A fantástica fábrica de felicidade da rede social

Você provavelmente já se sentiu mal ao observar as redes sociais e verificar o quanto as pessoas são felizes em suas publicações, não é mesmo? Mas, e seu lhe disser que esse mundo colorido não existe realmente? Resolvi conversar com você sobre esse assunto porque recentemente uma paciente me apresentou algumas queixas e desconfortos por não alcançar a beleza de outras mulheres nas redes sociais. Ela dizia estar longe do “corpo escultural” e das inúmeras experiências culturais e sofisticadas de determinadas pessoas que seguem seu perfil naquela rede social de fotos e vídeos. Mas, da mesma forma que perguntei para ela, eu pergunto para você: será que as pessoas realmente publicam a vida real ou apenas compartilham recortes que não demonstram o contexto verdadeiro de suas experiências?

É importante compreendermos que as redes sociais se tornaram um grande mercado de negócios e que
todo material que ali é publicado também pode se transformar em um produto. E como produto, será
que seus produtores e/ou vendedores não irão se preocupar com a embalagem ou com impacto que uma foto irá causar em seus seguidores? Saiba você que muitos perfis utilizam estratégias de divulgação, estratégias de vendas e até mesmo de conexão com seu público. Mas, focando nos exemplos que a paciente apresentou “mulheres que se tornaram mães, mas que apresentavam rapidamente um corpo definido e um sorriso no rosto”, eu digo que dificilmente essas personagens de destaque seguem a rotina da maior parte das mulheres de nosso país. Quantas mulheres contam com várias babás, cozinheiras ou ajudantes para as tarefas diárias da casa e da família? Quantas das nossas guerreiras brasileiras não precisam trabalham horas e horas e quando chegam em casa encontram uma imensidão de tarefas (o serviço doméstico parece não ter fim)? Será que realmente todas as mulheres conseguem gastar rios de dinheiro com procedimentos estéticos e produtos infinitos que prometem a beleza feminina, enquanto os preços dos itens básicos de sobrevivência não param de subir?

É muito provável que você tenha respondido que dificilmente a maior parte das mulheres conseguirá
viver exatamente como as personagens que elas tanto idolatram. E, nesse ponto, precisamos esclarecer o primeiro fator necessário para nossa saúde mental: NÃO PODEMOS NOS COMPARAR com absolutamente ninguém! Não podemos avaliar nossa vida a partir das experiências dos outros, muito menos a partir das inúmeras publicações em redes sociais, já que dificilmente você encontrará alguém postando foto de um prato simples de comida, dos choros, das brigas, dos próprios desafios emocionais ou do quanto o tal “sucesso” está sendo pesado para elas. Digo para você: tem muitas pessoas pregando e vivendo um mundo colorido nas redes sociais, mas não conseguem provar sequer um minuto de satisfação ou felicidade genuína em sua vida real. Afinal, essa tal felicidade não vendida em nenhuma prateleira de farmácia ou conveniência. Ela, antes de tudo, é conquistada por nossa habilidade de enxergar a beleza nas pequenas coisas, agradecer por pequenas conquistas e até por acordar todas as manhãs. Eu sei que parece cliché, mas me diga: quantas pessoas de sucesso financeiro ou artístico você conhece que já passou ou está passando por quadros depressivos ou mesmo que dizem viver uma insatisfação constante? É mais comum do que você imagina! E esse desgosto que surge em qualquer pessoa pode ser fruto da adaptação psicológica diante das experiências da vida – aquilo que antes alimentava a alma e enchia o coração de alegria, hoje já se tornou um fardo de rotina que além de cansar, causa muito estresse físico e psicológico.

É por esse motivo que precisamos treinar continuamente a nossa habilidade de enxergar e viver a vida pelas lentes da felicidade, além de manter um corpo equilibrado para não se tornar um terreno propicio para as doenças. Em outras palavras, quero dizer para você enxergar a felicidade que já existe ao seu redor, mas claro, se você estiver com desequilíbrio em algum neurotransmissor essa identificação poderá ser mais difícil, mas não impossível. Por esse motivo, avalie a qualidade do seu corpo físico e verifique os níveis dos seus elementos químicos necessários para a qualidade de vida, mas nunca se esqueça de que a sua felicidade ou suas conquistas jamais deverão ser medidas pela vida das outras pessoas, principalmente aquelas que você conhece apenas pelas redes sociais.

E lhe digo mais: se você continuar se comparando com as personagens das redes sociais ou com seu vizinho que tem uma grama mais verde, sua vida irá ficar estagnada, pois a grama precisa ser cuidada e todo lindo jardim requer esforço para seu plantio e sua manutenção. Portanto, entenda que todas as conquistas que as pessoas demonstram não vieram de graça, mas sim com inúmeros movimentos de realização e que elas dificilmente irão lhe mostrar os bastidores vividos realmente. E, nesse contexto, convido você a deixar de olhar o perfil do seu vizinho para começar a observar o seu próprio perfil, sua história, suas habilidades, seus desafios, seus pensamentos, suas escolhas e suas ações.

Por Marcos Pereta
Psicoterapeuta com pós-graduação em Nutrição Clínica Ortomolecular, pós-graduação em Neurociência e especialização em Teoria da Inteligência Multifocal e Gestão da Emoção.
@m.pereta
www.mpereta.com.br

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