Denise Hills é uma das mulheres ESG do Brasil

A executiva conta como combinou finanças, inovação e sustentabilidade no cenário corporativo atual

A convite da Infomente, Dani Verdugo entrevistou a executiva para a coluna em formato especial. Conhecida como uma das mulheres mais importantes do ESG do Brasil, Denise Hills se denomina uma “changemaker” porque, por meio da experiência de mais de 30 anos no mercado financeiro, transformou o cenário de diversas empresas em todos os lugares por onde passou. A executiva, que combina finanças, inovação e sustentabilidade, é também mãe do Eduardo e do Guilherme, casada com Carlos e, aos 55 anos de idade, coleciona passagens em diversas áreas como Tesouraria, Gerenciamento de Risco, Patrimônio e Finanças Comportamentais, e 10 anos de atuação em inovação e sustentabilidade no setor financeiro, indústria de bens de consumo e varejo. Também foi por mais de 10 anos membro da UNEP FI , grupo das Nações Unidas para meio ambiente e finanças, e conta que o encontro com o universo do ESG mudou sua vida. “Em 2008, após muitos anos como diretora nas áreas de finanças e investimento, recebi um convite para ser parte de uma nova área de inovação em investimentos no Itaú. Foi lá que me aproximei do tema, trabalhando impacto e educação financeira, comportamento e empreendedorismo. Esse contato e expansão destes temas para sustentabilidade me levou a receber o convite em 2010, de liderar a criação de uma Superintendência de sustentabilidade para o Itaú Unibanco. Logo depois da fusão e com o recém-lançado propósito de ser líder em performance sustentável e satisfação de clientes, o desafio era justamente combinar sustentabilidade com as escolhas de cada negócio do banco, para entender os riscos, as oportunidades e quais os novos comportamentos, ciência e tecnologia a serem incorporadas nas atividades dos bancos. Tive a oportunidade de liderar 2 rodadas de planejamento incorporando o tema a vários negócios, trazendo temas como mudanças climáticas, carbono, novos modelos de financiamento, diversidade e inclusão, direitos humanos, bem como a conexão com os objetivos do Desenvolvimento sustentável – os famosos ODSs”, conta. Hills, durante os últimos 4 anos, esteve à frente do tema na Natura&Co América Latina, realizando a integração e incorporação da visão 2030 aos negócios, que inclui combater as mudanças climáticas e proteger a Amazônia, incorporar DH e diversidade na força de trabalho, bem como na cadeia de valor. Além de transformar o portfólio integrado em produtos com o compromisso de serem 100% circulares, aumentando a reciclabilidade, logística reversa, biodegradabilidade em fórmulas e embalagens. Em paralelo, a executiva também foi a primeira mulher a presidir a Rede Brasil do Pacto Global da ONU em 2015, ocupando cargos de Chair para a América Latina (2013-2015) do Programa da ONU para o Meio Ambiente e Instituições Financeiras (UNEP FI) e de Co-Chair Global (2015-2017). Denise foi convidada especial para o Framework para Investimento nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDG) e reconhecida pelo Global Compact da ONU como SDG Pioneer 2022 em finanças sustentáveis, entre mais de 100 líderes globais.

 

 

Olhando para os desafios da agenda 2023, quais você acredita que são os maiores pontos de atenção?

Sem dúvida, combater os efeitos das mudanças de clima e proteger a biodiversidade – as famosas “crises gêmeas” que afetam a vida de todos no planeta. Isso passa por inovação e uma mudança essencial no papel das empresas e governos rumo à descarbonização da economia e criação de inovação para essa transição fundamental. E também, não menos importante – e integrado com tudo isso -, enfrentar os desafios de promover a incorporação de direitos humanos em todas as nossas atividades para combater as imensas desigualdades que temos no mundo. Certamente, para o Brasil, os temas de biodiversidade ganham cada vez mais importância, assim como diversidade e inclusão.

O que você destacaria como prioritário no Brasil em relação à COP?

Receber a Conferência do Clima em Belém, em 2024, será um marco para o Brasil e agenda de clima no mundo. Fundamental estarmos preparados para levar soluções, e toda uma agenda da sociobio economia de florestas em pé, mercado de carbono e inovação que pode das escolhas que queremos promover. E, ao realizar e criar novas formas de ver o mundo, tecnologias e modelos de negócios, ser uma inspiração do que pode ser feito! Me vejo como legado, e inspirações de negócios e empresas que criam valor enquanto geram valor para todos, e sim são melhores para o mundo. Em um mundo que precisa funcionar para todos.

Sabemos que você é uma representante super importante da Agenda e do protagonismo feminino como referência do tema no Brasil. Diante disso, que dica você daria para as mulheres que desejam, assim como você, impactar o mercado com sua jornada profissional?

Que ocupem os lugares que quiserem e cada vez mais na escolha de futuros que são melhores, mais diversos em visões e propostas de mundo. E que possamos em rede, cada vez mais, ter representatividade e voz. Porque um mundo melhor para as mulheres é, com certeza, um mundo melhor para todo mundo. Trazer ao Brasil inúmeras oportunidades, inclusive de financiamento a essa transição. O combate aos efeitos das mudanças climáticas tem na preservação, conservação de florestas e oceanos a fonte de desenvolvimento sustentável em um novo padrão. Mais inclusivo e com propostas alinhadas à geração de um impacto positivo social e ambiental, para além do econômico. Precisamos urgentemente e em escala de soluções. E, nesses aspectos, o Brasil tem inúmeras oportunidades.

Analisando o mercado de forma macro, quais setores você apontaria como aqueles que estão conquistando maiores avanços na agenda? Por que você acredita que esse movimento está sendo efetivo para eles?

As oportunidades são claras em todos os setores e, especialmente, em infraestrutura e energia limpa, agricultura de baixo carbono, bioeconomia e soluções baseadas na natureza. De forma geral, o mercado de carbono também será um dos destaques, especialmente em créditos de floresta em pé, uma oportunidade para nosso país, lar da maior biodiversidade do planeta.

Como você se enxerga inspirando e influenciando outros profissionais na agenda?

Acredito que deixamos legado a cada passo, e ao longo da vida, compartilhar aprendizados para uma evolução coletiva, bem como gerar valor compartilhando valor com todos os stakeholders forma crenças fundamentais. Mesmo quando o ESG ainda não era o senso comum. Mas tenho vivido para ser uma das pessoas que se comprometeram e fomentaram a criação da Agenda 2030, e os objetivos do desenvolvimento sustentável quero crer cada vez mais que podemos ser exemplos

Por Dani Verdugo

Graduada em Administração de Empresas pela USJT, pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas pela FAAP, e em Negócios e Gestão pela Harvard Business School. Atua em Talent Acquisition desde 1999, é headhunter, mentora e conselheira além de coordenadora do livro Mulheres ESG

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