Hoje gostaria de conversar com você a respeito de um mecanismo que muito de nós carrega consigo ao longo da vida muitas vezes serve como alavanca para vida ou serve de motivo de sofrimento na vida depende, tudo depende.
Outro dia entre um atendimento e outro me deparei com uma situação de uma paciente e no seu relato “M”, trazia entre sua história de vida vivida na pandemia, uso de antidepressivo, disse-me ela o médico que me atendeu disse para eu tomar este medicamento e retornar lá depois de três semanas, mas sabe o quê? Nunca disse às pessoas que nem sei se ele ia pedir para que continuasse, mas resolvi por mim continuar tomando entre um médico ou outro sempre conseguindo renovar a cada caixa do remédio minha esperança daquelas coisas que sentia fossem embora para sempre, mas isso nunca aconteceu.
Outro dia, em conversa na sua sessão, ela se lamentava mais uma vez desta vez com sua irmã, que a convidou para passar as festas de final de ano na praia, num dado momento sentiu que sua presença não se fazia necessária que apesar que limpar a casa, não se sentia convidada para participar em muitos momentos de lazer, já que os turnos de ida para praia eram diferentes já que ela escolhia o cardápio, lava a louça, no final do terceiro dia começou a desenvolver um sentimento de angústia, parecia uma tristeza, sensação de estar ali, mas estar a mais no ambiente. Chegou o sábado, veio embora para sua casa e ali ficou até o momento de sua próxima sessão.
Assim, entre uma conversa e outra, ela conseguiu entender que a vida dela em sua plenitude foi pautada pela busca de aprovação das pessoas, que ela sempre precisa ter um sorriso, fazer coisas para as pessoas independentemente, de sua razão e motivação para isso. Viu-se sozinha diante do mundo, mas não tinha percebido que não vivia a vida que queria para si. Por isso nunca voltou depois de três semanas para contar o que sentia só queria a aprovação das pessoas.
Após toda essa reflexão me fez pensar sobre este mecanismo que usamos às vezes para crescer e às vezes para ficarmos “doentes”, depende, então vamos a ele.
Você fica a exemplo que vimos acima fica constantemente em busca de aprovação e reconhecimento das pessoas? Se a resposta é afirmativa, você tem uma questão significativa em sua vida.
Este padrão, forma-se na nossa infância. A resposta está na disposição do amor e o estímulo de nossos pais e a nossa vontade de ficar do lado da atenção e isso se reflete na vida futura em forma de comportamento. Bastaria o amor e o incentivo diante da forma de ser da nossa criança ajudaria e muito, mas neste caso, não é assim que acontece.
É natural querer para si atenção e reconhecimento e ser reconhecido por tudo aquilo que fazemos em nossa vida. É um caminho natural, para ser aceito, chancelado como pessoa.
A questão é quando isso se torna excessivo!
Vamos pensar um pouco: Quanto de nós estuda e na hora de fazermos a nossa escolha por um curso ou outro, aceitamos escolher a faculdade que nossos pais optam, Deixamos para trás uma outra que sonhamos, quando tudo levava a crer que a nossa inclinação está no sentido oposto, por tendência e afinidades, mais tarde você tenta se encaixar e não consegue e passa uma vida fazendo o que na essência, não gosta?
Assim deixa para lá sua própria vida para viver as expectativas das pessoas que o cercam, não se vê como pessoa, não tem opinião. Segue sua saga de agradar, apenas agradar para se sentir aprovado, deixando seus pensamentos e opções de lado. Lembre se é a sua vida que está em jogo, ou não!
Desta forma, a sua alegria passa estar atrelada aos desejos do outro, o poder muda de lado, já não te pertence mais. Se você faz de sua vida o motivo da escolha do outro, pense: Você precisa de ajuda!
Sim, precisamos e gostamos de aprovação e reconhecimento é saudável, não precisamos deixar de ser nós mesmos e atender nossos anseios e valores e tampouco para atender sistematicamente a vontade do outro, estamos em primeiro lugar!
Ter como aprovação do outro por tudo que fazemos ou realizamos na vida sempre é prejudicial para a nossa autoestima. Desde muito cedo aprendemos que existem coisas que podemos fazer e outras não, não é desta forma? Neste caminho somos avaliados muitas vezes por ensaio de acerto ou erro, aprendemos a estudar, a se comportar diante das pessoas, aprendemos limites e quando extrapolamos somos punidos, não é mesmo?
Isto mesmo, passamos a agir neste sistema recompensando por funcionar dentro do limite e punição caso não alcancemos o esperado.
Mas como assim? É claro que nos importamos com o reconhecimento. Especialmente porque vivemos em sociedade e precisamos nos comportar da forma correta, certo? Sim, mas o problema aparece justamente se o seu foco for somente em obter o reconhecimento.
Você já parou para refletir o valor das suas atitudes na vida? De que lado você está neste exato momento? Seu objetivo é apenas ganhar reconhecimento ou evitar punição (como na época de criança)?
Onde você se encontra nesta história toda? Você é autêntico? Você não acha que não ter o reconhecimento nem sempre é possível? Nesta altura, já não temos nossa identidade, vivemos à mercê do desejo do outro.
Agora pare! Se seu foco estiver na necessidade de reconhecimento, isso significa que você espera que o outro seja sua referência, quando na realidade deveria ser você a fonte de suas inspirações e escolhas na vida, afinal de contas porque você está no caminho da vida? Que objetivo teria o ser humano pautado na sua existência? Por que estamos nesta?
Neste ponto, vale a pena enfatizar que não proibido demonstrar que nos importamos com o nosso próximo isto significa empatia, a diferença está e que esta importância está e na forma, pois, na empatia está na forma como nos colocamos no lugar do outro, para isso não se faz isso só por elogio ou reconhecimento. Voltando a nossa estrada, depende muito como queremos que esta marca deixe o mundo, mas como isso é possível, se o desejo não é nosso?
Talvez exista fórmula para isso vamos pensar:
Cada vez que você só busca reconhecimento menos você caminha para aceitação
Aceitar-se como você é, o primeiro passo, e o reconhecimento algo que vem ao natural, mas o reconhecimento pode ou não vir
Você se aprova como pessoa? Reflita!
Se sim, excelente. Agora, se você espera que o outro te reconheça, saiba que você precisa se conhecer melhor.
Isso mesmo! O autoconhecimento será importante para você se valorizar, entender seu caminho repleto de esforços, vitórias e alguns fracassos, mas que te farão reconhecer ainda mais todo o seu desempenho em atingir seus resultados.
“Se você está vivendo a vida para o outro, quem está vivendo a sua vida por você?”
Pense nisso….
E “M” fonte de nossa inspiração e texto? Você deve estar se perguntando agora?
Agradeço a “M” pela fonte de inspiração, e sequência que este recorte que fizemos eu e “M”, nos proporcionou. Depois de muito tempo, ela parou para refletir sobre si mesma, parece-me que encontrou o caminho da liberdade, do amor, do carinho com si mesma, entende que precisa conhecer, porque neste caminho tudo que ela fez, em função do outro, quer crescer! Descobriu um caminho, o seu próprio, enfim precisa se aprovar para aceitar e ser aceito e crescer como ser humano que é. Ah e a medicação, não precisa neste momento assim como via no outro a fonte de suas decisões hoje resolveu e sua própria vida como fonte de inspiração.