A vice-presidente executiva do Seguro PASI fala sobre trajetória, lições, vida e legado
Atualmente, Fabiana Resende é vice-presidente executiva do Seguro PASI, pioneira no seguro popular no Brasil. Ela prova e comprova que é possível, sim, gerir uma empresa de sucesso em família. Fabiana Resende é alta executiva do grupo e trabalha ao lado do fundador da empresa, Alaor Silva Junior, seu pai. Não pense que foi fácil chegar ao topo. Aliás, em casos como esse, você dorme e acorda provando para o mundo que é capaz, e não somente porque é filha do fundador.
Pelo contrário, aí sim você acaba sendo julgada e cobrada, tudo junto e misturado, sem piedade. Mas a menina nascida em 30 de junho de 1983, na cidade de Belo Horizonte, sempre teve como característica ir além. “Eu digo que uma de minhas principais características é buscar sempre o equilíbrio e acredito que isso vem comigo desde o meu nascimento, afinal nasci na data que marca exatamente o meio do ano e eu a considero uma data cabalística; assim como o ano novo, são dois marcos divisores dos ciclos mais importantes de tempo que controlam nossas vidas”.
Formada em Administração de Empresas com ênfase em Finanças, Fabiana tem uma trajetória inspiradora, já que passou por diversos cargos em várias áreas do universo corporativo para então chegar ao comando de uma potência do mercado. Coautora do livro “Mulheres no Seguro”, da Editora Leader, ela foi uma das 30 profissionais escolhidas após mais de 200 indicações nacionais para contar sua história em uma publicação que também leva o Selo Editorial Série Mulheres®, reconhecido em mais de 170 países.
Sua primeira atuação em negócios não foi na empresa da família, mas, sim, em uma empresa júnior na faculdade IBMEC, em Minas Gerais, onde Fabiana se encantou com a propaganda, arquétipos, imagem e semiótica, estudando de forma intensa e autodidata conceitos de marketing e fundamentos da área, disciplinas essas que a acompanham até hoje em suas funções. “Fiquei seis meses atuando como Diretora de Marketing, quando meus outros colegas diretores saíram eu era a diretora mais antiga da IBMEX, então a partir daí assumi a presidência da empresa.
Me tornei a primeira mulher presidente da empresa júnior da IBMEX e, assim, fomos muito além das tradicionais consultorias empresariais prestadas normalmente por esse tipo de empresa. Acho que herdei de família essa veia ousada e inovadora, sabe? Essa empresa ainda existe e às vezes entro nas redes sociais deles e vejo que até hoje preservam algumas ações que implantei ainda naquela época. Seis meses depois, em junho de 2004, eu entreguei o cargo na empresa júnior deixando em caixa para a nova gestão um faturamento de mais de R$100.000, que até onde tenho conhecimento foi o recorde de faturamento da empresa em uma única gestão”, relembra.
A história de vida de Fabiana se une à história de fundação da empresa.
“Não fui fruto de uma gravidez planejada, pelo contrário: nasci em um momento de extrema dificuldade financeira de minha família. Meus pais se casaram ainda bem jovens em 1980, no mesmo ano já tiveram sua primeira filha, minha irmã mais velha, que veio em uma situação bem diferente da minha e parece que a gravidez da minha mãe impulsionou meu pai a ter a ideia que faria diferença para o resto de nossas vidas. Em 1988 ele identificou um nicho: não existia nenhuma modalidade de seguro específica para atender as classes menos favorecidas e assim fomos pioneiros em oferecer seguro como instrumento de inclusão social”, conta Fabiana, emocionada.
Nessa época, o presidente da Associação dos Servidores da Universidade Federal de Minas Gerais pediu que fosse desenvolvido um seguro para repor o caixa da entidade com valores gastos com o auxílio funeral fornecido às famílias dos associados, pois as famílias que não tinham como arcar com o funeral, solicitavam auxilio, porém, não conseguiam restituir a ajuda.
O seguro para cobrir o auxílio funeral deveria ter o valor adequado para atender o público mais carente. O desafio era fazer a indenização do valor em um prazo máximo de uma semana. Basicamente, era um custo determinado para que a associado pudesse repor seu caixa. “Lembro que meu pai buscou uma solução fora da caixa: lançou o piloto dentro da sua tradicional carteira de ramos elementares da então corretora e conseguiu a adesão de mais 15 empresas, mesmo antes da concepção final do produto”, relembra a filha orgulhosa.
