Luiza Tomé mostra seu talento no teatro

Protagonista em peça baseada no livro de Augusto Cury, artista se diz realizada em todos os sentidos

Por: Renata Rode Fotos: Ronaldo Gutierrez

Luiza Tomé poderia ser definida como “furacão” por vários motivos, afinal ela é um poder de mulher daquelas que
chega e movimenta o ambiente porque a energia que carrega é impressionante. De pessoa iluminada a artista que sempre se desafia, a menina que chegou a quase desmontar uma televisão quando criança querendo trabalhar com arte se diz realizada em todos os sentidos. “No dia que minha profissão não me der frio na barriga, eu desisto”, brinca, com relação à ansiedade de estreia da peça em que é protagonista.

Alto astral, a morena nascida em Itapipoca (Ceará) ganhou o mundo dando show de interpretação. São tantos os personagens e aparições marcantes na televisão, teatro e cinema que se fosse para colocar na matéria, precisaríamos de no mínimo mais umas quatro páginas só para detalhar sua trajetória. Aos 61 anos de idade (não dá pra acreditar, né) e mais de 40 anos de profissão, ela diz que o dia deveria ter mais horas porque precisa dar conta de ser mãe, mulher, profissional, filha, dona de casa, artista, enfim, tudo unto e misturado e divide com os fãs nas redes sociais momentos únicos ao lado dos três filhos amados e da mamãe linda, a quem Luiza reserva muito tempo e amor. Tanto que, sua decisão de estar mais no teatro
que na televisão vem de encontro a esse compromisso: o de estar presente para cuidar da vida e da família.

Após 11 anos longe dos palcos cariocas, ela volta a se apresentar no Rio na comédia dramática «Nunca desista de seus sonhos», que estreia dia 6 de janeiro na Gávea. A peça é baseada no livro homônimo do médico psiquiatra Augusto Cury, autor mais lido da década. Em cena, Luiza fará uma psicóloga em crise na sua vida profissional e pessoal, com problemas de
relação com a filha adolescente, mas aberta ao amor, guerreira e em busca de sua felicidade.

Contracenar um texto de Augusto Cury tem um peso maior? Como é pra você?
Minha personagem, a Carol, representa a mulher de hoje, independente e competente na sua profissão e na condução da sua vida como mãe… Uma mulher inteligente que incentiva e é um exemplo para outras mulheres. O Cury é muito respeitado e reconhecido por sua trajetória e levar a mensagem dele para o público é muito importante porque as pessoas estão precisando de determinação e força para seguir com seus sonhos.

O que prefere e porque, na ordem de importância pra você por favor: teatro, TV ou cinema?
Respondi essa pergunta a minha vida toda, sempre fui questionada sobre preferências. Pra mim o mais importante é que eu esteja fazendo um personagem pelo qual eu esteja apaixonada, que me empolgue, que eu esteja feliz de fazer porque quando você faz um personagem que não gosta é como viver um casamento infeliz é algo que não dá certo. No atual momento da minha vida estou priorizando o teatro porque como fiz televisão por muitos anos, estou dando preferência ao teatro que me dá mais tempo para cuidar da minha vida e tempo para a família, para cuidar dos meus filhos.

Em uma entrevista recente você disse que está louca para fazer uma malvada, certo?
Sim porque só fiz malvada no teatro, na peça Lucrécia.

Você é de uma época que novela era um auge com audiências enormes. Mudou muito hoje, como você vê o cenário atual? Sente falta de fazer novela?
Olha, eu sinto falta de fazer novelas com textos assim gigantescos como a gente fazia, com obras incríveis. Eu realmente sou de uma época que as pessoas sentavam em frente à televisão para acompanhar histórias, elas abriam ali uma lacuna, a novela era algo para se desligar do mundo, das preocupações e entreter mesmo. Acho que as tramas de hoje estão muito
agressivas. A gente já tem o jornal para nos colocar a par de tanta coisa ruim, novela deve contar trajetórias de sonhos, sabe?

