Mommy makeover: Dr. Dacio Ogata, o cirurgião plástico das mamães

Como o cirurgião plástico Dacio Ogata conquistou o título de cirurgião das mamães e segue reconhecido e ovacionado por esse nicho

Por Renata Rode

Fotos Elisa Mancuzo

Ele é conhecido como o cirurgião das mamães e podemos afirmar que o Dr. Dacio Ogata opera verdadeiros milagres. Por que milagres? Porque ele não opera somente o corpo de suas pacientes, como também restaura a autoestima e, consequentemente, a saúde mental delas. Com grande experiência na realização das cirurgias plásticas, ele decidiu investir nesse tipo de público quando se deparou com a infelicidade de pacientes na pós gestação. “Em consultório percebi que elas estavam felizes com a chegada do filho, porém desgostosas com sua feminilidade, com seu corpo e comecei a me dedicar a isso: foquei na missão de devolver a essas mulheres a autoestima e o amor próprio, resultando claro, na vida e família mais felizes com esses ajustes, entende?”, explica o médico formado pela Universidade de Mogi das Cruzes com Título de Especialista em Cirurgia Plástica pelo MEC e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Um dos segredos de sucesso de Ogata se refere à individualidade com que trata suas pacientes: no consultório podemos observar uma lousa que ele usa diariamente para explicar às candidatas à cirurgia, cada detalhe do procedimento escolhido. “Eu procuro ser transparente e didático com elas, na prática mesmo. Por exemplo na minha sala você não vê aquela mesa convencional de consultório médico: eu retirei a mesa e temos sofás em que conversamos abertamente sobre os processos, sem ter uma barreira entre nós, para que a paciente sinta-se mais do que acolhida por mim e minha equipe”, conta.

Tudo isso ressalta o lado humanizado do tratamento que Ogata propõe, o qual ele mesmo afirma ser um diferencial diante de tanta concorrência no mercado de cirurgia plástica. “Se a pessoa vai confiar algo tão precioso quanto sua vida à mim, é preciso e necessário que ela tenha toda atenção e segurança do mundo antes, durante e depois da cirurgia. Trabalhamos muito o pós, inclusive meses depois de realizado o procedimento porque sabemos que essa é nossa obrigação afinal, por mais que tenha operado milhares de mulheres, elas não representam estatística pra mim, elas representam vidas que mudei ajudando a viabilizar um sonho, a reestruturar até um relacionamento (sim, por conta da autoestima após a gestação) e a recuperar a autoestima em um processo tão importante e marcante de aceitação corporal e felicidade, ao mesmo tempo”, conclui.

De acordo com uma reportagem do site SP Mais, o Dr. Dacio Ogata está entre os dez melhores cirurgiões plásticos de São Paulo. Tal título não vem à toa, tendo em vista o trabalho de transformação que ele faz com mulheres, o que também gosta de apelidar como “Mommy Makeover” fazendo alusão aos realities internacionais que tratam de transformações profundas. Mais que medicina, Ogata trata a alma dessas mães, fragilizadas após a dádiva da maternidade e que precisam achar novamente o prazer e amor próprio ao encarar o espelho após doar o corpo ao mais puro ato de gerar uma vida.

O médico e também marido da Ionne Sakiko Kagohara é pai dos pequenos Gustavo de 5 e Beatriz de 3 anos e divide o tempo entre a família, consultas, congressos e cirurgias. E no meio de tudo isso, ele nos concedeu uma entrevista exclusiva em que fala sobre a carreira, o mercado da cirurgia plástica no Brasil, família e saúde mental. Olha só! 

Podemos dizer que a cirurgia plástica é capaz de transformar não só o físico como vidas mesmo. Quando e por que escolheu essa especialização?

Para se tornar cirurgião plástico, depois da Faculdade precisamos fazer uma Especialização em Cirurgia Geral, que é um pré-requisito para poder prestar Concurso para Residência de Cirurgia Plástica. Passei no estágio de Cirurgia Plástica logo cedo e pude perceber que esse caminho me levaria a ajudar as pessoas, não tratando de doenças propriamente ditas, mas renovando a autoestima delas. Além disso percebi que eu tinha o dom de deixar tudo perfeito, pelo menos o mais próximo possível, me preocupando com uma cicatriz fina e alinhada, por exemplo. Por isso decidi seguir na plástica.

