Ao pisarmos no chão, estamos soltando “carga” nos pés, aonde vai principalmente para a fáscia plantar, que é um tecido conjuntivo que se estende do calcanhar até os dedos dos pés, sendo fundamental para a sustentação da base do pé e para absorver o impacto de atividades como caminhar e correr.
Para diminuir esse impacto, Dr. José Machado, ortopedista especialista em coluna, indica um amortecedor no calçado, para evitar possíveis lesões no tendão e até na coluna, além de garantir mais desempenho para uma prática prolongada de atividade física. “Por isso, ninguém faz atividade física de rasteirinha, por exemplo. O mesmo acontece com nossos pés no dia a dia, onde se usamos uma rasteirinha, o peso do corpo vai 60% para a parte posterior dos pés e 40% para anterior. Ou seja, se houver algo que eleve esse pé um pouco para trás, esse equilíbrio será mais estável”, ensina. Nesse sentido, o especialista diz que um calçado totalmente sem salto pode ser tão prejudicial para a saúde dos pés quanto um com salto muito alto. “Sapatos completamente planos e sem amortecimento podem aumentar a pressão em áreas como os calcanhares, articulações e coluna, podendo levar a problemas como dor nos pés, nas costas e até fascite plantar”, indica Machado. Pensando na anatomia dos pés, o ortopedista indica um salto de até 4 centímetros, onde o equilíbrio do corpo se mantém entre as partes posteriores e anteriores das solas dos pés. “Um salto pequeno, como os de sandálias baixas ou sapatilhas, geralmente não causa mal quando usado com moderação, mas pode ter alguns impactos dependendo do design e do suporte oferecido pelo calçado. Se o sapato não oferecer um bom apoio para o arco do pé ou for muito plano, pode aumentar o risco de problemas como dor nos pés, nos joelhos e na lombar, especialmente em quem já tem alguma predisposição, como tendência à fascite plantar ou ter pés planos”. Em geral, um leve salto de 2 a 3 centímetros é considerado benéfico, pois ajuda a distribuir melhor o peso do corpo e alivia a pressão sobre o tendão de Aquiles. “No entanto, sapatilhas ou sandálias muito finas ou com solas rígidas podem não oferecer amortecimento suficiente, o que, com o tempo, pode levar a desconforto ou dores em áreas como os calcanhares”, pontua. Ele recomenda cautela com saltos acima de 5 centímetros. “A partir dessa altura o impacto sobre a distribuição do peso aumenta significativamente. Inclusive, as dores nas costas ocorrem neste contexto: se você já tem um desgaste ou alguma alteração e não sente nada normalmente, mas ao colocar salto sente incômodo, é porque está levando uma curvatura acima do normal a uma região (lombar) que já está machucada. E é aí que começa o processo inflamatório”.