Você está observando o quanto a sociedade atual está permeada de “tentações” e que, em cada esquina, encontramos não só substâncias ilícitas, mas inúmeros estabelecimentos que também nos ofertam todo tipo de guloseimas e “delícias” que, na realidade, estão nos adoecendo a cada dia? Mas, talvez o que você
não sabe é que quase todo mundo está sofrendo com algum tipo de vício – um vício silencioso e que tem gerado diariamente muitas vítimas.
Esse sorrateiro vício carrega inúmeras comorbidades e consequências que impactam diversas áreas da vida humana, como relacionamentos, vida financeira, vida profissional, alimentação, vida sexual e muitas outras áreas. Os seres humanos estão cada vez mais viciados em dopamina, o neurotransmissor responsável pelo sentimento de recompensa, prazer, motivação, organização e disciplina, mas que, quando em desajuste, não entrega nenhum de seus benefícios e acaba gerando uma busca frenética por sua liberação em nosso organismo.
Dessa forma, podemos então compreender que todo e qualquer vício ou comportamento compulsivo está atrelado primeiramente a um sistema dopaminérgico
desequilibrado. Quando falamos sobre esse assunto, a maioria das pessoas acaba refletindo apenas sobre o uso de substâncias conhecidas como “drogas” – aquelas substâncias ilícitas que se relacionam com inúmeros casos de violência, crime e/ou alienação da pessoa –, porém, como mencionei anteriormente, quase todas as pessoas estão vivendo uma verdadeira e frenética busca por dopamina todos os dias sem perceber.
Para ilustrar essa reflexão, vamos pensar: quantas pessoas vivem buscando alimentos de péssimas qualidades nutricionais e carregados de gordura e carboidratos?
Quantas pessoas vivem comprando de forma irresponsável e acumuladora? Quantas pessoas necessitam de uma atividade sexual intensa diariamente? Quantas
pessoas precisam de qualquer tipo de substância, como o álcool, para relaxar no final do dia?
Enfim, se pararmos realmente para pensar, conseguimos observar o quanto, desde pequenos, estamos sendo conduzidos ao vício nesse neurotransmissor, mas, ao mesmo tempo, o quanto nossos comportamentos diários nos afastam do funcionamento ideal e eficiente desse sistema tão importante para nossa saúde mental
e física. É como se buscássemos algo que diariamente estamos impedindo em nosso organismo.
Mas preciso levantar um ponto nessa conversa: não são apenas substâncias externas que viciam – os comportamentos também viciam! Sim. Lembre-se de que
os comportamentos são resultados das emoções e que estas são resultado dos pensamentos. Esses comportamentos também estão relacionados a diversos neurotransmissores e hormônios do nosso corpo e, por consequência, também gerarão determinadas sensações em nossa vida que podem viciar.
Muitos desses comportamentos podem ser chamados hedônicos, ou seja, de prazer. Existem pessoas que pregam e valorizam uma vida recheada de prazeres, uma vida sem limites, tabus ou bloqueios sociais. Mas será que uma vida carregada de prazeres não tem consequências negativas? É claro que tem!
Muitos estudos demonstram que o ser humano tem a tendência de buscar experiências de prazer (aquelas que liberam o neurotransmissor dopamina) em situações de desafio, medo ou qualquer emoção ou sentimento que gere uma automática necessidade de resolução pelo seu alto nível de sofrimento ou estresse psicológico e/ou físico. Essa busca por prazeres momentâneos não garantirá uma vida de prazeres, mas, sim, uma escravização pela busca incansável pela liberação desse e também de outros neurotransmissores envolvidos na cascata bioquímica do prazer humano.
Nesse contexto, corremos o risco de nos tornamos reféns e deixarmos de tomar as decisões corretas para nossa vida. E após o êxtase dessa liberação, o corpo
naturalmente volta ao seu estado anterior, mas, agora, solicitando novas liberações. E com o passar o tempo, poderá gerar a triste fase de anedonia, que é a diminuição dos principais neurotransmissores envolvidos na qualidade de vida e que garantem a resiliência ao estresse, o bem-estar e a “felicidade”.
Assim, precisamos urgentemente buscar um detox de dopamina, ou seja, substituir os comportamentos ou até mesmo o uso de substâncias que interfiram nessa
cascata bioquímica por experiências e comportamentos positivos que garantam sua liberação, mas que coloque o organismo em seu estado de homeostase e que tragam benefícios ao invés de conflitos, dores e desespero.
Para que essas mudanças, ocorram é primordial que você busque ajuda profissional para avaliar e reorientar suas ações e que também organize sua bioquímica
por meio da suplementação, bem como melhore sua alimentação e seus hábitos diários. Nesse ponto, você deixará de ser vítima do incentivo ao vício e dessa busca
frenética (pois até o uso excessivo de smartphones estão relacionados) por dopamina e passará a ser protagonista das suas decisões e caminhos que garantirão as liberações corretas para sua saúde integral.