O senhor é conhecido como o médico transformador das mamães, esse público tem características distintas?

Sim, são mulheres que ficam felizes com o nascimento do filho(a) porém depois de alguns meses começam a ficar tristes com o formato do seu corpo depois da gestação. Elas podem até ter pequenos incômodos antes da gestação, mas depois, essas alterações que as incomodavam se acentuam e elas começam a se sentir inseguras, envergonhadas e, em alguns casos, começam a criar e ter problemas no relacionamento. Elas querem ter o corpo pelo menos o mais próximo possível de antes da gestação, mas se for possível ficar melhor, aí realmente parece que ativamos a chave do “amor próprio” e, em muitos casos, é sempre possível melhorar sim.

Dentro desse segmento em que atua, quais são as principais queixas das mães e quais os procedimentos indicados? 

As principais queixas são: flacidez mamária, diminuição do tamanho das mamas depois da gestação, estrias no abdome, flacidez/excesso de pele no abdome, gorduras localizadas principalmente no abdome e nas costas, flancos, culotes e diminuição do tamanho dos glúteos. Principalmente baixa autoestima e vergonha do corpo. As cirurgias mais indicadas são Abdominoplastia – retirara excesso de pele do abdome; Lipoaspiração com enxertia nos glúteos – gordura localizada e aumento dos glúteos; Mastopexia para elevação das mamas e melhora da flacidez. Essa última é possível realizar com prótese quando elas querem aumentar as mamas e sem quando querem apenas melhorar a posição das mamas, mantendo o volume que já possuem. Existem também pacientes que as mamas não apresentam flacidez e queda, daí a indicação seria apenas aumento com a inclusão pura de uma prótese sem mastopexia. Também existem pacientes que apresentam mamas muito volumosas mesmo antes da gestação e desejam diminuir o tamanho e elevar.

Antigamente uma mamãe não era vista fazendo cirurgia plástica, acha que estamos evoluindo em vários quesitos não só no ramo da cirurgia plástica?

Eu acredito que a cirurgia plástica antigamente (há mais de 20 anos) era muito elitizada, então as mães que conseguiam fazer cirurgia plástica eram somente aquelas de alto poder aquisitivo, que não dependiam delas para cuidar dos filhos, né? Ou seja, mães que tinham babás, empregadas, e antigamente isso, quem tinha isso era classe extremamente alta. Com o passar dos anos, a cirurgia plástica se tornou mais acessível, e ela não é feita só por pessoas de classe extremamente alta. Hoje em dia, o grosso da população que faz cirurgia plástica são aquelas mães que trabalham, elas possuem um emprego, casada com um marido que possa ajudar um pouco, é lógico, mas são mulheres assim que não dependem só do marido, elas possuem uma condição financeira tranquila, que ela pode demandar um pouco desse dinheiro que ela acumulou, que ela guardou para fazer a cirurgia plástica e é lógico, hoje, muitas possuem ajuda de empregadas, babás ou amigos e familiares para cuidar dos filhos. Além da independência financeira que é importante quando a mulher decide por realizar um procedimento estético.

 

A cirurgia plástica hoje não é mais banalizada, pelo contrário, autoestima e autoaceitação fazem parte da chamada bola da vez: saúde mental?

Isso com certeza, né? Antigamente a gente não tinha muito…ninguém falava que a pessoa tinha uma saúde mental boa ou ruim. Não se comentava sobre isso, hoje em dia com o passar dos anos em diversas profissões a gente escuta falar de pessoas que estão sofrendo mentalmente, psicologicamente, não estão bem, seja na parte profissional ou pessoal. E muitas vezes uma baixa autoestima na esfera pessoal pode até interferir, na sua produtividade do seu trabalho. A cirurgia plástica é uma das opções para mulheres que estão, por algo que as incomoda, vivenciando a falta de amor próprio. Elas começam a ficar deprimidas, chateadas, com o corpo que adquiriram depois da gestação e isso acaba interferindo muito, além da parte pessoal, no dia a dia com seu marido com seu namorado, que seja, até no convivo com as amigas. 

