colocar em um estado muito limitado que nos impede de viver as situações positivas que surgem em nosso caminho, o que acaba por nos trazer problemas emocionais, tais como desesperança, desconfiança, irritação contínua, distanciamento social, entre outros. Além de ter impacto direto em nosso bem-estar e qualidade de vida, podendo até causar problemas de saúde”, alerta Tami.

Mas aqui vai outra informação: se você tem vivido mais estados negativos que positivos em sua vida, é preciso reconsiderar. Se a raiva, o pessimismo e outras emoções ruins invadem seu pensamento de forma constante, é preciso buscar ajuda. Para a especialista, nesses casos é preciso buscar o que está provocando a raiva, já que ela é apenas o sinal de alerta para algo que está nos desrespeitando. Respirar profundamente, de três a cinco vezes, traz uma mudança de estado imediata e, a partir daí, a própria pessoa pode se perguntar: “o que especificamente aconteceu que me trouxe esta emoção?” De posse dessa informação, existe a possibilidade de avaliar o que pode ser feito para desarmar o evento que provocou a raiva. Por isso, esteja atento e busque dentro de você, respostas. Só através do autoconhecimento é que evoluímos e preservamos nossa saúde mental. Então, dedique-se a você.

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