Em poucos meses, de outubro de 1988 a maio de 1989, o PASI cresceu e passou a liderar o mercado de seguro com perfil social. “Atualmente várias seguradoras indenizam com agilidade e entregamos isto há 35 anos. Nem existia startup e nós praticamos este modelo de fazer, errar e ajustar na raça e com muita responsabilidade e dedicação”, destaca a executiva.
Coincidência ou destino? Ambos, e que bom que isso aconteceu!
Quando escrevemos no início da matéria que o nascimento da executiva se deu quase que ao mesmo tempo da fundação da empresa, estamos sendo cirúrgicos na informação. Fabiana conta que, no dia em que nasceu, os pais não tinham recursos para pagar a conta da maternidade e foi então que, sensibilizada pela situação do jovem casal, a chefe do departamento pessoal da seguradora fez uma “vaquinha”. Cada funcionário da filial contribuiu com um pequeno valor e emprestaram o dinheiro ao pai, para que ele pudesse, então, levar sua nova filha e a esposa para casa.
“Sabe, não sou uma pessoa de acreditar muito em coincidências, acho que tudo acontece por um propósito. Então, ao entender que no dia em que nasci o mercado segurador foi tão importante e presente nesse momento, naturalmente não posso negligenciar o fato de que ‘nosso destino já foi traçado na maternidade’!”
Em meio à rotina atribulada, Fabiana Resende atendeu a reportagem da Infomente e o resultado é uma entrevista inusitada, repleta de insights pessoais e profissionais da- queles que nos fazem refletir e nos inspiram em diversos aspectos da vida pessoal e profissional. Olha só!
O que você trouxe de valores consigo desde a infância?
Sem lamúrias e sem drama, pois afinal passo longe de ser uma pessoa assim, porém é certo que na minha vida nada veio fácil. Sempre tive que lutar muito e correr atrás de tudo que conquistei. Nunca ganhei nem sorteio, bingo, jamais acertei mais de três números na Mega Sena ou caí na graça de algum professor, porém, não perco minha fé de um dia acreditar que em algum momento como num passe mágica a “sorte” pode bater em minha porta e facilitar esse árduo caminho que tem sido a construção de minha trajetória.
Porém, enquanto esse dia mágico não chega, sigo em frente, sem reclamar! Acho que pessoas que reclamam não percebem que isso é o maior atraso de vida, porque, além de perder tempo, não vai resolver os problemas. Então penso que, se aconteceu, encare! Se tem que fazer, faça! Se errou, conserte! Se magoou, peça desculpas e siga em frente! Porque reclamar não vai adiantar nada…
Alguma lição ficou pra sempre e é praticada até hoje?
Sim. Desde a escola aprendi a ter foco. Não gostava de estudar e estudava o que era preciso, quando era preciso. Nunca perdi nenhuma aula de “revisão para a prova”, pois sabia que ali estava a chave do sucesso do desafio que ia encontrar. O professor ensinava a matéria e dizia que tinha que ler dezenas ou centenas de páginas, porém passava também os tópicos da matéria que iam cair, naturalmente era onde eu focava. Debulhava as páginas em busca do que me importava, destacava e fazia um resumo. Simples assim. Deu certo para mim. Não sei se daria para qualquer pessoa. Porém, acho que a mistura de “foco” com as nossas “características pessoais naturais” sempre acaba sendo uma combinação infalível para várias situações na vida.
Como surgiu o convite para integrar o time na empresa da família?
Tirando a minha experiência na IBMEX, nunca havia trabalhado em uma empresa quando concluí minha graduação. Tinha até uma certa bagagem cultural e acadêmica, porém quase zero experiência profissional. Na época sonhava em ir para São Paulo trabalhar no mercado financeiro, em uma grande empresa ou até uma multinacional. Achava que em Belo Horizonte eu não teria oportunidades tão boas no mercado corporativo. Foi quando meu pai me chamou para conversar e disse: “Se você quer seguir essa carreira e se tornar uma executiva do mercado corporativo, precisa antes estar preparada para o que vai encontrar aí fora. Como você ainda não tem experiência, que tal antes vir trabalhar comigo para adquirir certa bagagem e então estar melhor preparada para enfrentar desafios maiores?” Essa foi a isca que ele me jogou. E eu, como uma boa mineira conservadora, que apesar de destemida gosta de saber bem aonde está pisando, acabei caindo e aceitei a proposta dele. Naquele momento jamais imaginei que seria um caminho sem volta… Ainda bem!
