É constante a sensação trazida pelo inconsciente coletivo sobre a grama dos outros ser sempre mais verde que nossa própria grama. Mas será que temos a noção do impacto dessa energia em nossa vida? o quanto essa força coletiva pode nos levar ao distanciamento do que importa realmente a cada um de nós?
Partindo da constatação dessa premissa limitadora e inconsciente pergunto a você querido leitor o que dói mais, ficar o tempo todo se frustrando pela ideia de felicidade que o outro demonstra que alcançou ou pensar que você não sabe como pode alcançar ?
Por analogia gosto de pensar que estamos vivendo em uma espécie de zoológico às avessas. Vale citar que eu que já fui grande apreciadora desse tipo de passeio, a alguns anos me sinto desconfortável em pensar que momentos de lazer familiar dependem da liberdade de animais, então deixei de ir. E penso que tomada dessa sensação de desconforto é que venho trazer a analogia proposta sobre nossa realidade social.
Se pensarmos que vivemos em uma espécie de jaula, sócio-emocional, onde nos é ditado o que é correto ou aceitável comer, vestir, sentir, experienciar e pensar podemos perfeitamente ser comparados aos pobres animais de zoo, que são furtados de sua essência em nome de serem observados e admirados. A grande diferença entre nós e eles porém é que nós escolhemos essas jaulas permanentes.
Sermos controlados, guiados, lidos, monitorados nos faz ter a sensação medrosa de iminência de não pertencimento e assim, vamos a cada minuto, hora e dia nos distanciando cada vez mais de nossos prazeres, amores, dores e propósitos individuais para vivermos mergulhados e absortos pelo inconsciente coletivo que nos domina e nos distancia de nossa divindade.
Em destaque ficam o medo e insegurança de não ser tão bom ou perfeito quanto nos é cobrado ou imposto, vergonha e uma eterna sensação de fracasso.
Se você pensar que os pobres animais do zoo, dentro de seus aprisionamentos involuntários devem desenvolver os mesmos tipos de sentimentos que estes, ao menos em sua raiz inicial é fácil perceber o poder devastador disso.
Quando nos colocamos ou aceitamos ser colocados nessas jaulas sócio-emocionais sem nos permitir sair delas nem por um instante em nosso dia a dia, vamos nos dissociando vagarosa e diariamente de nossa essência, que é onde vive nossa grandeza e sabedoria.
Individuar é preciso, amar é preciso, sofrer é preciso e crescer é necessário e todas essas coisas devem ser feitas e conquistadas a partir de uma ação individual de internalização para que se promova a expansão de cada ser.
Tornou-se tão consumitivamente essencial nos guiar e pertencer ao coletivo de forma integral que perdeu-se o caminho inverso, o da individuação, o que torna a sociedade cada vez mais não empática, antipática, doente e fóbica.
Porque quando nos distanciamos da grandeza do que é ser cada um de nós na individualidade para sermos uma massa disforme do todo apenas, perde-se a essência. E é na essência de cada um que a mágica da vida acontece. É onde acontecem as diferenças, os convites, as respostas o desenvolver individual e coletivo de uma sociedade saudável.
Gosto muito de uma frase de Madre Teresa de Calcutá que diz: “ Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota “
Sejamos não como animais de zoo, aguardando para sermos vistos, admirados cuja existência não passa de uma vitrine fria e triste de nós mesmos.
Sejamos gotas no mar da vida, onde cada um traz seu todo, para unir-se ao todo de todos os outros e assim crescer em tamanho e importância e criar vida a partir da integralidade individual uma grande coletividade que aceita e cresce, não precisando massificar, enjaular, aglutinar e deformar para sobreviver. (Erika Nechar – Criadora do Método CAP de Comunicação Assertiva ) 11/01/2023