Cássio Scapin dá vida a Santos Dumont em musical

Ator comemora sucesso de produção: “Uma verdadeira viagem no tempo e espaço”

Por: Renata Rode Fotos: Divulgação

Premiado, renomado, aclamado e, agora, mais do que nunca, literalmente, livre para voar. Cássio Scapin dá vida a Santos Dumont na megaprodução “Além do Ar”, em cartaz na capital paulista. O musical traz o artista, que tem semelhanças físicas impressionantes com a figura histórica, a uma encenação romântica, exclusiva e tocante, sobre a vida exemplar do brasileiro dono de imaginação e sonho, o pai da aviação. O espetáculo é uma produção da Fundação Lia Maria Aguiar e leva o público a viajar por essas temáticas em balões e dirigíveis que fizeram parte do universo do herói tupiniquim. A produção é
100% brasileira e apresenta 15 canções originais. O ator atendeu a Infomente em uma entrevista exclusiva e falou sobre teatro, televisão, saúde mental e propósito.

Como é interpretar Santos Dumont nessa mega produção e o que o público pode esperar?
É maravilhoso falar sobre Santos Dumont, principalmente porque ele me encanta enquanto sua questão ética, já que foi um homem de elite que usou seu potencial para produzir coisas boas não só para o Brasil, mas para a humanidade. Ele é um tapa com luva de pelica na cara das pessoas. O público deste musical pode esperar diversão, encantamento e informação, já
que essa montagem é sobre esse herói com uma visão poética, carinhosa, afetiva. É do percurso difícil que teve esse homem, apesar de rico, apesar de realizador, ele tem uma vida particular bastante, bastante triste e isso é tocado com delicadeza, sabe? Preparem-se para se emocionar.

O curioso é que você tem muitas semelhanças físicas com Santos Dumont…
Sim, tenho muitas. Isso porque vocês não conheceram o meu avô, que era de Minas Gerais. Ele era a cara do Santos Dumont, gente. Isso da comparação física já tinha acontecido na televisão quando fiz a minissérie. Foi uma reconstrução de época maravilhosa, fabulosa, que tenho saudade.

Qual a importância da Fundação Lia Maria Aguiar para a cultura do nosso país?
É um exemplo a ser seguido. É uma Fundação que hoje cuida de 700 crianças fornecendo educação, arte, cultura, aliás, talvez até no sentido contrário, a arte, cultura e educação é, e agora também. O que eles fazem é louvável e inspirador. Se a gente tiver uma sociedade mais justa, uma sociedade mais equilibrada, teremos brasileiros com melhor potencial para pensar
e realizar, colocar o potencial de ação em prática. Então eu acho que a Fundação tem contribuído para uma formação de brasileiros melhores.

Você acha que o brasileiro tem “aceitado” melhor os musicais? Por que geralmente o público prefere o teatro de comédia, certo?
Sim, o brasileiro adora essa puxada para o humor. Eu tenho uma grande experiência de não fazer só comédia, mas acho que o brasileiro é bem aberto a muitas coisas, o público é capaz de absorver vários tipos. Eu acho que a questão do musical é porque ele cai diretamente no entretenimento. Mas todas as produções são bem-vindas porque geram movimento comercial, movimento de produção cultural, de cultura, de consumo. Mas acredito que tenha gente é ávido também do bom teatro de pensamento. No bom teatro, onde se abre uma discussão ampla sobre as questões da alma humana de uma maneira tocante, nem tudo é entretenimento, show e festa.

Você é um artista tão premiado, tem algo que ainda não realizou em sua trajetória que sonha fazer?
Eu tenho muitos prêmios e fiz muitos espetáculos maravilhosos. Mas eu acho que meu sonho de vida e carreira seria que
nossa profissão fosse mais respeitada, que ela tivesse uma estabilidade maior dentro do mundo da cultura. É muito conturbado o processo para que a gente chegue ao palco e entregue um espetáculo digno ao público, sabe? É preciso reconhecer a profissão do artista porque ele não produz só entretenimento. A indústria do teatro emprega muita gente e é preciso que seja reconhecida como bem social, inclusive.