O senhor já negou alguma cirurgia que julgou que não era necessária? Quais seus critérios de avaliação?

Olha esse assunto, eu falo com muita tranquilidade, contraindicação cirúrgica é uma das coisas que fiz muito, desde a época que eu estava na minha especialização de cirurgia plástica e faço até hoje. Quando percebo que uma paciente quer atingir um resultado impossível, converso e explico o que ficaria melhor nesse tipo de cenário. Não adianta olhar o corpo de uma celebridade ou influenciadora digital e dizer que quer ficar igual a ela. Cada organismo é de um jeito, responde diferente, tem o tipo de pele, a estrutura, todo um conjunto. Quando uma paciente inclusive amiga de outra paciente diz que quer ficar igual a outra, é porque ela realmente não está preparada para a cirurgia e cabe a mim explicar tudo: método, técnicas, riscos, etc. Cada pessoa tem um resultado, cada pessoa tem um tronco, tem um formato de tronco, de quadril, são características de cada pessoa, e não é porque eu estou operando, que vou deixar todo mundo igual, lógico que a melhoria do resultado tem que se atingir se eu estou indicando uma cirurgia, mas não tem ciência completamente exata. E claro não indico a cirurgia a pacientes com muitas comorbidades, problemas de saúde, que impossibilitam a realização de uma cirurgia, seja um problema cardíaco, seja um problema renal, pulmonar… Um exemplo clássico que eu já tive contraindicação é uma paciente que eu solicitei os exames pré operatórios e em um dos exames veio o indicio que ela tinha o entupimento de uma das coronárias, então isso significa que ela está prestes a ter um infarto, e ela muitas vezes nem sabia disso, então essa paciente precisa passar por uma consulta com o cirurgião cardíaco e avaliar a possibilidade fazer um procedimento pela vida dela porque ela pode infartar a qualquer momento. Outro tipo de contraindicação são pessoas que já operaram algum tipo de procedimento cirúrgico estético ou mais vezes em outros lugares e não se chegou a um resultado satisfatório. Nesse cenário vai ter um alto risco de prejuízo ao resultado, mesmo estando ruim o resultado, não vale a pena arriscar é outro tipo de contraindicação que eu acabo fazendo bastante. Primeiro sempre a saúde da pessoa, segurança, outra é se operando eu vou ajudar ou eu posso prejudicar e a outra é essa parte da saúde mental, a paciente entender o que dá para melhorar e o que não dá para mexer. 

Cite por favor casos, exemplos de mulheres que realmente mudaram a vida não só pessoal até profissional com a cirurgia…

Olha eu posso citar tanto uma experiência positiva quando uma negativa. Vou falar da positiva primeiro. Eu tive uma paciente que tinha uma baixa autoestima porque ela havia engravidado cedo e acabou engordando demais na gestação, ficando depois com muita flacidez mamária, estrias no abdômen, muita flacidez e ela acabou entrando em depressão. Tomava diversos medicamentos, antidepressivos, tudo pela vergonha porque ela era jovem e percebia que destoava das outras meninas. Ela já não tinha quase mais vida social e estava prejudicando até a vida profissional. A depressão estava tão forte que os pais resolveram trazê-la em meu consultório. Eu examinei e optei por uma elevação mamaria, uma lipoaspiração e uma abdominoplastia. Claro que os pais ajudaram financeiramente a filha e, em duas semanas, ela já sentia outra pessoa, até o rosto dela mudou porque o semblante de felicidade era notável. 