Como você resumiria sua posição hoje? É possível liderar e gerar admiração e exemplo?
Liderar para mim nunca foi um peso, pelo contrário. Algo que faço naturalmente e com muita sensibilidade e prazer. Claro que é algo que vamos aprimorando e sempre está em desenvolvimento, até porque à medida que subimos na escala hierárquica corporativa esse desafio fica cada vez mais difícil, porém também cada vez mais gratificante! Equilíbrio emocional é fundamental não só para as mulheres que desejam prosperar no mercado segurador, mas em todas as áreas da vida, porém o líder que não se envolve com a sua equipe de forma genuína e compartilha de forma verdadeira suas angústias, dificuldades, aprendizados e conquistas, jamais será um líder de verdade.
Posso dizer que hoje, após 19 anos de carreira no mercado segurador, consegui converter meu time em família e, sem dúvida nenhuma, muito do mérito de eu estar nesse momento figurando em dois livros como uma executiva de destaque no mercado segurador se dá por eu tê-los incansavelmente ao meu lado me apoiando, me encorajando, me dando forças e suporte, para continuar a cada dia seguindo em busca de sucesso e crescimento profissional: para mim e para todos eles!
Algum “pulo do gato” em sua carreira que tenha feito diferença?
Um grande marco na passagem de minha juventude para o início de minha vida profissional foi o fato de eu ter feito intercâmbio. Sempre digo a todas as pessoas: dê esse presente para o seu filho, de ter uma experiência de viver uma vida nova longe dos pais, antes que comecem a vida adulta. Sem dúvida isso fez toda a diferença para as minhas escolhas profissionais e para a minha visão de mundo. No ano 2000 parti para uma experiência de intercâmbio cultural e fui morar na Austrália. Quebrei todos os paradigmas da minha família até então, já que fui a primeira pessoa da família toda que tinha partido para morar fora nessa idade, a despedida no aeroporto foi quase uma carreata, pois naquela época não tinha internet, não tinha e-mail, estava se começando a telefonia celular e eu, uma menina que tinha acabado de fazer 17 anos, estava indo morar sozinha literalmente do outro lado do mundo. Sem me alongar muito em tudo que vivenciei por lá, sem dúvida alguma essa experiência mudou minha vida.
O que o Seguro PASI prevê para este ano? Teremos mais inovações?
O PASI celebra em 2024 a trajetória de 35 anos exercendo um importante papel social no mercado de seguros e tem investido em setores e nos segmentos com maior necessidade de proteção e riscos excluídos, pois são setores que comumente não têm acesso ao seguro. É claro que, com a nossa crescente expansão, uma nova fase surgiu no atendimento das demandas e, assim, nós estabelecemos parceria com uma nova seguradora para gerir nossa operação, enquanto cuidamos da dinâmica operacional, dos corretores, da gestão das carteiras e da concessão da cesta de produtos, coberturas e assistências. Hoje, muitas companhias copiam as nossas coberturas, mas nem sabem que foram lançadas inicialmente pelo PASI.
Podemos dizer que a tecnologia é uma aliada do mundo de seguros?
Uma boa empresa precisa estar conectada com inovações tecnológicas, mas claro, nunca pode deixar de lado sua essência. Nos mantemos ativos e em constante aprimoramento de sistemas e portais para melhor atender corretores, parceiros e clientes. Inclusive, a maior parte das cotações e contratações são efetuadas da forma digital, sendo quase 70% das vendas concretizadas por meio desses canais. Conectados com o futuro, iniciamos estudos de inteligência artificial para propiciar melhoria na análise de sinistros. Atualmente, o PASI conta com vários robôs em atividade, que trouxeram dinamismo nas operações e minimizaram a possibilidade de erros. Hoje são realizados de forma automática todo o faturamento e a movimentação de segurados.
O que mais podemos esperar de avanços?
