Abrir o guarda-roupa e separar a lingerie do dia é martírio ou prazer? Se for martírio é porque a lingerie não representa o estilo pessoal e muito menos aquela sensação reconfortante de comodidade, mas, se for prazer não tem nada melhor do que usar AQUELA PEÇA que simboliza o lifestyle e que nem é lembrada que está sendo usada de tanto que abraçou o corpo. Mas infelizmente não é assim!!! A lingerie ainda não é a melhor amiga. É de surpreender não é mesmo? Em pleno século XXI!!
Já se perguntou por quê? É porque a escolha da roupa íntima para se unir á imagem pessoal e ao look ainda é conflituoso. Na maioria das vezes a preferência da compra está de mãos dadas com o modismo, com o palpite da amiga, da irmã, da vendedora da marca e por aí vai. As opções são inúmeras, variedades não faltam, mas a decisão desta ou daquela lingerie sofre interferências que atropelam o estilo próprio provocando o sentimento de arrependimento de ter comprado a calcinha pequena, o body apertado ou o sutiã que só fica subindo nas costas.
A lingerie (calcinha, sutiã, body, bermuda modeladora, meia calça) é a peça do guarda-roupa que é esquecida, deixada para depois, lembrada de última hora, comprada por impulso, de qualquer cor. E com esta atitude, impetuosa, a escolha da peça não é planejada e muito menos conectada com o estilo e com a utilidade e durabilidade em longo prazo. Com isto a gaveta de lingerie fica entulhada com peças que não estão alinhadas com a necessidade diária e nem confortáveis com o biótipo (tipos de corpos) causando assim a indesejada obrigação de ter que usar lingerie.
Assim ela vai se tornando a vilã do look e o monstro do espelho.
O conforto e a compatibilidade da lingerie com o corpo e no corpo faz toda a diferença para a autoimagem, confiança e autoestima positiva. Usar o que agrada é uma forma de expressar o autocuidado e, no caso da lingerie, este autocuidado é um ato de amor com o corpo e com a saúde intima. Não importa se ela está sob a roupa ou se ela está como sobreposição no look,
a diferença que ela faz para cada mulher é a escolha pessoal em sintonia com o estilo.
Admirar lingerie na vitrine ou nos e-commerces já é o inicio de uma amizade com a peça. É a imagem visual projetada no inconsciente gerando desejo de compra e de uso imediato. É a similaridade com o estilo, com a modelagem, com a cor, com os apetrechos que compõem a peça tornando-a atrativa.
Mas existem inúmeros modelos de lingeries e isto confunde um pouco a mente quando não se tem a definição clara do que usar. A lingerie é confeccionada com características marcantes que causam impactos visuais diferentes em cada mulher: isto, é o estilo se expressando na mente gerando a necessidade do consumo, identificação e admiração.
A moda dita o que usar, mas o estilo pessoal é o fator determinante do desejo. E com a lingerie não é diferente, ela tem características de estilos que são identificadas das seguintes formas:
Estilo Urbano: é a lingerie prática, confortável. É aquela peça curinga do guarda-roupa que é lembrada para se usar diariamente. Mas se engana quem pensa que é aquela lingerie sem graça, sem identidade. O sutiã e a calcinha do estilo urbano são peças mais retas, sem apetrechos, sem renda, sem detalhes. Um exemplo é a calcinha shortinho ou a boy friend. Este estilo de lingerie não é chamativo com estampas e nem de cores: quanto mais neutro melhor. Quanto mais confortável melhor.
Estilo Sexy: é a lingerie que valoriza as curvas do corpo pois são mais atrativas sensualmente. Logo vem no imaginário aquelas peças minúsculas e desconfortáveis, não é mesmo? Não é assim mais não. A lingerie do estilo sexy comunica sedução pelos detalhes. Marcante e provocativa com duas características predominantes: transparência e cor. A transparência é o principal comunicador visual de sedução e a cor é o segundo. Esta depende do gosto pessoal (preta, vermelha, azul marinho, bordô …) e quando harmonizada com o subtom de pele valoriza mais a peça e os contornos da silhueta tornando-a mais atraente com a cor ideal sobreposta no corpo. A harmonia visual é positiva e marcante. O recorte da calcinha (mais cavada) e do sutiã (mais decotado, mais aberto no colo e às vezes com decote mais profundo) apresenta-se mais insinuantes, mostrando o corpo de forma mais sedutor e atrativo. Mas nem sempre o minúsculo modelo que determina a sensualidade da peça: tanga ou caleçon são exemplos opostos de modelagem de calcinhas, mas são sexy quando são compradas no tamanho correto. A primeira é pequena, com lateral super fina e as costas mais cavadas e a segunda opção é totalmente larga do quadril até a cintura e, não deixa nada a desejar no estilo sexy de lingerie, pois é feita com tecidos transparentes como renda ou microtule.