Agora vou falar de uma experiência negativa, não para mim, mas para a paciente. Teve uma paciente que eu atendi que já faz uns 8 anos, na época ela tinha de operado há uns 3 anos, feito uma lipoaspiração e colocado silicone por pressão de amigos e familiares. Fato é que ela não tinha gostado do resultado. Por conta dessa não aceitação do novo corpo (ela achou que as próteses ficaram enormes) ela desenvolveu depressão, ou seja, após não se identificar com o resultado de uma cirurgia plástica. Para ajudar eu acabei operando essa paciente porque eu percebi que a cirurgia plástica que ela tinha feito em outro lugar há anos, estava prejudicando a autoestima dela, então eu realizei a retirada  da prótese. Ela ficou feliz da vida e parecia outra pessoa, acabou no positivo mas poderia ter terminado de outra forma. É muito sério é preciso estar bem convicta do que quer fazer e de onde pretende chegar com a correção estética. 

Em sua opinião o mercado de cirurgia plástica no Brasil tem evoluído?

Antigamente, há uns 30 anos, o mercado de cirurgia plástica era limitado porque esses procedimentos eram considerados da elite. Isso mudou, hoje até pessoas de condições socioeconômicas menores realizam cirurgias. Quando terminei minha especialização entrei em uma dessas clínicas populares para trabalhar, para me manter no dia a dia, e atualmente podemos dizer que o mercado se popularizou até demais, tanto que percebi que ocorreu uma mudança não só por valores, mas das pacientes mesmo. Posso dizer que tivemos duas mudanças no mercado: a primeira com a expansão da cirurgia para todas as pessoas, mas que acabou privilegiando uma parte de médicos que só operavam em hospitais de ponta e fizeram nome e a segunda com aquela parcela de pessoas que só queria preço. De uns 8 anos pra cá entramos em um novo período em que as pacientes as pacientes querem saber todos os detalhes do procedimento, estão se preocupando não só com valores, mas também com a estrutura que o médico oferece no quesito do antes, durante e depois da cirurgia. Elas querem passar em consulta,  entender o procedimento, querem se sentir atendidas por um médico de verdade, digo nesse atendimento humanizado, e o resultado final, como a maioria vem de indicação, de uma outra paciente, ela sabem que vão  ter um resultado semelhante ou um resultado bom, vamos dizer, operando com aquele profissional. E mais do que nunca, elas precisam sentir cumplicidade com o cirurgião, confiar, ter segurança e estarem à vontade. Isso faz toda diferença hoje.

Que valores aprendidos em família que dá pra levar em consultório? Que o senhor aplica no dia a dia?

Uma coisa que aprendi, que meus pais sempre falavam é: “não dê trabalho para os outros”. Isso eu levo para tudo hoje, meu consultório, minha vida pessoal e até no meu dia a dia no hospital. Aprendi que mesmo que você faça seu serviço, deve executar com maestria para concretizar um objetivo, isso em tudo, das coisas mais simples às mais complexas. Ainda, levo comigo humildade, sempre, conversar com as pessoas, independente da condição socioeconômica dela ou da função que ela tem no meu consultório ou no hospital, e tratá-las, como pessoas iguais porque é isso que somos. Não gosto de categorizar ninguém. Gosto de ser de verdade, de ter coerência e paciência com as pessoas, de promover a igualdade e fazer o bem. Esses são valores que eu prezo de hoje, e muito vem do que eu aprendi desde a minha família. Isso eu vejo até naquela parte que a gente conversou anteriormente, porque você contraindica a cirurgia, ou você já contraindicou, contraindico o procedimento porque eu não quero dar trabalho para essa paciente, não quero que ela se sinta frustrada ao não atingir seu objetivo, enfim, transparência, sempre.

A Infomente é uma revista que fala de saúde mental. O que o senhor faz para exercitar a mente e o que faz para manter o equilíbrio na vida?

Para eu me manter bem na minha vida e equilíbrio na minha mente, eu preciso que as minhas pacientes que confiaram a vida delas em mim estejam bem. Sou muito parceiro com elas e quando uma ou outra sofre um pouco mais com dor ou uma complicação como um sangramento pós cirúrgico, por exemplo, fico mal e não paro de pensar, avaliar, cuidar até que ela se reestabeleça. Digo que as pacientes acabam que se tornando como se fossem familiares, então, meu equilíbrio na rotina depende disso. Elas não são números para mim, são vidas que cuido, durante meses e meses inclusive após os procedimentos. 

** Este texto não necessariamente reflete, a opinião deste portal de noticias