Está em operação a Cotação Express, assim como os nossos seguros convencionais e imediatos e, como o nome diz, oferecem aos corretores e clientes adesão e implantação imediatas de suas contratações. O PASI se consolidou, mas não parou no tempo – sempre buscou inovação e mudança de posicionamento – para melhor atender seu público. Até o final do ano, o PASI se prepara para o lançamento de um “superapp” que promete revolucionar o mercado com recursos ainda inéditos nas atuais plataformas disponíveis aos consumidores.
Você sempre teve foco inclusive com relação ao seu planejamento financeiro?
Sempre busquei a minha independência financeira, desde bem novinha. Já vendi chup chup (sacolé) na praia no verão, vendia Natura para as professoras da escola, já fiz bico de vendedora de roupa em bazar, tive uma única experiência frustrada e desanimadora como “freelancer” faz-tudo em festa infantil, mas deste meu legado aventuroso em busca de um dinheirinho extra, além da mesada, acho que meu empreendimento mais bem-sucedido foi o de uma “pseudo designer gráfica” que fazia etiquetas para cheques e convites de aniversário em um programa básico de edição de imagens, logo no início da era do computador doméstico, usando uma impressora a jato de tinta. Talvez esse tenha sido meu primeiro contato com o marketing, que foi a área em que iniciei minha carreira imediatamente após o término de minha faculdade.
Como equilibrar vida profissional e pessoal de maneira saudável?
Costumo brincar que tenho vários personagens e cada um acompanhado de um apelido diferente. Para minha família sou “Fafá”, para o meu marido sou “Pequena”, em uma variação para os amigos sou “Bibi” e por aí vai. No mundo corporativo sou Fabiana ou apenas Fabi. Naturalmente essa coisa de ter vários apelidos, cada um para um meio diferente, me ajuda a tirar a roupa profissional pesada que às vezes enfrento com meu nome e com tudo que o envolve no meio profissional. Ser só a “Bibi” ou alguma dessas outras que citei aqui acima, me traz uma leveza necessária e primordial, em que posso usar todos os meus personagens em diferentes versões, em diferentes ambientes, com diferentes pessoas e, ainda assim, ser eu mesma. Acredito que qualquer líder ou qualquer pessoa bem-sucedida em sua carreira, tem que aprender a fazer isso diariamente para conseguir viver todas as partes de sua vida sem confundir os papéis e sem perder a humildade e inocência, de ser comum ou ser ninguém especial em algum momento, ser simplesmente quem você quer ou precisa ser naquele instante, sem dogma, sem culpa e sem a carga que certamente todos nessa posição sempre carregam.
Que conselho você daria com relação à família e vida pessoal?
Pensar que eu aos meus 22 anos, não sabia ao certo tudo que estava por trás da atividade profissional dos meus pais pode parecer loucura, porém, acho que esse tipo de “problema” é muito frequente em vários lares ao redor do mundo. Chamo de “problema”, pois reputo essa questão sendo um dos maiores erros que os pais cometem na criação de seus filhos. Estão sempre correndo, sobrecarregados, dizendo que não têm tempo para os filhos, pois precisam trabalhar. Trabalham de dia, de noite, nas madrugadas, viajam, se ausentam de momentos importantes da vida de seus filhos na maior parte das vezes por este motivo: estão trabalhando! Porém se esquecem de dedicar certo tempo para explicar aos seus filhos o que está por trás desse trabalho, o que os motiva a seguir em frente, as dificuldades que enfrentam a cada dia, as conquistas e desafios por trás de suas atividades profissionais. Se resumem a dizer: “sou médico, sou professora, sou advogado” ou simplesmente “trabalho com seguros”.
O que desejaria mudar no mercado em que atua hoje?
Sempre ouço queixas de corretores de seguros, frustrados, pois não conseguiram fazer com que nenhum de seus filhos seguisse sua carreira e assumisse a sua corretora. Grande parte deles, depois de tantos anos lutando à frente de seu próprio negócio, acabam vendo sua corretora morrer consigo mesmo ao final de sua carreira profissional. Já ouvi diversas vezes a frase “nossa, como seu pai teve sorte” ou “queria que meu filho fosse igual a você”, pelo simples fato de eu ter encarado o desafio e continuado o legado dos meus pais na empresa. Porém, o que a maior parte não sabe, é que foi “altamente por acaso” que tudo isso aconteceu. Meus pais também não souberam vender para mim o “valor” de tudo que faziam e não conseguiram despertar em mim a vontade seguir suas carreiras, não porque eu não tivesse vocação ou vontade de continuar a construção deles, mas pelo simples fato de ter faltado atenção para me explicar, mostrar, me envolver profundamente no mundo profissional deles ao longo de minha criação. Erro simples e básico e tão frequente na formação de diversas crianças por aí. Porém, no meu caso, acho que tiveram “sorte”, já que assim quis o destino, por acaso acabei indo trabalhar na corretora deles e pude descobrir por mim mesma o fantástico mundo por trás de tudo que eles faziam.
