Salvem as abelhas!

O Meio Ambiente é complexo, devido a muitos processos e inter-relações entre os seres vivos. Muitos ainda não são conhecidos, principalmente relacionados as atividades do homem e sua interferência no meio ambiente. A LEI Nº 6.938/1981 traz o conceito de meio ambiente, em seu artigo 3º: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Quem viveu os anos 80 se lembra da campanha “Salve as Baleias”, lançada quando instituições de pesquisa perceberam a diminuição de indivíduos, e espécies, devido à caça predatória para fins comerciais. Hoje, lidamos com o invisível na alteração dos ambientes. Nas cidades temos ambientes construídos com perdas de funções ambientais importantes. Eliminamos insetos e “pragas urbanas” e extinguimos abelhas. O problema é que muitas plantas dependem das abelhas, da sua polinização para reprodução e também o processo de sucessão florestal, principalmente em áreas degradadas. Os serviços ambientais prestados pelas abelhas já foi calculado em aproximadamente 12 milhões de dólares, quase metade das culturas dependem das abelhas para polinização e produção de alimentos.

Valores da polinização

A Publicação de 2016, The assessment report on POLLINATORS, POLLINATION AND FOOD PRODUCTION SUMMARY FOR POLICYMAKERS apresenta 23 importantes valores da polinização, dentre elas selecionamos algumas:

– A polinização pelos animais desempenha um papel vital para regulação dos serviços ecossistêmicos na natureza. Quase 90% das espécies de plantas com flores silvestres dependem da transferência de pólen pelas abelhas. Estas plantas são críticas para o funcionamento contínuo de ecossistemas, pois fornecem alimentos, formam habitats e fornecem outros recursos para uma ampla gama de outras espécies.

– Muitas das mais importantes safras comerciais se beneficiam da polinização animal em termos de rendimento e / ou qualidade e são os principais produtos de exportação em países em desenvolvimento (por exemplo, café e cacau) e países desenvolvidos (por exemplo, amêndoas), proporcionando emprego e renda para milhões de pessoas.

– A grande maioria das espécies de polinizadores é selvagem, incluindo mais de 20.000 espécies de abelhas, algumas espécies de moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouros, pássaros, morcegos e outros vertebrados. A abelha melífera ocidental (Apis mellifera) e a abelha oriental (Apis cerana) têm ampla distribuição.

– A apicultura fornece uma importante fonte de renda para muitos meios de subsistência rurais. Também foi observado que as mudanças climáticas causam diminuição das abelhas nos extremos de calor como abelhas do Gênero Bombus, também conhecidos como zangões, já estão em risco de extinção.

A publicação do IBAMA: SELEÇÃO DE ESPÉCIES DE ABELHAS NATIVAS PARA AVALIAÇÃO DE RISCO DE AGROTÓXICOS/IBAMA, conclui a necessidade de mais estudos sobre a biologia e o manejo das abelhas nativas, pois as informações disponíveis são direcionadas para a espécie introduzida Apis mellifera. Além disso, informações de abelhas nativas nos ambientes agrícolas, incluindo plantas cultivadas e de crescimento espontâneo, são extremamente escassas.

– Por fim, estudiosos já correlacionaram o uso de alguns tipos de agrotóxicos à extinção de abelhas como pesticidas à base de neonicotinoides e fipronil, utilizados por aqui, mas que já foram banidos em alguns países da Europa, além já do “famoso herbicida” Glifosato.

Por Francis Saliba
Ecóloga/UNESP, consultora em gestão ambiental, licenciamento, resíduos, auditorias, elaboração de projetos, contratos e treinamentos
@francys_saliba

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