Dr. Pedro Soneghet: o nome além da medicina

“O paciente precisa ser ouvido e ser tratado como um todo, não só a sua lesão”

Por Larissa Roma

Formado em medicina pela Faculdade de Medicina de Sorocaba (PUC-SP), o Dr. Pedro Soneghet Gomes já exerce o propósito de tratar pacientes como um todo. O médico, que fez residência de ortopedia no Departamento de Ortopedia e Traumatologia (DOT) da EPM (UNIFESP), reconhece a importância da medicina integrativa e do atendimento humanizado. Com fellowship de traumatologia ortopédica pelo grupo de Trauma do DOT/EPM-UNIFESP e fellowship de traumatologia do esporte pelo Centro de Traumato-Ortopedia do Esporte (CETE) DOT/EPM — UNIFESP, o médico também é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE). Em entrevista exclusiva à coluna, ele falou sobre a expectativa para o futuro e a importância da conexão com o paciente, que é seu propósito de vida.

Qual foi o momento em sua carreira em que você se sentiu mais realizado?

Quando divulgaram o resultado da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Estava no final da minha residência (R3), imaginem a alegria de ver o meu nome e dos meus colegas aprovados, num ano com alta taxa de reprovação. A vitória coletiva enalteceu esse momento — Enfim, ortopedistas!

Quais são os principais desafios que você enfrenta na sua prática profissional e como você os supera?

São os casos nos quais as escolhas de tratamento não são óbvias. Nesses episódios, trato o paciente como um todo, não só a lesão. Há uma demanda funcional que busco restabelecer. O paciente precisa ser ouvido em relação ao que espera do tratamento, para assim adequar o plano e garantir cooperação.

Procuro na literatura tratamentos que apresentem resultados promissores e mesclo os conhecimentos com as opiniões de colegas, porque a visão de alguém que esteja fora do problema pode clarear os pensamentos.

Quais são os valores e princípios que guiam o seu trabalho na área da saúde?

Acolhimento: Quem é o paciente e o que o problema representa para ele? Ouvir mais do que falar. Isso me aproxima dele, para caminharmos juntos rumo ao tratamento. Além disso, pratico excelência através do aperfeiçoamento próprio para melhorar a prática da medicina. Busco sempre me atualizar, o que é o diferencial na qualidade de vida do meu paciente. E por fim, é preciso ter humildade: não deixar a experiência subir à cabeça. Detalhes mudam a terapêutica e é preciso estar ávido por aprender sempre.


Como você vê a importância da conexão entre a mente e corpo na promoção da saúde e do bem-estar?

Os melhores pacientes que atendi possuíam uma rotina de atividade física e pensamento focado na cura. Otimismo foi evidenciado como fator para melhora de lesões (protocolo PEACE & LOVE). O paciente ativo reabilita melhor. Corpo e mente bem trabalhados funcionam como prevenção para evitar lesões e para se recuperar delas.

Quais são as principais tendências e avanços que você observa na medicina e na área da saúde atualmente?

A saúde é custosa, então formas de evitar desperdícios são foco das pesquisas atuais. No Brasil ainda engatinhamos nesse aspecto. Quanto aos avanços destaco os melhores tratamentos (resultados clínicos) pautados em custo-benefício, visando a melhor escolha para os pacientes e novas técnicas e materiais cirúrgicos que mudam o jogo.

Como você lida com situações de estresse e pressão no ambiente de trabalho?

É importantíssimo estar focado e ter um planejamento prévio da cirurgia. Estando pronto mentalmente, embasado no que há de mais atual no tratamento, as incertezas diminuem junto ao estresse da situação, afinal de contas “Eu me preparei”. A pressão vai existir de qualquer forma, por isso estudo tanto, para não deixar que ela atrapalhe as decisões. É meu dever para com o paciente respirar fundo e recuperar o foco.


Quais são as principais lições que você aprendeu ao longo da sua carreira na área da saúde?

Aprendi que devemos amparar o paciente, não assumindo uma atitude pessimista, mas sempre transmitindo cenários reais para evitar ilusões. Quem sabe o que enfrenta tem mais chances de ajudar no tratamento. Existem níveis funcionais excelentes após traumas graves, quando o prognóstico esperado era péssimo e casos simples que apresentaram desfechos ruins. A multifatoriedade na medicina dificulta previsões.


Qual é o impacto que você deseja causar na vida dos seus pacientes e como você busca alcançá-lo?

Busco tornar o paciente parte da solução, ao esclarecer o caso e falar dos tratamentos durante a consulta para situá-lo. É gratificante abrir um exame junto do paciente e ver que está compreendendo o que aquela imagem significa. Acho que o meu maior objetivo é acabar com as dúvidas, evitando que se transformem em ansiedade. O medo de se mover pode transformar uma dor em depressão grave.

Gosto de falar: “O paciente ortopédico não está doente, está quebrado. E o que estiver quebrado, a gente conserta!”

Que conselho você daria para jovens profissionais que estão iniciando a carreira na saúde?

Tenha em mente que, todos os anos, são formados muitos médicos, o que reflete na concorrência do mercado de trabalho. Minha primeira dica se refere ao aprendizado: não pare no tempo, assim você se mantém pronto para entregar um melhor tratamento aos seus pacientes. Depois, é preciso entender que sim, existe vida fora da medicina, já que muitos anos dedicados a aprender e praticar medicina prejudicaram o conhecimento nos âmbitos financeiro e jurídico. Estude como construir patrimônio a partir do trabalho, um dia vai precisar cuidar de si mesmo, médicos não foram feitos para aposentadoria. Estude seus direitos e deveres, você é um cidadão e deve estar pronto para defender o que é seu. E por fim, evite o modo automático: longas jornadas de trabalho sem descanso são prejudiciais para você e seus pacientes. Sua mente precisa estar descansada para estar atenta.

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