Estilo Criativo: a lingerie, deste estilo, é totalmente alegre e desconstruída. A modelagem é diferente, com recortes inusitados. É uma lingerie inovadora, com cores vibrantes, fortes e atraentes. Tonalidades claras das peças de baixo não compõem o guarda-roupa deste estilo, que gosta de usar mix de cores trazendo uma identidade própria, criativa no look.
Estilo Romântico: Quanto mais delicado e clarinho melhor. Sabe aquele look candy colors – cores açucaradas? – pois é, é o estilo da lingerie romântica. Renda, fita e frufrus não podem faltar. E surge a dúvida: Como não transmitir infantilidade ou fragilidade na lingerie romântica que parece roupa para bonequinha? E agora? Abuse das cores de uma forma diferente, escolha uma tonalidade não muito clara, mas com renda, é uma sugestão. A renda é um traço de romantismo sim mas transmite sensualidade ao deixar a pele a mostra. Fica a dica!!!
Estilo Clássico ou Tradicional: Cores claras e neutras são as preferidas deste estilo para o uso da lingerie. Quanto mais tradicional, melhor. Mas não é aquela calcinha ou sutiã com cortes grandes não…. São peças que comunicam tradicionalismo pelo corte reto, confortável e com refinamento; um detalhe pequeno, como um pequeno cristal Swarovski no sutiã, por exemplo. São lingeries modernas, porém sem muita informação de estampa, de cor e nem de mistura de tecidos.
Estilo Natural Esportivo: A funcionalidade da lingerie é o que representa este estilo. Praticidade de ter sempre a mão peças básicas, leves e casuais. Não confunda este estilo com peças para a prática de esportes. Possui semelhança no quesito conforto, mas a lingerie para a prática de exercícios nem sempre é a mesma que representa o estilo natural esportivo. Para a atividade física muda o tipo de tecido da lingerie, tecido este apropriado para manter a circulação sanguínea – o tecido emana – e a peça de baixo do natural esportivo é caracterizada por tecidos que não causam incômodos, como algodão e microfibra, que são macias ao toque, duráveis e absorvem a umidade do corpo durante o dia.
Estilo Dramático: Sabe aquela peça super inusitada, diferentona? Pois é… É a lingerie que sai totalmente do convencional. Ela traduz visualmente um choque, mas não aquele impacto desagradável; é bonito de se ver, de se admirar. Mulheres no perfil do estilo dramático comunicam looks fortes e ousados na modelagem e com a lingerie não é diferente. Usam cores impactantes com alto contraste e se impõem pela ousadia e modernidade futurista. Não tem uma cor específica para a lingerie deste estilo, mas a modelagem estruturada é uma característica. Um exemplo: top com recortes e costuras aparentes é um tipo de sutiã que este público gosta de tocar seu corpo e transmitir inovação.
Não se pode negar que o CONFORTO é o primordial para a lingerie de qualquer estilo. Para cada mulher representada nestes estilos descritos tem-se que considerar as características determinantes de quem é quem. Não existe uma lingerie específica só do estilo X ou do estilo Y. Sim!!! É de se confundir mesmo!!! O estilo não é filho único. Uma hora o estilo predominante é um e num outro contexto da vida o estilo predominante é outro. São fases.
Fica a minha dica: Analise com cuidado o que comprar para estar alinhando a lingerie ao lifestyle, ao biotipo, ao bolso, ao autocuidado com peças de qualidade (que não é sinônimo de peças caras) para a saúde íntima e, principalmente, a feminilidade interligada ao gosto pessoal.
Por Aletta Barreto
Tecnóloga em Designer de Moda, Consultora de Estilo, Imagem e Lingerie, Pós Graduada em Gestão de Pessoas @aletta_barretto_