Quando o assunto é o aborto tudo fica mais complexo. Para ilustrar melhor o tema é preciso buscarmos na história argumentos propensos a nos ajudar a entender. Segundo escritos filosóficos, Aristóteles desenvolveu uma teoria denominada Hilemorfismo ou hilomorfismo, sendo a qual todos os seres corpóreos são compostos por matéria e forma, ou seja, Matéria=Potência, Forma=Ato. Se faz necessário não confundir forma com formato. Forma seria mais como uma essência do ser e que, sem ela, o ser deixaria de ser o que é. A forma é o que faz possível a diferenciação e podem ser feitos da mesma matéria, porém, são coisas diferentes. Portanto, a forma é o ser em ato. A matéria é o que tem a potência de se tornar em ato. Quando falamos de aborto a primeira ideia que surge é, vida! Popularmente são sistemas abertos compostos de células com certo ciclo de vida que sofrem metabolismo, podem crescer (se permitirem) se adaptar ao ambiente, responder à estímulos, reproduzir (alguns irresponsáveis fazem muito bem esse papel) e evoluir (outros preferem regredir). Num mundo marcado pelo materialismo, pelo egoísmo, pela destruição da instituição família, pela busca desenfreada pelo prazer não poderia ser diferente, segundo pois, a vida perdeu o seu valor. “Somos donos dos nossos narizes, mas não nos responsabilizamos por nossos erros”.
Quanta narrativa repousa sobre o tema, porém, a realidade é voraz e não perdoa nem mesmo um indefeso inocente. Destarte, a independência da mulher foi uma grande conquista humanitária, entretanto, longe de qualquer tipo de preconceito da minha parte, a saída dessa mesma mulher, hoje, independente, autossuficiente, capaz, qualificada e vitoriosa profissionalmente, deixaram ao longo do tempo feridas abertas difíceis de cicatrizar. Nós, com idade um pouco mais adiantada, fomos forjados nos moldes em que a mãe era a figura angelical e acolhedora, de cuja responsabilidade era cuidar e educar os filhos enquanto o pai trabalhava para sustentar o lar. É bem verdade que o sistema capitalista criou gargalos econômicos que proporcionaram na complementação de renda a saída da mulher em busca da emancipação social e econômica. Repise, a independência da mulher foi realmente incrível. Com efeito, essa saída do lar trouxe consequências desastrosas à instituição família. Vamos ilustrar. Porquanto falamos de nascimento, logo somos lançados à ideia de gravidez e, consequentemente, filhos.
A figura materna nos ajuda a enxergar qual é a verdadeira vocação e a realização da figura denominada, mãe. A mutação da sociedade, atrelada a outras mudanças quanto a gênero trouxeram consequências a um grupo de mulheres pois hoje em dia, muitas mães se tornaram depressivas porque se fecharam à vida e, portanto, não querem ter filhos. Outras têm filhos, mas não querem cuidar deles e educá-los, transferindo suas obrigações aos avós, babás, empregadas, aos professores e até aos catequistas. Toda essa pavimentação para proporcionar mais tempo para cuidar de suas coisas, ter um trabalho, amizades e “curtir a vida” como se fossem pessoas livres e desimpedidas. Por via de consequência, quanto mais se entregam a esse estilo de vida, mais ficam depressivas, materialistas e infelizes, potencializando muitas vezes por desestruturar a família e consequentemente causar desentendimentos, brigas e até o divórcio.