A vice-presidência também aconteceu de forma orgânica?
Encarei o desafio de construir uma nova sede e fui me inteirando dos processos e setores. Sim, de forma natural, esse foi o trampolim para todas as demais áreas da empresa. Minha ascensão foi muito rápida, não porque eu era filha do dono ou porque tive facilidades. Pelo contrário! Eu me jogava em tudo, não perdia nenhuma oportunidade de me envolver em nenhum assunto de qualquer área que fosse, e à medida que eu ia dando conta e entregando resultados, ia conquistando meu espaço e o respeito da equipe naturalmente. Os novos profissionais que foram chegando logo após minha entrada também acabaram fortalecendo isso e me empurrando para cima ainda mais rápido. Em 2008 eu já ocupava o cargo de Diretora Executiva da empresa, o que me forçou a não entender só de gestão, processos e pessoas, mas também do negócio e do mercado segurador. E assim foi, de forma intuitiva, autodidata, usando a sensibilidade e os recursos disponíveis em cada ocasião.
Em meio ao sucesso profissional, quando olhou para o pessoal e resolveu agir?
Depois de entender meu propósito e missão na vida, tenho 2014 como um ano marcante, porque foi quando me casei. Eu já estava beirando os 30 anos e na vida pessoal estava vivendo todos os dilemas e angústias de uma típica “mulher balzaquiana”. Além disso, sabia de todos os desafios profissionais que me esperavam pela frente, porém sempre achei fundamental ter uma família e decidi dar um passo à frente. Conheço meu marido desde a adolescência, contudo, cada um sempre viveu sua vida e seu tempo. Aos 24 anos estava em uma fase de transição de vida e foi quando nos reencontramos. Alguns meses depois já estávamos namorando e assim já se vão 17 anos juntos. Somos muito diferentes em vários aspectos e isso traz uma dinâmica que funciona muito bem para a relação, pois no aspecto de relacionamentos eu sempre gostei de fugir do óbvio. Tenho muito orgulho da história que estamos construindo juntos, somos muito parceiros e ele sempre me apoiou em todos meus projetos e sonhos.
A maternidade lhe trouxe lições aplicáveis no mundo corporativo?
A minha experiência como líder me preparou um pouquinho para a maternidade. E descobri que esse “pouquinho” era bem “pouquinho”, como toda mãe de primeira viagem descobre: na raça, com suor e lágrimas! Sim, eu me deparei com a dificuldade de engravidar. Foi uma saga a minha luta pela maternidade, que durou anos. Durante todo esse processo sofri calada, nunca deixei que ninguém soubesse pelo que estava passando e jamais deixei isso afetar meus compromissos profissionais e produtividade. Acabei depois entendendo o sentido de eu estar passando por aquele processo. Eu precisava passar por uma evolução espiritual e, quando entendi isso, dei à luz Chiara, em julho de 2017.
Qual seu maior desafio diante de tanta bagagem pessoal e profissional?
Chiara trouxe leveza e um sentido incondicional à minha vida. Me descobri uma mãe como jamais imaginei que fosse. Ela quebrou todos os meus paradigmas de personalidade, de conduta, e de controle. Chiara é uma menina incrível e especial, que me ensinou muito antes de nascer e que me ensina ainda mais a cada dia. Que me faz viver o lado leve e doce da vida que, às vezes, no duro campo de batalha profissional, a gente acaba se esquecendo que existe. Sem dúvida esse é o meu desafio todos os dias: ter que fazer escolhas profissionais em detrimento de renúncias dos momentos em que poderia estar com a minha filha. Porém, ao vê-la fingindo ser a mamãe pegando o computador, o celular e o caderno para brincar que está trabalhando, vejo que minha construção tem feito sentido e talvez eu consiga não ser como muitos dos pais que não conseguem transmitir aos seus filhos o sentido de sua ausência por estar trabalhando.