Você já foi vítima de bullying ou cyberbullying?

Por Odamir Meira Jr.

O bullying e o cyberbullying são temas muito discutidos hoje em dia devido aos seus efeitos graves, especialmente em crianças e adolescentes. Este artigo analisa causas e consequências desses comportamentos, assim como suas repercussões emocionais. Além disso, apresenta estratégias de proteção e formas eficazes de lidar com essas situações, incluindo uma avaliação psicológica do agressor e da vítima.

Causas do bullying e do cyberbullying

O bullying, definido por ações intencionais e recorrentes com o intuito de constranger, ameaçar ou marginalizar, pode surgir de diferentes fontes.

Aspectos familiares: contextos familiares problemáticos, ausência de carinho ou monitoramento, além de um ambiente de hostilidade nas interações sociais podem impactar o comportamento do agressor.

Ambientes escolares: a competição intensa, a ausência de ação por parte dos professores e uma cultura de aceitação podem facilitar a ocorrência de bullying.

Fatores culturais e sociais: padrões sociais que exaltam a hierarquia, a autoridade e a opressão podem validar atitudes agressivas.

O cyberbullying, por sua natureza, está associado ao crescimento da tecnologia, à facilidade de se manter anônimo e à ausência de uma regulamentação eficaz no uso das redes sociais. Esse fenômeno possibilita que o agressor amplie seu impacto e aumente os ataques sem precisar estar presente fisicamente.

Consequências e impactos emocionais na vida

Para a vítima:

  • Saúde mental: problemas como depressão, ansiedade, baixa autoestima e maior propensão a pensamentos suicidas são comuns.
  • Rendimento acadêmico e social: redução no desempenho escolar, isolamento social e dificuldade em construir relações saudáveis.
  • Condições físicas: insônia, dores psicossomáticas e dificuldades digestivas.

Para o agressor:

  • Reforço de comportamentos disfuncionais: a continuidade de atitudes agressivas pode prejudicar a habilidade de estabelecer relações fundamentadas no respeito.
  • Questões jurídicas e sociais: em situações extremas, a conduta do agressor pode resultar em penalidades legais ou exclusão social.
  • Repercussões psicológicas: mesmo aparentando superioridade, o agressor pode experimentar sentimento de culpa, insegurança e falta de empatia.

Uma reflexão tanto para o agressor como para a vítima

O agressor:

Geralmente, o agressor exibe sinais de insegurança, autoestima reduzida e problemas para controlar suas emoções. Com frequência, ele repete comportamentos adquiridos em casa ou em contextos sociais, procurando poder e controle como meios de compensar emocionalmente suas próprias vulnerabilidades.

A vítima:

As vítimas geralmente possuem traços que as deixam mais suscetíveis, como timidez, dificuldade em se defender ou situações de exclusão prévias. A vítima pode assimilar as agressões, formando convicções prejudiciais sobre si mesma, como “não sou adequada” ou “sempre serei rejeitada”.

Como lidar com o bullying e o cyberbullying

Para a pessoa afetada:

É importante pensar e entender que as consequências do bullying e do cyberbullying afetam as pessoas com baixa autoestima, dificuldade de se relacionar com outros, desconfiança, isolamento em relação ao mundo, transtorno de pânico, depressão, transtorno de ansiedade, baixo rendimento acadêmico, causas frequentes de evasão escolar, suicídio.

Dessa forma, é importante, como forma de tratamento, aprimorar competências sociais e assertividade: Incentivar a manifestação de emoções e a habilidade de se posicionar de forma contundente e respeitosa.

Reforçar redes de suporte: contatar amigos, parentes e especialistas em saúde mental para obter apoio.

Descrever as circunstâncias: comunicar o que aconteceu a docentes, administradores escolares ou plataformas digitais, assegurando a ação necessária.

Para educadores e familiares:

Incentivar a empatia: instruir crianças e jovens a se colocarem na posição do outro pode evitar atitudes agressivas.

Acompanhar o uso de tecnologia: definir limites e controlar o tempo gasto na tela.

Ação imediata: detectar indícios de bullying e reagir de imediato.

O que pensar sobre o agressor: existe tratamento nestas condições?

Reorganização cognitiva: detectar e alterar padrões de raciocínio que justificam a agressão.

Formação em competências sociais: adquirir métodos saudáveis de interação e resolução de conflitos.

Assistência psicológica: estimular a reflexão acerca das repercussões de suas ações e fomentar o desenvolvimento da empatia.

Enfim, vamos refletir

As ações conjuntas da sociedade para combater o bullying e o cyberbullying requerem educação, apoio emocional e intervenções terapêuticas. É crucial lidar com esses fenômenos para fomentar ambientes mais seguros e acolhedores, possibilitando que as pessoas cresçam e se desenvolvam de forma saudável.

A vítima de qualquer agressão nunca é culpada por seu sofrimento. No entanto, tendo em vista a existência do cyberbullying, algumas ações e precauções podem proteger você, para que não seja afetado por tal prática.

Aos pais resta ficar atentos aos comportamentos dos filhos. Basta refletirmos sobre o momento que atravessamos em nossa sociedade. Muito se fala hoje em discurso de ódio nas plataformas digitais, porque estamos longe de pensar que, um dia, em algum lugar do passado, as nossas infâncias eram de fato para brincar e interagir com o próximo, trocar brinquedos ou figurinhas, jogar bola ou correr, assistir ao programa favorito, rir, rir muito. Nossos brinquedos viraram celulares, internet, comunicação. Podemos estar carregando nossos agressores para todos os lugares. Vivemos o momento der ter, sobrepondo a razão de “ser”.

Qual é o remédio para isso?

Deixamos de ser quem somos, construímos um mundo onde as pessoas são agentes de transformação, de valores, que inclui perceber o nosso próximo com mais empatia, ou simplesmente passamos por cima disso tudo em nome dos tempos atuais, sem perceber que o nosso comportamento pode fazer parte decisivamente dos sintomas, e as consequência das psicopatologias dos outros?

Cabe aqui uma reflexão: se você neste momento parar e pensar no que queremos para este mundo em que vivemos, a partir de nossas relações mais próximas, podemos a partir de hoje começar um movimento de um mundo melhor. O que você acha? Podemos ou não construir um mundo melhor?

** Este texto não necessariamente reflete, a opinião deste portal de noticias