Como você cuida da sua saúde mental? Porque você passou por uma depressão com quadros graves de pânico por
um ano…
Uma das coisas que eu mais faço para tirar a minha ansiedade é ginástica. O exercício faz parte da minha rotina e me deixa
e me mantém bem. Além disso eu acho primordial que a gente procure manter a mente positiva, não deixar que pensamentos negativos invadam o pensamento, sabe? Não deixar que pensamentos negativos nos controlem, nós somos donos do nosso pensamento, da nossa mente então como posso agir? Excluindo o negativismo e enaltecendo o positivo, sempre a vitória e nunca a derrota. É uma luta diária e cotidiana.

Você é nossa capa de janeiro por ser um exemplo de mulher, filha, mãe, profissional, cidadã, enfim, mas por muito
tempo em sua vida a época do Natal foi difícil porque infelizmente você perdeu seu pai aos 9 anos durante as festas.
Como é isso hoje? E que conselho você daria a quem passa por momentos difíceis entre o fim e começo do ano??
Hoje o Natal é muito alegre por estar com meus filhos, minha mãe também comigo, o nascimento de Jesus nos traz muita esperança. O que eu falaria, é que perdas fazem parte da vida, o ciclo natural é esse, que movimenta, né, a gente nasce,
vive e se vai então o que eu poderia deixar aqui como mensagem é: se você tem seus pais vivos, ame, beije, abrace, porque a vida passa.

Você fala com naturalidade da beleza e do tempo, inclusive recentemente concedeu uma entrevista dizendo que é preciso saber envelhecer. E você é linda naturalmente, dosa os procedimentos estéticos? Como é isso?
Basicamente os procedimentos que espero eu faço hoje são aparelhos no rosto, uso um pouco de botox na testa, bem pouco, porque sou atriz e preciso que as pessoas acompanhem a emoção através da minha expressão, mas eu não curto exageros, sabe? Sou contra volumizar, quer dizer, quem sou eu pra julgar, mas tudo meu é original de fábrica, particularmente eu tenho receio de colocar coisas ou substâncias no meu corpo.

Você está escrevendo um monólogo seu que deve estrear na sequência dessa peça, correto?
Eu não marco muito data para as coisas, sabe? O projeto está em produção, estou escrevendo com o intuito de realizá-lo claro, mas eu pacientemente, dou tempo ao tempo, vou amadurecendo, tudo na minha vida foi assim, sempre fui de resolver coisas de última hora como por exemplo, viagens, eu não fico mais projetando, porque se tiver que adaptar algo, eu me reequilibro e pronto.

Tem algo profissional que ainda não tenha feito que gostaria de fazer?
Gostaria de fazer uma malvada na televisão com um universo bem gigante. Você vê que as malvadas elas sempre fazem muito sucesso e se tornam inesquecíveis, vilãs são marcantes e infelizmente a maldade é muito apreciada no mundo.

A Luiza mãe é das corujas ou leoas? Ou um pouco dos dois?
Porque se dividir entre três não deve ser fácil…Sou parte coruja parte leoa o tempo todo. E ainda sou mãe, filha,
dona de casa, mulher, profissional, enfim, me divido em muito mais que três e acompanho meus filhos
mesmo eles já estando crescidos, diretamente. Minha vida é uma loucura, precisaria de muito mais que
vinte e quatro horas porque mesmo os mais novos tendo 19 anos, por exemplo, acompanho até rotina de
exames de saúde e por aí vai. Sou dessas: presente, imponente, pronta pra tudo e atenta.

Pra finalizar, o que a pandemia trouxe de bom e de ruim, pra você?
Eu acho que não tem nada de bom na pandemia foi muito sofrimento no mundo todo então a única coisa que tem bastante importância que eu aprendi foi que a gente precisa de pouco pra ser feliz, a gente às vezes tem demais e não percebe. Então
isso mudou pra mim: aquela Luiza consumista, não existe mais. O confinamento nos fez refletir muito, o sofrimento no mundo e tudo mais, então, mudamos nosso interior, eu pelo menos, modifiquei meu modo de pensar, agir e viver.

 

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