Nadja Haddad: apresentadora é sinônimo de sucesso, superação e solidariedade

Por Renata Rode

Fotos: João Raposo / SBT / Arquivo Pessoal

 

Ela apresenta um programa que dá água na boca. Dona de uma empatia sem igual, um sorriso contagiante e uma garra exemplar, Nadja Haddad é exemplo de superação. Hoje no ar no comando do “Bake Off Brasil”, exibido no SBT e no no Discovery Home & Health, a bela dá o toque todo especial à edição que está para estrear e que contará com um elenco repleto de Celebridades. Aos 40 anos, casada, em­preendedora, dona de casa e mãe de 6 filhos “caninos” (sendo 4 adotados, frutos de resgate) e dois filhos “equinos” (também resgatados), a jornalista foi protagonista de uma história que envolveu fé e milagre: quase perdeu a vida depois de ter sido atingida por uma bala perdida durante uma cobertura para a televisão em um morro no Rio de Janeiro. Por isso e claro, por sua competência, trajetória e talento, a convidamos para ser capa da Infomente. Porque ela, mais que ninguém, é prova viva de que autoconhecimento é essencial.

Além de apresentar a atração gastronômica, ela também faz parte do elenco do “Programa Silvio Santos”, como jurada de ta­lentos infantis e adultos, função que exerceu por alguns anos na bancada do “Dez ou Mil” no “Programa do Ratinho”. Em paralelo, Nadja Haddad alimenta seu canal do Youtube com um conteúdo dedica­do à família com dicas de economia doméstica, artesanatos, receitas práticas para o dia a­ dia, em especial as “comidas afetivas”, onde ensina pratos criados pela própria mãe e pelas mães ou familiares de colegas famosos.

No histórico profissional, a apresentadora carrega na bagagem anos marcantes na TV Bandeirantes (começou como produtora no Rio de Janeiro, se tornou repórter, apresentadora do telejornal nacional e de uma revista eletrônica) e também, passagens pelo rádio (Rádio TUPI AM/ RJ, Rádio Cario­ca/RJ e Rádio Mundial/SP).

Fora das telinhas, ela cuida ativamente de algumas ONG’s: uma focada no câncer de mama e suas consequências; outra, que resgata animais e os prepara para adoção responsável. O lado social, de amor e dedicação ao próximo, é latente na apresenta­dora, assim como a sororidade. Nadja e uma amiga idealizaram a “Beleza de Ester”, ação voltada para mulheres com algum tipo de vulnerabilidade. Sua relação com as empresas e marcas que representa sempre vai além da publicidade porque ela faz questão de conhecer a ideologia e história da empresa, se envolve, quando necessá­rio, nas criações do que vai divulgar e literalmente, “veste a camisa”. Em uma entrevista exclusiva, ela falou sobre tudo e mais um pouco, e deu uma verdadeira lição de vida, otimismo, superação e alegria. Se fosse para definir em uma palavra, seria êxtase!

Você saiu do jornalismo para o entretenimento: podemos dizer que hoje você é mais feliz como apresentadora que repórter?

Eu já era apresentadora no jornalismo, né? Eu fazia reportagem, eu comecei como pauteira e produtora depois passei pra reportagem, depois pra apresentação e como apresentadora eu fazia também reportagens especiais. E depois quando eu passei para o entretenimento da Band eu também fazia os dois. Mas fato é que hoje, no entretenimento, eu sou muito mais feliz, sou extremamente grata. Sou jornalista sempre serei, falo que sou a jornalista do entretenimento, mas no que diz respeito à satisfação e felicidade não tem comparação.

Quais as principais diferenças desses mundos?

Eu posso dizer que a principal diferença, pelo menos pra mim, é poder ser legítima no meu trabalho, na minha profissão, da maneira com a qual eu me apresento para as pessoas, né? A minha imagem, o que eu apresento é exatamente quem eu sou e o que eu sou. No jornalismo e principalmente na época em que eu atuei, é tudo muito quadrado, a gente tem uma exigência para passar credibilidade, de ter uma postura mais rígida e ao mesmo tempo, imparcial e isso me gerava uma frustração muito grande porque eu sou uma pessoa empática e eu não podia ter empatia. Hoje eu vejo o jornalismo muito mais humanizado na minha época não era. Isso me doía. Porque vai contra quem eu sou. Então pra mim a principal diferença é essa, né?