Sob minha ótica, ser mãe é, antes de tudo, uma dádiva, é vocação sacerdotal na qual há uma consagração, uma entrega amorosa de toda a vida. A maternidade é um sacrifício de toda a vida, por amor ao esposo e aos filhos. A religião faz muita falta nesse momento. A título de exemplo, podemos trazer a discussão sobre a figura materna através de Nossa Senhora que é o oposto desse modelo de mulher e de mãe que hoje é imposto pela sociedade, pela televisão e pelas mídias sociais. Ao olharmos para a figura materna de Maria, temos como que um antídoto contra o veneno que está sendo inoculado em nossa sociedade. Toda mulher, especialmente aquela que é mãe, é chamada a ser dom de si mesma para os outros, a fim de realizar-se como filha de Deus. Nesse sentido, Nossa Senhora é o maior exemplo e referência sobre maternidade porque não somente ela nos deixa o exemplo de dedicação em encaminhar seus filhos para a eternidade, mas também nos acompanha com seu olhar materno para que não nos percamos no caminho. Como deter a dádiva em gerar um ser no seu ventre materno e desejar expulsá-lo de maneira traumática e indefensável.
De autor desconhecido: “Ser mãe é carregar no corpo o dom da criação, a dádiva da vida, e no coração um amor que não conhece limites pela vida toda. Ser mãe é chamar para si a maior e mais divina das responsabilidades. É ter no colo o poder de acalmar, no sorriso o poder de confortar. Ser mãe é ser estabilidade e fortaleza, mesmo na incerteza, mesmo no sofrimento. Ser mãe é tudo isso e muito mais, mas acima de tudo é ter a capacidade de amar incondicionalmente os seus filhos!” Segundo a fé cristã, pode-se afirmar que o aborto é um pecado passível de punição, porque revela a intenção de ocultar a fornicação e o adultério. Para Santo Agostinho, o problema do aborto é que, tal como o controle da natalidade, ele destrói a conexão necessária entre o ato conjugal e a procriação. Não se trata de um homicídio, mas de um pecado sexual. Essas definições retratam o conceito moral e religioso, porém o conceito de vida atual é artificial e podemos definir como uma simulação de computador em que a qualquer momento podemos deletar ou formatar à nossa maneira.
O Aborto ainda que durante a recente descoberta da gravidez não gera razão para decretar a morte, ou seja, é determinar sumariamente sem qualquer direito de defesa o término permanente de todos os processos biológicos que sustentam um organismo e, como tal, é o fim de sua vida. Segundo os ensinamentos de São Tomás de Aquino admitia um desenvolvimento progressivo do embrião através de etapas sucessivas. Primeiro, a vida é informada por uma alma vegetativa, “quando o embrião vive como uma planta”; depois, esta “decai e surge uma alma mais perfeita, que é, ao mesmo tempo, vegetativa e sensitiva, quando o embrião vive uma vida animal”. Só então, o embrião recebe uma alma propriamente humana, racional e se torna um ser humano. Essa teoria filosófica de Tomás de Aquino, nomeada hilomorfismo, propõe que “a alma é a forma substancial do corpo, mas uma forma substancial só pode estar presente em uma matéria capaz de recebê-la. Em busca desse direito em poder realizar o aborto, algumas mulheres saíram a campo para obter o feito. Em meio a inúmeras notícias veiculadas, o conceito pela busca do “direito ao aborto” bem distinto aos permitidos por lei (em caso de estupro ou quando a gestação causar iminente perigo de morte à gestante) sob o argumento: “meu corpo, meus direitos”.
Aqui saio a campo para defender o nascituro pois diversamente aos casos de aborto permitidos por lei, reverbero a pergunta que talvez, muitos façam. Não seria mais fácil e eficaz adotar os vários métodos de prevenção à gravidez indesejada? Faço constar no bojo desse texto alguns métodos capazes de evitar uma gravidez indesejada, são eles: Pílula anticoncepcional, Implante anticoncepcional, DIU hormonal, Adesivo anticoncepcional, Anel vaginal, Anticoncepcional injetável, Preservativos, DIU de cobre, Diafragma vaginal, Laqueadura e vasectomia. O que falta não são meios ou direitos, em verdade falta caráter e responsabilidade. Ato sexual não gera apenas prazer, também gera consequências das quais pode-se evitar por vários métodos. O assunto é polêmico, mas auto explicável e para evitar esse denodo não precisamos cruzar os braços, bastam as pernas.