Consumo de álcool cresce durante a pandemia

Porque vivenciamos uma glamourização da bebida e o que os especialistas dizem sobre isso

Nos dois últimos anos em que sofremos com o confinamento, podemos dizer que houve uma mudança de hábitos inclusive global. Sim, não foi apenas no Brasil que se aumentou o consumo de bebidas e comida, até porque, todos tivemos que nos readaptar a uma realidade dura, de dividir afazeres domésticos com profissionais, de enfrentar o medo da Covid-19 e de conseguir uma maneira de relaxar em meio a tantas notícias ruins. Com o aumento do número de infectados no mundo, veio também o aumento de cobrança e produtividade por parte de algumas empresas e setores e o caos se instalou em diversos endereços, ao mesmo tempo.

Para a fisiologista Bianca Vilela, de certa forma tudo se tornou denso, pesado e estressante. O resultado é que uma pesquisa realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 33 países mostrou que 42% dos entrevistados, no Brasil, relataram alto consumo de álcool em 2020, durante o período de pandemia e isolamento. Um outro estudo, realizado nos Estados Unidos e publicado no American Journal of Drug and Alcohol Abuse, revelou que as chances de consumo de álcool entre bebedores compulsivos (homens que consomem 5 bebidas ou mais em 2 horas e mulheres que ingerem 4 bebidas ou mais no mesmo período) aumentam em 19% a cada dia de lockdown.

O problema é que as pessoas costumam dizer que bebem socialmente. Mas o que é o beber socialmente? No isolamento pudemos acompanhar uma chuva de lives regadas a muitos drinques de diversos tipos. Agora, com a volta dos happy hours, está cada vez mais comum notarmos que as mulheres se tornaram grandes consumidoras de bebidas alcoólicas. É preciso ter um limite para a glamourização da bebida alcóolica”, alerta a profissional de saúde. De acordo com Bianca, é necessário saber os malefícios que essa droga lícita causa para o organismo. “O consumo do álcool interfere desde a qualidade do sono, ao rendimento profissional…, de treino para esportistas, etc., chegando a casos mais graves, que podem até mesmo levar a morte”, alerta.

Para o psicólogo Dr José B Raucci, diretor da Nuovavita Psicologia e Capacitação Profissional, tudo se resume a uma questão: autocontrole. “A bebida alcoólica até certo ponto, sem nenhum ponto de apoio, é uma forma de compensar a triste realidade atual. Óbvio que não pretendo justificar. Só me parece um modo de apoio, não uma fuga da realidade, ansiogênica para todos”, explica. O profissional ainda ressalta que as bebidas alcoólicas não se devem ser um refúgio, mas sim um passatempo controlado. “É claro que é preciso estar de olho na quantidade, na frequência, se o consumo chega a atrapalhar os afazeres profissionais e pessoais porque sabemos que diante de tantas dificuldades é quase impossível não passar do limite”.

Quando consumido de maneira dosada e responsável, o álcool não precisa ser visto como o vilão da história. Você já escutou que uma tacinha de vinho tem benefícios para o corpo? Isso, é a mais pura verdade. A bebida ajuda a reduzir o colesterol, previne doenças cardíacas e até a obesidade. A cerveja também tem vários benefícios para a saúde, entre eles, fortalecer os ossos, manter os rins saudáveis, proteger o cérebro, reduz os riscos de desenvolver câncer e as chances de ter diabetes, combate ao estresse e resfriados e aumenta imunidade.

Todas essas informações estão validadas por pesquisas publicadas no Journal of the Science of Food and Agriculture, Clinical Journal of the American Society of Nephrology e no Centro Germânico de Prevenção ao Câncer e divulgado pelo Centro de Oncologia e Hematologia Multihemo. Outras matérias também anunciaram benefícios do consumo controlado através de um estudo espanhol realizado na Universidade de Barcelona, em parceria com o Hospital Clínico de Barcelona e o Instituto Carlos III de Madri e em outra análise realizada em Santiago do Chile pelo Instituto de Ciências da Faculdade de Medicina Clínica Alemã-Universidade do Desenvolvimento.

Karina Borges, Nutricionista Clínica do Hospital Previna e Docente do Curso Técnico em Nutrição da ETEC Centro Paula Souza explica que as bebidas alcoólicas contem etanol na sua composição, produzindo a fermentação de açúcares, contidos nas frutas, grã ou caules por isso deve-se atentar ao consumo. “O vinho e a cerveja são dois tipos de bebidas alcoólicas comumente consumidas, porém em grandes quantidades pode trazer malefícios à saúde. O consumo indicado para mulheres é sempre uma taça de 150 ml vinho ao dia e para homens é de duas taças de 150 ml ao dia. Já a cerveja é uma bebida bastante calórica devido a cevada que é um tipo de carboidrato, então ela pode sim atrapalhar o emagrecimento e influenciar no ganho de gordura abdominal. Não existe um tipo de quantidade recomendada para consumo, pois em média uma latinha de cerveja contém 350 ml e possui 180 kcal”.

Segundo a especialista, vale lembrar que o mais indicado é o vinho seco, que contém flavonoides que são antioxidantes que previnem o envelhecimento celular. As quantidades acima disso podem interferir no ganho de peso corporal, aumento de gordura, e sobrecarga do fígado. “É preciso deixar claro que o que varia a quantidade calórica é a quantidade de álcool que contém na composição da cerveja. Por isso, recomendamos o consumo esporádico de uma latinha por semana para mulher ou duas para o homem para que não tenha acúmulo calórico e não interfira na absorção dos nutrientes”, finaliza.

 

 

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