O entretenimento permite algo que o jornalismo não permite: a emoção. Você foi a última repórter a entrevistar o eterno Professor Girafales, certo? Como foi isso?

Pois é, olha, vai de encontro com o que eu falei na última resposta, sobre a gente poder ser legítimo. O que esbarra cem por cento no quesito emoção. Quando eu trabalhava com jornalismo, como eu falei, reforço, eu não podia me emocionar, né? Com os fatos que eu reportava, eu informava. Quando eu entrevistei o Professor Girafales eu já estava no entretenimento já há bastante tempo. E ali eu pude me comportar como a jornalista do entretenimento e como uma fã. Porque eu fiz essa entrevista pro Programa do Ratinho e pro SBT e também porque é uma emissora e um programa que permitem isso. E eu vou te dizer eu sempre gostei muito de Chaves, o Chapolin e todo o elenco, mas eu não achei que fosse me emocionar tanto. Foi sem sombra de dúvida a entrevista mais emocionante, mais importante de toda a minha vida, por vários aspectos. Primeiro: ir até lá, fazer uma entrevista fora do Brasil, já é uma coisa superlegal em outro idioma, apesar de ter ido ao ar com a tradução, eu gravei em português e espanhol. Isso já é bem legal e ainda entrevistar um ícone como Professor Girafales. Ele respondeu minhas perguntas com muita alegria, emoção e prontidão também. E ele próprio publicou no Twitter na ocasião, me elogiando muito, elogiando muito a entrevista e declarou que aquela ali seria a última entrevista que ele daria… E de fato foi, porque pouco tempo depois ele faleceu. Ele brincou muito comigo, foi muito carinhoso, eu chorei com ele sim e na hora que eu fui embora da casa dele, assim que eu entrei no elevador, eu tive uma crise de choro de gratidão, era gratidão assim que transbordava de mim pensando: que bom que eu tive essa experiência e que bom que os meus pais puderam investir na educação que eles me deram e eu soube aproveitar porque se não fosse todo o estudo que eu tive de idioma, de jornalismo, dos outros cursos, dos outros preparos, eu não estaria ali. Então quando eu voltei pro Brasil, ajoelhei na frente do meu pai, ele já estava bem debilitado e sentadinho numa poltrona, eu ajoelhei, beijei, beijei e agradeci e disse isso a ele. Ele falou, minha filha, nada disso faria sentido se você também não soubesse aproveitar. Então foi uma mistura de sentimentos bons: foi a entrevista mais emocionante da minha vida.

Não tem como não falar do drama que você enfrentou: ser vítima de bala perdida no Rio de Janeiro. Como superou isso?

Por mais que já tenha dezesseis anos que aconteceu, a gente sempre fala como se fosse ontem e muitas vezes minha mãe, por exemplo, vive o fato como se tivesse acabado de acontecer porque foi muito forte e sério. Eu sempre tive uma fé muito forte, né? E na ocasião tinha, na maior parte do tempo, a certeza de que daria certo, de que ia ficar tudo bem. Então eu fiquei muito calma. Tive um momento de preocupação quando o médico comunicou que faria a cirurgia para retirar parte do pulmão porque não estava dando certo nada do que a gente estava fazendo… O único trauma que eu fiquei foi do barulho, de ouvir tiros, de ver armas, de assistir filmes com cenas que envolvessem traficantes e confrontos, ou policiais… Isso me gera desconforto então por isso decidi, anos depois, fazer o curso de tiro esportivo, para encarar o medo e passou… Fiz alguns trabalhos psicológicos, terapêuticos, mas de fato, o treino de tiro esportivo foi o que me fez superar.

Em algum momento você pensou em sair do país por conta da violência, como alguns artistas já fizeram?

Nunca na minha vida. Eu já estudei fora, mas sempre foi com data pra voltar. Tenho muitos amigos que foram morar fora por várias questões, mas violência existe em todo lugar, e desde que o mundo é mundo e, eu por exemplo, poderia sair do país e levaria todos os meus traumas então não iria adiantar.

Você já está há muito tempo no “Bake Off Brasil”. Como aconteceu o convite?

