Por Renata Rode
Resolvi que seria jornalista aos nove anos de idade, ao assistir a notícia da morte do presidente Tancredo Neves. Lembro que morava em um sobrado na parte de trás da pista do aeroporto de Congonhas, e estávamos eu e meus irmãos no quarto enquanto eu assistia pela TV ao noticiário e olhava a repórter cobrindo o fato histórico e, de longe, via o avião oficial na pista aguardando para o traslado do corpo. Então decidi que queria estar ali, onde quase ninguém podia estar, e assim optei pelo jornalismo.
Sou da época em que as famílias iam para as ruas reverenciar heróis e nunca me esquecerei do dia em que demos adeus ao único Ayrton Senna. Essa foi a segunda vez que senti por não estar formada para poder acompanhar e informar as pessoas e assim cresci, reparando o impacto que a comunicação tinha na vida de todos. Comecei a trabalhar aos 13 anos de idade e entendi que na minha vida tudo dependeria única e exclusivamente do meu esforço.
Com essa mentalidade ingressei no curso de comunicação da FIAM em 1994, e ali começou uma trajetória repleta de altos e baixos. Eu trabalhava e pagava minha faculdade, e olha que estudava de manhã. Morava nessa época na zona norte, em Santana e pegava dois ônibus e um metrô para chegar ao campus no Morumbi. Quantas vezes não saí de casa com tudo escuro, parecendo noite? E era à noite que eu voltava porque trabalhava até as 22 horas em uma escola de inglês, na parte de marketing e comunicação depois de ter estagiado e até feito clipping em outras empresas menores.
É gratificante ver seu trabalho evoluir ao longo da jornada. Aqui, apenas estou pincelando minha trajetória porque se for escrever sobre todos os lugares e experiências que tive, vai parecer que tenho 84 anos. A menina que se formou em 1997 sempre foi eclética, multifacetada e adora aprender até hoje. Aliás, o principal aprendizado que fica: é errando que realmente a gente aprende, afinal, dos tombos em que os joelhos ficam marcados e doloridos, vêm as lembranças e lições da vida. Aí, o gostinho de chegar no topo é mais saboroso: a frase “o que vem fácil, vai fácil” é a mais pura realidade. É preciso lutar, perseverar, dedicar-se e amar o que faz para errar, levantar-se, assumir o erro, aprender com ele e seguir em frente. Só não vale persistir no erro, hein? Mas isso é assunto para a próxima edição.