Segundo pesquisa, 61% dos brasileiros não estão felizes com a aparência
É fato. Quando você não está feliz com o que vê no espelho, sua frustração se reflete em várias esferas. Uma pessoa infeliz consigo mesma não produz bem no trabalho, não exercita a criatividade, coloca empecilhos na vida amorosa e entra em conflitos pessoais constantemente. Se você sofre com isso, saiba que não está sozinho.
Uma pesquisa feita em países da América Latina sob encomenda da Merz Aesthetics, companhia de medicina estética parte do Grupo Merz, informa que 61% dos brasileiros não estão felizes com sua aparência. O levantamento online foi realizado pela Ipsos nos meses de julho e agosto de 2021 e ouviu 4.019 homens e mulheres, com mais de 25 anos, que tenham realizado procedimentos estéticos faciais injetáveis não cirúrgicos nos últimos 18 meses ou tenham interesse em fazer procedimentos estéticos faciais injetáveis não cirúrgicos futuramente, no Brasil, na Colômbia, na Argentina e no México. O estudo apontou que, nos últimos 18 meses, 71% dos entrevistados mudaram seus hábitos e se preocuparam mais com a saúde e o bem-estar. Enquanto, 58% afirmaram que passaram a procurar ou procuraram pela primeira vez procedimentos estéticos faciais injetáveis não cirúrgicos.
Gisela Rao, autora do livro “Não comi, não rezei, mas me amei”, da Editora Matrix, vigiou sua autoestima durante 365 dias e tornou-se uma espécie de expert no assunto. Para ela, autoestima é como um tanque de combustível de carro: é preciso sempre prestar atenção no nível e, claro, a pandemia contribuiu para que a autoestima de todos tivesse uma queda. “Ainda precisamos do olhar do outro para nos validar e não estamos tendo esse olhar. Também nos cuidamos menos na pandemia: menos médicos, menos maquiagem, engordamos, etc. Mas precisamos lembrar que autoestima é nossa ‘tupperware’ de qualidades. Temos que estar o tempo todo lembrando quais são nossas qualidades porque elas nos conferem valor e nunca podem ser tiradas de nós”.
Outra pesquisa realizada pelo Projeto Dove pela Autoestima mostra que 84% das brasileiras com 13 anos já usaram algum tipo de filtro nas redes para mudar sua imagem em suas fotos. Ainda, 78% delas tentam mudar ou ocultar pelo menos uma parte ou característica de seu corpo que não gostam antes de postar uma foto de si mesmas das redes sociais. “As redes precisam ser dosadas porque existem os dois lados: o exagero do apelo estético e, ao mesmo tempo, quando você se sente sozinho ou acontece algo e publica nas redes, vem a solidariedade dos amigos, por exemplo”, fala Rao.
De acordo com a autora, a chave para manter a autoestima bem é não se depreciar. “A autodepreciação é o que nutre a baixa autoestima. Por isso, para cada autodepreciação, mande duas ‘preciações’. Evite também lista de infelicidades. Prefira as de felicidades e, sim, existem muitas coisas que te deixam feliz. Acredite! A autoestima é uma das chaves da felicidade. E a tal história: se não amo a mim mesma, como amarei os outro e como a vida há de fluir. Se você não se ama e pra muita gente é difícil entender esse conceito porque não tiveram referência de amor, então tente ser mais generosa(o), honrando e elogiando pequenas conquistas”, ensina.
Além de tudo o que já falamos, a autoestima também eleva a saúde mental. O Dr Gregor Osipoff, psicanalista e pós graduado em neurociência, explicou essa relação.
Qual a importância da autoestima para a saúde mental da pessoa?
A autoestima é quase a formula básica que cada um sente e se percebe para a harmonia pessoal, em relação ao mundo que a pessoa vive. A saúde mental está ligada a vários fatores e um deles é como a pessoa conduz emocionalmente as suas expectativas quanto ao seu desejo e da sociedade que a circunda. Agora na pandemia ficou mais difícil esta forma de se perceber, tudo vem muito forte, problemas que enfraquecem as questões emocionais de cada um. Uma pessoa com boa autoestima e, falamos assim, pois cada um se percebe nesta regulação da estima, pela forma que se vê, deve ser nem muito e nem pouco. Para harmonizar, é necessário traçar metas factíveis e a autocobrança seja equilibrada.
A baixa autoestima pode levar a um quadro de depressão?
Sim, pode, mas devemos tomar muito cuidado com esta afirmação, já que existe a percepção social da depressão e a questão da doença depressão. Podemos atribuir sim que pode levar as pessoas para um quadro depressivo, em situações específicas e que cada um está passando, não podemos generalizar. Pois cada um sente de forma particular, e uma enorme gama de possibilidades pode levar a isso. A depressão é uma doença muito grave, mas não está associada diretamente a baixa autoestima, mas pode ser um dos muitos fatores que compõem o diagnóstico. Os dois casos podem e devem ser tratados em consultório.
O que fazer para alimentar a autoestima e para ter uma saúde mental equilibrada?
Primeiro, ter uma saúde mental equilibrada é uma tarefa árdua que todos nós devemos praticar diariamente, em tempos de pandemia, tudo se potencializou. Agora devemos começar pelas pequenas coisas, um passo de cada vez, em muitos momentos queremos resolver tudo de uma vez, embolando e deixando tudo mais confuso. Primeiro passo é começar a se perceber, se olhar, se admirar nos seus pontos que considera forte, uma visão positiva da sua própria vida, depois buscar fazer coisas que lhe fazem se sentir bem e mais empoeirada e trabalhar a sua autocensura e começar a acreditar que é capaz de fazer tudo aquilo que deseja. Mas tudo isso muitas vezes sozinho é difícil, por isso uma ajuda profissional pode dar uma alavancada e te colocar em outra posição que mais lhe agrade, e que em muitos casos a pessoa nem sabe o que deseja, não se sente capaz até de se perceber como qualidade no mundo que vive. A maior problemática em muitos casos é a pessoa viver isso tudo e um dia querer mudar toda a forma que conduziu sua vida, por isso o equilíbrio não é mudança radical, tipo, – a partir de hoje serei assim… o equilíbrio é começar aos poucos se perceber no seu próprio mundo e se olhar e sair aos poucos daquilo que idealiza para o mundo que a rodeia.