O convite surgiu de uma maneira muito inesperada, muito de repente. Eu já era telespectadora do programa, então já era mega fã porque sempre gostei muito de programas de culinária. Daí, um dia o diretor artístico me chamou na sala dele, eu até achei que era alguma bronca e veio a pergunta: bora apresentar o “Bake”? Gente, eu queria dar um grito, sair pulando, gritando, mas eu fiz a fina e falei: “nossa que privilégio claro, com certeza”. Daí o diretor me explicou que eu teria que deixar o Programa do Ratinho por que não daria para conciliar e aconteceu. Eu lembro que corri pro banheiro e liguei pro meu marido e ele comemorou e chorou no telefone… Eu primeiro tive o choque, depois chorei e depois tive a crise de riso rsssss….  Então foi um presentão pra mim, o programa é como um filho pra mim, apesar de não ser um projeto meu, não ser algo que eu criei, mas eu apresento de corpo e alma, sabe?

Quais as novidades do programa que você pode adiantar pra gente?

A gente estreia daqui a pouquinho a versão Celebridades e a edição do que já gravamos tem um elenco muito bacana. Tivemos a primeira edição da temporada que foi um mega sucesso e a gente acabou conhecendo grandes confeiteiros no mundo artístico. Esse ano, óbvio, não vai ser diferente. Mas eu acho que esse ano a gente tem um elenco mais diversificado e muito mais inusitado. Então a gente vai ter na tenda técnicas diferentes que as pessoas podem copiar em casa e todo mundo vai se divertir.

A Infomente é uma revista que faz o leitor pensar, de informação relevante, o que você faz no dia a dia para exercitar a mente?

Eu procuro ler demais, tomo ômega três direitinho, tenho uma alimentação super regrada, é óbvio que não abro mão dos meus prazeres de alimentação e bebida, porque eu adoro, mas é muito com essa parte de suplementação vitamínica e nutritiva, atividade física e atividade mental. Procuro sempre alguma coisa nova pra estudar, gosto de jogos de memória, jogos infantis que façam a gente treinar o raciocínio, enfim… Tudo que me ajuda a exercitar mentalmente, eu faço.

O que você faz para manter a saúde mental?

Com a pandemia, saúde mental virou assunto mais que essencial. E não dá pra dizer que nossa saúde mental esteja cem por cento depois de tudo que passamos. Eu faço terapia de hipnose, cuido de mim, tenho muita fé, pratico meditações, ouço sempre podcasts e especialistas em saúde mental e inteligência emocional. E procuro estar sempre equilibrada emocionalmente nesse sentido, sabe? E me autoconhecer e trabalhar o autoconhecimento para ter saúde mental porque senão a gente enlouquece, a gente pira. Eu faço muito uso de óleos essenciais e de produtos naturais também, pra me ajudar.

 

Você declarou que após o trauma que sofreu se tratou com terapia somente anos agora. Como foi esse processo?

Quando tive o acidente eu fui fazer terapia na sequência, né? Na sequência com um terapeuta no Rio de Janeiro que era especializado em traumas mesmo. Pós-traumático e tal, só que eu não consegui… Daí eu me mudei pra São Paulo no mês seguinte. Depois, fiz tratamento com uma terapeuta durante muitos anos e isso me ajudou muito. Então tive alta, mas sempre busco algum tipo de terapia, eu acho que todo mundo precisa. Eu acho que é muito válido a gente se conhecer pra poder saber lidar com as questões diárias. Hoje, sempre que eu necessito, eu busco a terapia de hipnose e indico pra todo mundo.

Na sua opinião todos deveriam investir em autoconhecimento?

Todo mundo. Acho que um dos grandes problemas do indivíduo, do ser humano é não se conhecer. E acabar colocando no outro expectativas e consequentemente, isso gera frustrações. Quando a gente não sabe lidar com as questões da vida porque não se conhece, atropela tudo. Então todo mundo devia investir em autoconhecimento.

Você parece ser uma pessoa leve, de bem com a vida. Qual a receita?

Eu sou de bem com a vida, mas isso não é sempre… rssss… Eu tenho muitos momentos de rabugice, muitos momentos, muitos. Mas eu procuro sempre ver o lado positivo e aprendizado em tudo. Eu acho que a grande receita da vida é a gente saber sorrir daquilo que podia nos fazer chorar. E não é ignorar o fato, não! É buscar inteligência emocional então aceitar que é preciso respirar, respirar e respirar para dar atenção ao que precisa de atenção. É preciso dar valor ao agora.

 

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