Tem algum personagem ou montagem que você gostaria de fazer?
Eu acredito que os personagens acham a gente, sabia? Tem uma troca de energia nisso tudo. O último que eu desejava fazer mesmo era o Odorico Paraguaçu, do Bem Amado. E eu consegui. Quero fazer Shakespeare e tem muitas coisas que eu adoraria fazer, sim.

O que você assiste na televisão? Qual sua opinião sobre as novelas atuais?
Olha, eu assisto bem menos televisão hoje é com os streamings, com as séries, do que antigamente. Não tenho visto novela até porque no horário em que elas estão no ar geralmente eu estou trabalhando, em cena ou ensaiando, então é difícil. Novela não tenho visto, eu vou ser absolutamente franco. Eu não tenho visto novela. De madrugada, prefiro ver uma série ou documentário, quando tenho dificuldades para dormir. Então a resposta sobre as novelas vou ficar devendo, né?

Na Infomente falamos em saúde mental. Como você se cuida?
Algumas linhas diferentes me ajudaram a me compreender um pouquinho melhor. A terapia, na verdade, não resolve nenhum problema, mas ela ajuda você a compreender os caminhos que você pode ter. É para entender as coisas melhor, né? O teatro também ajuda, sabia? É um excelente caminho para você tratar da saúde mental. Muita gente pode discordar, mas é. Sem falar nos benefícios da saúde física porque no palco faço tudo: eu danço, interpreto, tenho postura, ensaio,
enfim. Ah, a dança também me ajuda muito, há anos.

Como você cuida da sua mente fora dos palcos?
Amo ler. Eu tenho uma rotina de começar o dia tomando meu café e lendo jornal, sim, o de papel mesmo, que eu ainda acho salutar, né? Tem uma coisa afetiva com a questão do jornal do papel. Além disso, tenho uma pilha de livros que tento ler. Alguns eu consigo, alguns não. Então, às vezes, a pilha vai aumentando, porque também no teatro, como a gente
é obrigado pelo ofício a ler muito em função do que você está fazendo, é natural que a pilha estacione ou aumente. Além disso, a rotina com exercícios físicos e dança também ajuda minha mente. Sem falar no convívio com os animais, eu adoro. Um pet, cachorro, gato te dá conforto. Esse é um elemento excelente para você ter uma mente sadia, ter uma relação boa, de pensamento, de tranquilidade.

Algum segredo para ter boa memória já que ator exercita muito o pensamento?
Para ter boa memória é preciso traçar um caminho, não adianta querer ter as palavras, né? Para reter um texto você precisa ligá-lo a coisas que tem valor para você, assim fica muito mais fácil de decorar. Esse é sempre o caminho que eu faço. É um sentido particular de fazer com que as palavras tenham sentido e venham do coração. Isso é interpretar, fazer com alma.

“Além do Ar” é um musical livremente inspirado na vida de Santos Dumont, não somente o inventor ousado e determinado, mas também o homem que teve dúvidas a respeito de suas invenções. Alberto, precocemente diagnosticado com esclerose múltipla, revisita sua história, através de lembranças não lineares que se misturam na sua cabeça trazendo momentos alegres e difíceis, povoados pelapresença de pessoas queridas como sua irmã Virgínia, que o ensinou a ler, e a grande amiga Yolanda Penteado. “Além do Ar” é uma viagem na mente de um homem sem medo, que resgata dentro de si o menino sonhador que ama descobrir o mundo e suas possibilidades, lembrando-se da infância na fazenda de seu pai, seu grande ídolo e incentivador. O espetáculo também retrata o inventor na força de sua juventude, no auge da sua potência e
inventividade, criador de seus dirigíveis e do aparelho voador mais pesado que o ar e que se tornou o rosto do século 20, em Paris.

SERVIÇO
Local: Teatro Opus Frei Caneca
Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, 569 – Consolação – São
Paulo-SP
Tel.: (11) 99882-8442
Temporada: 13 de janeiro a 19 de fevereiro
Sexta às 20h
Sábado às 16h e às 20h
Domingo às 16h
Classificação: Livre
Duração: 90 min
Valor: R$ 40,00 a R$ 150,00
Capacidade: 600 lugares
Vendas: www.uhuu.com

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